sexta-feira, 15 de abril de 2022

O banquinho

 Tenho um banquinho em meu jardim, no início era para enfeitar o ambiente. 

Un dia me vi sentada nele a conversar com as borboletas, uns me disseram:_ estás a variar?

E eu plena de alegria, apenas sorria!

Jussara Rocha Souza


Crônica da vida

 Eu mudei muito, estou mais velha( óbvio, o tempo passa para todos), mais chorona e sensível. 

Choro sim, tenho sentimentos e dores que custei uma vida inteira para superar, que tive de esconder para os filhos não me verem triste,  pois tinha que trabalhar, tinha que ser forte.

Eu tive que enfrentar a morte de quem eu mais amava, tive de lutar de frente com ela durante enfermidades que me levaram a meses dentro de hospitais, sobrevivi a fome, chuvas e maus tratos.

Eu sou uma prova viva de superação e hoje eu choro sim, cansei de esconder emoções, só quero paz, descobri que a vida pode ser muito fácil se você estiver disposto a mudar e lutar por si próprio. 

Levei muitos anos para adquirir auto controle e ser o que hoje sou, já fui muito preocupada, excessiva em matéria de limpeza e disciplina, hoje faço de acordo com meu tempo e vontade.

Já criei meus filhos, hoje cada um segue seu rumo, estarei sempre aqui para o que precisarem, mas preciso cuidar de mim e isto inclui meus sentimentos, meus caos internos e deixar fluir novos ares, com menos preocupações e agonias.

Meus cabelos brancos e as minhas rugas nada mais são que o processo natural de envelhecimento do ser humano, mas meu interior é repleto de flores coloridas e viçosas absorvendo o orvalho das madrugadas e abrindo com o calor do sol.

Mudei sim, estou chorona e sensível, sensível a tudo que encantar o meu coração. 

E se a propaganda de margarina me deixar encantada choro sim, porque se você não ajudou a secar meu pranto um dia jamais pode criticar meu pranto de encantamento hoje!


Jussara Rocha Souza


Meu mundo de papel, tintas e pincel



Pico pedaços de papel

Com eles faço um sol

E de quebrada

Construo uma estrada


Nela recorto árvores frondosas 

Verdes e folhosas

Fita azul gorgurão

Desenham nuvens de algodão 


Parece coisa de criança 

Nela teço esperança 

De um mundo colorido

Sem dores e gemidos


Meus pedaços de retalhos

Me levam a atalhos

Com muros de desenhos

Águas e engenhos


Quem me dera

O mundo sendo quimera

Esta utopia

Que da dor me desvia


Agora rasgo pedacinhos 

De papéis azulzinhos

São estrelas

A iluminar minha aquarela


Boa noite pedaços de papel

Amigo fiel

Junto a meus pincéis 

Levou calma

A minha conturbada alma!


Jussara Rocha Souza

domingo, 10 de abril de 2022

Meu pequeno Benjamin




Deixo que a água lave minhas lágrimas 

Nelas carrego a dor do silêncio 

Daquela que fere minhas rimas

Daquele que se cala inocente


Meu medo de te perder

É como o medo da morte

De não poder mais te ver

Deixando-o entregue à própria sorte


Segue teu caminho

Mas não  me deixe sozinho

És tão pequenininho 

Meu solzinho 


Jussara Rocha Souza


segunda-feira, 4 de abril de 2022

O canto triste das gaiolas

 



Não é amor

Então me deixe voar

Quero a liberdade dos pássaros 

Para voar no vento

Cansei desta mesmice

De carinhos programados 

Momentos cronometrados 

Sem naturalidade

Quero o despertar 

Das paixões 

Suspiros apaixonados

Do amor outrora praticado

Preciso

Alçar voos 

Para não desaprender a cantar

A gaiola deixa sequelas

Apaga o encanto do amar 

O canto triste de um pássaro 

É o lamento doído 

Dos amores destruídos 


Jussara Rocha Souza