segunda-feira, 23 de novembro de 2009

História de Vida

Sou uma pessoa de maneiras simples, com forma simples no falar e no escrever. Mas aprendi a duras penas que ser humilde não é sinônimo de fraqueza ou desanimo. E mesmo não entendendo nada de computador resolvi escrever para que com meu relato possa colaborar com alguém. Foram mais ou menos vinte e oito anos atrás que me casei. Filha de pais severos, sem muitas condições de crescer profissionalmente, pois não me era permitido nem estudar, sai de casa contrariando á vontade deles. E foi o começo de um pesadelo que duraram 15 anos, embora aqui não possa ser relatado em por menores todo o meu sofrimento, mas posso dizer que em minha época não havia amparo da lei da Maria da Penha, que protege e defende a mulher e os seus direitos. Sem ajuda de família, sem ter apoio de ninguém, pensava em ter uma solução tentando salvar meu casamento, achava que mudaria meu marido, mas estava errada. Veio então meu primeiro filho, cinco anos depois o segundo e tudo só se agravava, entre tantas coisas que passei a maior era a humilhação, o constrangimento diante de uma sociedade que só cobrava e nada fazia. Apanhei muito, fui queimada de cigarro, estuprada. Passei frias noites em claro em que achava que valia a pena lutar por meus filhos, pensava que se o deixassem meus filhos passariam fome, que engano o meu, a maior miséria eles já viviam que era a falta de respeito, amor e paz. Demorei muito para abrir os olhos e enxergar que a realidade lá fora não seria tão dura quanto a que eu vivia com aquele homem, trancada a chave com medo até de dormir. A doença já se instalava e junto com as dores do corpo vinham ás da alma essas quase sempre ás piores. Chorava constantemente, minha saúde era pouco e cheguei a ter trinta e oito quilos, desejei morrer, pensei muitos dias não resistir a tanto sofrimento. Um dia ele tentou matar meu filho e então acordei para á vida peguei meus filhos e fugi, procurei a policia e o denunciei, fiquei escondida em casa de um parente, foi muito difícil no inicio sem trabalho, meu filho menor com apenas dois anos e quase sem nenhuma ajuda. Mas Deus em sua misericórdia nunca dá a carga maior que possamos carregar, eu consegui uma casinha emprestada, fiz faxinas e depois consegui na justiça o direito dos meus filhos e fui à luta. Hoje passados quase 16 anos de minha separação, meus filhos casados, outros já criados, vi que nunca devemos desanimar e que embora a luta possa ser árdua tenha a certeza que poderemos sempre vencer. Jussara Rocha Souza