quinta-feira, 30 de maio de 2019

Estou com sintomas de saudade



Ontem você se despediu,
Mandou uma mensagem que falava de juventude, lembrou de velhos momentos, parecia querer parar o tempo.
E em tuas palavras nos encontramos, pedalando pelas ruas sorrindo, trocando olhares furtivos.
Aquele beijo escondido, o lábio mordido, ainda o gosto tenho sentido, das conversas jogadas fora, de querer parar a vida agora, só pra nós dois, sem mais nada, sem depois.
Então a música tocou e o meu corpo ao teu colou, ainda sinto tua respiração, as batidas do coração, o arrepiou na nuca, o rosto corado de desejo.
"Pra você eu guardei"...
De repente você foi sumindo e na porta de minhas lembranças te vi saindo, você me olhava daquele jeito apaixonado e pela vidraça do tempo dos meus olhos foi se esvaindo.
Voltei a mensagem, e entre lágrimas brotou um sorriso, nos despedimos a tantos anos e você continua me encantando.
Abro os olhos e estou sozinha, aperta a saudade e uma lágrima muda se aproxima, mas grata de nos sonhos ser ainda tua menina.

terça-feira, 28 de maio de 2019

Onde foi que te perdi



Será que foi ignorância, o correr do dia a dia, pressão ou foi falta de amor no coração,
Só sei que me perdi...
Caminho pelas ruas, os postes com suas luzes amarelas são meu únicos guias.
O nevoeiro esconde a cidade e eu me escondo de todos atrás dele.
Queria poder dissipar minha dor no amanhecer assim como a névoa que se dissipa com o aparecer do sol.
O frio corta meus lábios, o sangue quente me trás a realidade, um arrepio percorre meu corpo e diz que ainda estou vivo.
Até que ponto o ser humano aguenta o sofrimento, até que momento conseguiu ser forte, iludiu a dor e fugiu do seu medo interior.
Quantos de mim vagam por esta cidade a procura de si mesmos, a procura de felicidade.
Quantos estão por trás de portas fechadas achando que assim podem fechar suas consciência, esconder de si próprio o que fez por maledicência.
A madrugada se aproxima é hora de voltar, lá no horizonte o sol tímido ameaça raiar.
O tempo não volta atrás, a dor cura mas deixa suas marcas, olho a meu redor, corpos sem nome ou endereço se amontoam em um abraço mortal, tentando fugir cada um de seu mau.
A noite pela cidade esconde muitos segredos, mistérios e dores escondidas pela névoa e escuridão.
Tenho vindo aqui para te procurar, me pergunto onde te perdi, quem sabe na dor no outro consigo te encontrar.

domingo, 26 de maio de 2019

Guarda chuvas coloridos para dias cinzas




Molhei minha alma com pingos de dor e aprendi a ver sóis em dias escuros.
O  nublado só meu trouxe incentivo, não quero uma vida cinza, triste, sombria.
Quero amor, paz e alegria, e  isto não se ganha de mão beijada, se constrói ao longo da estrada.
Quero o caminhar descalço, sentir a grama molhada e nela sentir o cheiro de alma renovada.
Plantar um jardim de flores coloridas e com elas celebrar cada ferida cicatrizada, versejar sem me prender a rimas, pois é o coração que dita o verso a cada sua batida.
Não prometo sorrisos todos os dias, mas prometo uma alma liberta, aberta a novos horizontes.
Deixar fluir a vida, que não pode ser pesada, pois desde o ventre foi abençoada.
Sei que quando o calçado aperta, fica difícil digerir o sofrimento, mas a dor passa em breve momento, será em tua vida um lapidamento.
O cinza dos dias nublados me fazem plantar sementes fortes para suportar o frio dos invernos.
E quando a tristeza resolve atacar, rego meu jardim interior, com mais e mais amor.
E então abro meu guarda chuva colorido e dou cor a meus dias cinzas.

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Queria poder te ter comigo


Eis que caminho pelas ruas, o vento cortante faz com que me sinta nu.
Vejo prédios abandonados, vejo pessoas abandonadas, animais abandonados,
É tanto abandono, na calçada gelada entre um trago e outro da marvada, homem e cão dividem o mesmo chão de papelão.
Histórias contadas em meio a emoção, penso se real ou ficção, cada um com sua dor, sua decepção.
E eu com meu coração apertado me sinto culpado por ter um teto, por ter reclamado, por ter sido ingrato.
Vidas que se perderam em uma esquina qualquer deste mundo, gente que quer encontrar gente, gente que quer se esconder eternamente, gente que nem sabe que é gente, gente do submundo, imundo, cruel, desumano.
Queria poder te ter comigo, ser teu abrigo, mas tenho medo, somos mesquinhos.
Envergonhado volto para casa me sentindo infeliz, incapaz, impotente, me vejo em meio a uma sociedade doente, de afeto, compaixão.
Todos deveriam ter um teto para lhes abrigar, dobro meus joelhos e a Ele peço
perdão.

terça-feira, 21 de maio de 2019

Agonia

Agonia
Não consigo entender o porque desta agonia,
Logo eu que sempre fui calmaria...
Talvez sejam os tempos modernos,
São tantas gravatas e ternos...
E eu em minha simplicidade,
Na minha ex pacata cidade...
Fechada atrás de grades,
O medo estampado de tamanha maldades...
Preferia as cadeiras na calçada,
A pelada da meninada...
As tais das modernidades,
Até que é bom na verdade...
O homem que se modificou,
Vendeu sua alma ao ladrão e ladrão se tornou também..
E eu fico pensando, aqui com meus botões,
Será que sempre foi assim? Apenas estava escondido atrás de máscaras...
Estes "bondosos" vilões?
Plantei violetas na janela e por detrás destas grades as cultivo com esperança,
De novo cadeiras na calçada, brincadeira da molecada...
Menos ternos e gravatas,
Mais bom dia e boa tarde.

Hoje entendo o porque desta agonia,
Logo eu que sempre fui calmaria.

Faz frio no coração

A noite está fria e ao corpo arrepia, o outono se esvaindo é mais um inverno surgindo.
Lá fora os passos na calçada fazem a trilha sonora desta melodia inacabada.
O poeta entristeceu e de saudade rasgou os versos que o amor a sua alma desenhou.
O corpo franzino, encurvado já não lembra o menino, acende o fogão, esquenta ao fogo suas mãos, uma chama ilumina a seu olhar que se apaga rapidamente e ao nada volta a mirar.
É mais uma estação, somente mais uma estação...
Os passos na calçada voltam a entoar a repetida canção,
Pobre poeta em que composição ficou perdido seu coração.

sexta-feira, 17 de maio de 2019

E lá vem você outra vez

E lá vem você outra vez
Enfim chegou o outono e com ele a vontade de deixar cair minhas folhas amarelas e me deixar florescer.
O outono é melancólico, aflora a saudade e pede para o amor reviver.
Mas luto contra este sentimento, não quero lembranças, quero novos amores, novas tendências. Quero sentir as pernas tremer e o coração disparar, voltar a respirar paixão e de amor transpirar de emoção.
Chega de velhas fotografias,  quinquilharias, estas que não consigo me desfazer, enfim chegou o outono e eu não consigo te esquecer.
Abro a janela, respiro o ar da manhã, tem cheiro de você, aliás tudo cheira a você,
o outono tem seu perfume, quem sabe no próximo outono eu consiga te esquecer.

terça-feira, 14 de maio de 2019

Não fui eu que roubei teu lar



O dia vestiu-se de cinza,
Quis ele que suas dores fossem levadas pela chuva que caía,
O vento impiedoso sopra uma canção de dor e saudade...
E então o horizonte se cobre de negro e em toda sua fúria craveja pedras por toda cidade,
O homem olha ao céu e não consegue entender o porquê de tanta revolta,
Cheio de dor chora, berra, implora....
Esbraveja ao ver destruída toda uma vida - Não me peçam sentimentos ou nobreza, não há piedade, não me venham falar em religiões ou orações.
Então a chuva veio em sua defesa e ao desolado homem perguntou?
- Achas justo quando tuas máquinas entram em nossas matas e destroem
a natureza?
Passando por cima de nossos animais, transformando em cimento florestas inteiras?  Quando por ganância agem com ignorância sem se importar com a dor alheia?
Dejetos, móveis, esgoto descendo no rio, matando cardumes, contaminam água, a terra, agrotóxico, prédios, construções, uma desabalada corrida rumo as destruições.
Você culpa a natureza, é dela que vem o teu alimento, o ar que respiras e até do que teus olhos desfrutam diante de tanta beleza,
Compreendo teu sofrimento e a ele não sou indiferente, como meu nome já diz, sou natural e o material só pode ser como complemento, nunca como alimento.
A mim não tens como me deter, mas ainda há tempo, se fizer da natureza teu aliado e não teu tormento.
A chuva se retira, envergonhado o homem começa juntar o que sobrou, uma andorinha pousa nos destroços, desolado ele olha o pássaro e pensa _Quem foi que a nosso lar roubou?

Algemas nunca mais

Hoje 13 de maio, dia da libertação dos escravos
Assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel.

Página vergonhosa da  história da humanidade, a escravidão.

Escravidão nunca mais, não deixe que nada e nem ninguém lhe faça escravo.
A pior das escravidão é da alma, dos pensamentos algemados a condições impostas ao ser,  liberte-se!

Eu embalava meus filhos cantando esta canção e ela me doía no coração, hoje trago dentro de mim este mesmo sentimento, como o ser humano pode escravizar a outro ser humano por causa da cor da pele?os tempos são outros, mas será que os pensamentos sobre o outro mudaram?
Fica minha reflexão.

"Pele encarquilhada carapinha branca
Gandôla de renda caindo na anca
Embalando o berço do filho do sinhô
Que há pouco tempo a sinhá ganhou

Era assim que Mãe Preta fazia
criava todo o branco com muita alegria
Porém lá na sanzala o seu pretinho apanhava
Mãe Preta mais uma lágrima enxugava

Mãe Preta, Mãe Preta"

terça-feira, 7 de maio de 2019

A janela do tempo



E a vida foi passando,
Por detrás da janela do tempo...
Trabalho, família,
O corpo cansando,
E a vida foi passando...
Por detrás da janela do tempo,
Fez o que achou que devia, fez por amor...
Nunca reclamou, nem mesmo diante de tanta dor,
E a vida foi passando,
Por detrás da janela do tempo...
Os filhos crescendo, netos chegando
Hoje os passos cansados,
A visão já turvada...
Continua vendo a vida passar,
Sentada em uma cadeira...
Em sua solidão,
Através da janela do tempo.

Nota do autor: Independente do que você tiver que fazer, viva, o tempo é implacável e nele não se volta atrás.
Jussara Rocha Souza

sábado, 4 de maio de 2019

A arte de colocar amor na dor



Neste meu universo,
De poemetos e versos...
Queria falar só de flores,
De aromas e sabores...

Mas em um mundo feroz,
Em que humano é seu próprio algoz..
Preciso falar de dores,
Da vida, seus dissabores..

Onde o temido no momento,
É o medo de ter medo...
Da ansiedade que mata,
Corrói e maltrata...

O mundo se dissolvendo,
O suicídio crescendo...
Não posso mais calar,
Preciso me posicionar..

A realidade nua e crua,

De opressores e oprimidos...
O alimento vem em comprimidos,
Pílulas de alívio, momentâneos...
 Enriquecem médico e laboratórios,
Ao paciente levam ao necrotério...

Queria falar de flores,
De aromas e cores...
Mas estou de luto,
Por todos que sofrem..
Das dores da alma,
Que a ele foi imputo...

Preciso e posso,
Com poesia ajudar...
Vem, me dê a mão,
Juntos o mundo pode ser nosso...
Colocando aroma e sabores,
Através da arte, fazer arte de curar...
Plantar sementes novas,
Deixar florescer aromas e cores.

Vamos colocar amor na dor!

Nota do autor: Eu como poeta e ser humano preocupado com meu semelhante, tenho me sentido por vezes impotente ao ver tantas vidas se desfazendo pelas doenças da alma.
Sejamos mais amigos, compreensivos, a morte nunca é bonita mesmo em poesia,
a realidade destas doenças é cruel, desumana e mata, e ainda há os que se usam delas para tirar proveito.
Jussara Rocha Souza