terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Me fale de flores

 Me fale de flores, cores e amores,

Não me fale de valores ...

Prefiro os espirituais,

Nada de bens materiais...

Destas responsabilidades já me passou o tempo,

Cansei de correr contra o vento...

Hoje descanso sobre aquilo que adquiri...

Direito de me amar, cantar e sorrir,

Vivo com pouco...

Porque o pouco que me sustenta...

É muito para meu viver,

Me fale de livros, músicas e aromas...

Porque destes eu entendo,

Canto dos pássaros,

Perfume das flores...

E histórias que me fazem sonhar...


Senhora Smith


Ninho vazio

 Um dia você acorda e vê que já não é mais tão importante para quem um dia você era indispensável. 

Fica um vazio enorme no peito e você pergunta: onde errei? 

Você não errou, você preparou pessoas para serem adultos e independentes.

O problema é que você se acostumou a cuidar dos outros, nunca parou para se ver, agora os anos passados você se vê e não se reconhece. 

Você viveu a vida dos outros, não se culpe, você foi mãe, foi companheira, amiga, apenas você não lembrou que o tempo passa e que os meninos viram adultos e vão embora, as pessoas morrem, se modificam e buscam outros ares. É normal, mas ninguém te avisou que isto aconteceria com você. 

Este vazio passa e não demora será preenchido com outras buscas e anseios.

Sinta-se feliz você foi muito bom no que se propôs a fazer.


Senhora Smith


Sobre Manaus, sobre nossa nação




Uma poesia nem sempre fala de amor,

A minha fala de dor...

De indignação, 

De respiração...

De caos,

De superfaturação...

Estou furiosa,

E se minhas escritas...

Valerem de alguma coisa,

Que sirva para alertar...

O perigo que corre nossa nação


Uma poesia calada,

Uma lágrima velada...

Um nó na garganta,

De quem foi sufocada...

Quero respirar,

Preciso de ar...

O mundo está calado,

Sufocado foi...

Pela falta de oxigênio,

Vejo valas...

Morte,

Horrenda teu rosto...

Roxo teu corpo,

Me tirem daqui...

Preciso de ar,

Fui enterrado vivo...


Senhora Smith 


Uma poesia nem sempre fala de amor,

A minha fala de dor...

De indignação, 

De respiração...

De caos,

De superfaturação...

Estou furiosa,

E se minhas escritas...

Valerem de alguma coisa,

Que sirva para alertar...

O perigo que corre nossa nação


Uma poesia calada,

Uma lágrima velada...

Um nó na garganta,

De quem foi sufocada...

Quero respirar,

Preciso de ar...

O mundo está calado,

Sufocado foi...

Pela falta de oxigênio,

Vejo valas...

Morte,

Horrenda teu rosto...

Roxo teu corpo,

Me tirem daqui...

Preciso de ar,

Fui enterrado vivo...


Senhora Smith

Tempo

 Tempo


Preciso apressar,

O trem está prestes a chegar...

E tenho tanto a realizar,

Quando jovens debochamos do tempo...

Pegamos ele nos braços,

Hoje pedimos mais um minuto para um abraço...

O senhor tempo não perdoa,

E de meros mortais caçoa...

Amanhã eu vou,

Amanhã eu procuro...

Amanhã quem sabe,

Hoje da janela da vida...

Olho para o passado,

E vejo que nele não posso voltar...

O tempo passou e o amanhã,

Este pode não vir...

E há tanto para fazer,

Não desperdice tempo...

Faz anos que alguém te espera,

Não diga depois...

Ah! Quem me dera!


Senhora Smith


segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Feliz ano novo velho coração de guerra


 Primeira de 2021




Ontem enquanto viajava vi da beira da estrada um chalé bem humilde com luzes bem fracas acesas e a porta aberta.

Já era noite e só a tênue luz iluminava o humilde casebre a beira da estrada.

Ficava no campo e parecia destoar em meio a imensidão de verde a sua volta, pensei: como alguém mora no meio do nada e fiquei me imaginando naquele lugar.

Eu que sou tão urbana, mesmo em sintonia com a natureza mas tão urbana. Da faixa via uma mulher em seus afazeres e me bateu uma vontade de ir lá e conversar, saber o que a levou aquele lugar, como lidava com a solidão e falta de comunicação. 

Então imaginei uma mulher de fibra, desbravadora de sua terra, que ama sua história e dela faz sua felicidade. Preferi assim,  hoje não quero histórias tristes.

Segui a viagem agora com a mente de escritor mais aguçada tentando reescrever a história dos passantes da estrada.

 Logo em seguida me deparo com a casa de pedras, esculpida em meio a uma pedreira, perplexa diante de tanta beleza, me vi encantada. Imaginei seu interior e seus moradores, já iluminei seus salões e te tirei para dançar. 

Casa de pedras irás morar em minha memória, e sabe lá Deus quantas histórias em ti viverei.

Encantada e meio melancólica senti desejo de viver um amor arrebatador da qual imaginei no interior da casa de pedras.

Mas eis que meu caminho ainda não estava completo e a viagem me iria apresentar mais algumas emoções e coração de poeta as vive com intensidade. Logo a seguir uma lebre nos faz uma visita e ainda nos acompanhou em um trajeto ao lado carro, em um dia anterior tinha sido uma borboleta de um laranja tão forte que ofuscava a visão.  

A borboleta voava ao lado do carro e no final do caminho a beira de um arroio, tinha um santuário delas, amarelas, laranjas e eu boba gritava, obrigada meu Deus, obrigada e chorei.

Toda viagem tem percalços, ainda mais com criança e um carro bom de motor mas já velhinho, também tem estradas ruins, acidentes no caminho e cenas bem deprimentes. 

Mas hoje não quero tristezas, enfim parei em um campo de hortênsias, imaginem minha alegria e excitação, não consigo descrever meus sentimentos. Estou em êxtase até agora, você acha pouco? Para mim é o paraíso na terra, amo flores, amo hortênsias, se chegares hoje em minha casa, meus vasos iluminam meus cômodos de hortênsias azuis dando vida e romantismo a meu lar.

Não queria sair dali mas precisava voltar, enfim de volta a realidade, a vida urbana e ao meu cotidiano.

Feliz ano novo meu velho coração de guerra, abastecido de emoções e histórias vamos viver mais um ano carregadinho de sonhos na memória. 


Senhora Smith