terça-feira, 30 de março de 2021

Poema da desesperança






Eu tão cheia de vida,

Morri sem ter vivido...

Os problemas foram vindo e a vida passou despercebida,

O mundo me empurrando...

A ponta pés fui caminhando,

A vida pedia...

Doída,

Sofrida...

O trabalho,

A família...

 Assim fui vivendo,

Assim vive muitos...

Dormindo de cansaço,

Acordando por obrigação...

Parece um poema de desesperança,

Mas é a vida de muitos nesta nação...

Nasce chorando,

Com dó de vir a este mundo cão...

Mamando em seios murchos,

Contempla os olhos de uma mulher que já nem sabe que é .

 


Jussara Rocha Souza

sexta-feira, 26 de março de 2021

Ainda há tempo

 



Abro as janelas da alma

E exalo de meu jardim interior

O perfume de jasmim

E então deixo te sentir em mim

Ah! Estes frascos escondidos

Quantas fragrâncias perfumaram meus dias 

Quantas noites insones

De desejos arrebatados em lençóis 

De soslaio espio o jardim

São flores fora de estação 

Com fragrâncias de emoção 

Amarelas caem ao vento

Sorrio 

Ainda há tempo...


Jussara Rocha Souza

sexta-feira, 19 de março de 2021

Outono no coração

 



Novamente você chegou...

E as lembranças vem carregar o coração de saudade,

Todos outonos são assim...

Carregados de efemeridade,

Das mãos dadas na calçada...

O amor em noites estreladas,

A cumplicidade no olhar...

E o desejo louco de amar,

Você partiu em uma noite de inverno...

Deixando comigo o gosto amargo da despedida,

Ficou o porta retrato...

E uma lágrima caída,

Recordação de um dia de outono...

Quando jurei te amar por toda vida!


Jussara Rocha Souza

quinta-feira, 18 de março de 2021

Tudo de mim

 



Na cômoda da vida...

Guardei esperanças perdidas,

Havia gavetas de amores...

Com beijos de todos sabores,

Havia também gavetas de saudade...

Que guardavam felicidades,

Haviam tantas gavetas...

Mas todas com suas identidades,

Mas de uma não abro mão...

É a gaveta de meu coração,

Lá estão todos meus tesouros...

Família, amigos e vertedouros,

Não desaguam ouro...

Vertem sentimentos raros,

Hoje uma gaveta se abriu...

E dela você escapuliu,

Foi buscar liberdade...

Nos braços da felicidade.


Jussara Rocha Souza 


Nota: (Foto da cômoda de meu quarto com moldura vazia de pássaros e borboletas de dobradura feitos por mim.)

quarta-feira, 10 de março de 2021

Poesia sem cor

 



Senhor dai-me bons sentimentos,

Pois o coração está endurecido, feito cimento...

Como do mal te preservar,

Me mostra o que é amar...

Está tudo muito feio,

E pelo bem anseio...

Mas o mundo está cinza,

Ficou de tudo ranzinza...

A poesia,

Dantes falava de alegria...

Hoje só fala de tragédia,

Onde buscar  inspiração...

Com tanta dor no coração,

Por tanta falta de amor...

A poesia perdeu a cor.


Jussara Rocha Souza

Pandemia

 



A Deus peço firmeza..

Para lidar com tanta tristeza,

Meus amigos estão morrendo...

A vida se desfazendo,

Quanta impotência...

Manchada de sangue a inocência,

Crianças gemem em solidão...

Vendo seus pais em um caixão,

Estamos órfãos...

De pais,

Filhos...

Irmãos,

Morre todos dias a nossa nação. 

Jussara Rocha Souza 


A Deus peço firmeza..

Para lidar com tanta tristeza,

Meus amigos estão morrendo...

A vida se desfazendo,

Quanta impotência...

Manchada de sangue a inocência,

Crianças gemem em solidão...

Vendo seus pais em um caixão,

Estamos órfãos...

De pais,

Filhos...

Irmãos,

Morre todos dias a nossa nação. 

Jussara Rocha Souza

domingo, 7 de março de 2021

Todas mulheres que habitam em mim saúdam todas mulheres do mundo




Minha sina é ser Mulher, porque aqui ninguém mete a colher...

Já fui lavadeira, passadeira, faxineira e até parteira,

E tudo isto não me tirou a alegria de ser faceira...

Conheci a fundo a miséria, a dor da violência, 

Mas nunca perdi a essência...

Já fui pedreiro, marceneiro, eletricista,

Em tudo fui artista...

Se minha sina é ser Mulher,

Sou com muito gosto...

Me vejo em todas minhas companheiras,

Mulheres de todos sexos...

De todas bandeiras,

Mulheres de todas profissões...

Mulheres de todas missões,

Mulheres de saltos...

Mulheres de pés descalços,

Mulheres de todas as fé...

Mulheres mães,

Mulheres pais...

Mulheres de todas as sinas,

Que em mim habitam...

Musa de Djavan,

Princesa de muitos sonhos...

Dos versos que aqui componho,

Mulher, única, Mulheres...

Que me edificam,

E a mim ensinam...

Me identifico,

Se isto chamam de sina,

Eu chamo de vida...


Jussara Rocha Souza

segunda-feira, 1 de março de 2021


 O sorriso da morte


No criado mudo, biscoitos de gergelim repousam ao lado do chá de jasmim.

No corredor, porta retratos no aparador, testemunharam a cena de amor. 

Na ante sala pássaros fazem alarido sobre os vidros. De repente, um estampido!!!!

Corpos caídos...

Descontrolado, sai à rua o marido traído. 

Uma freada brusca...

Gargalhando, a morte se rebusca!


Jussara Rocha Souza