sábado, 25 de dezembro de 2021

Entre as estrelas

 



E então ela viu estrelas 

E as desejou serem para sempre sua

Esqueceu que a noite termina

Quando chega o dia!


Jussara Rocha Souza

sábado, 27 de novembro de 2021

Saudade

 



Esta lágrima que ora escorre

A meu peito dilacera

E a alma morre

Derradeira


É  a saudade

Que pisa, que pulsa

Parece até maldade

Me causa repulsa


Como entender os viés 

Que te levou embora

E que de volta não trás 

Grito desesperado, sonoro


Grito mudo de saudade

Rasga o peito de ansiedade 

Meu verso

Hoje é controverso 


É a saudade que pede passagem

Chegou arrancando lágrimas 

Trazendo a tona a dor escondida 

Hoje preciso beber dela

Para acalentar meu coração 


Jussara Rocha Souza

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Renascer

 És um pequeno jardim

Cultivado com amores enfim

Nele há pássaros, borboletas

Lilás pelas violetas


Mas nem sempre foi assim 

Foi árvore morta 

Triste assim

Galhos retorcidos, caída, torta


Um mentiroso jardineiro

Prometeu regar o ano inteiro

Cortou seus galhos

A deixou em frangalhos 


Dela restou raízes 

O bastante para renascer

Cresceu marcada de cicatrizes

Bastou para florescer


Hoje és jardim

Espalha aromas

Fragrâncias de felicidade

O jardineiro?

Atrás das grades


Enfim a liberdade

A minha é  claro...


Jussara Rocha Souza 


Dia internacional do combate a violência contra a mulher.


Crônica da crônica

 



Confesso que não ando muito inspirada a escrever, minha saúde tem me deixado meio sem palavras.

Mas lendo a crônica do amigo e cronista Geraldo Jose Costa Junior de hoje(24/11) me instigou as letras e aquele tremor nas mãos e amor pela criação me tomaram por inteira.

Meu amigo Geraldo não gosta de viver o passado e eu sou uma saudosista de carteira assinada.

Deixe-me explicar, não que eu viva em uma cadeira suspirando pelas lembranças já vividas, eu vivo o presente sim, sonho com o futuro mas amo absorver na pele e na alma as fragrâncias deliciosas das coisas boas que já vivi. É claro que também tem as ruins, inevitável em um mundo onde sempre haverá o bem e o mal, mas das ruins faço aprendizado, e deixo elas trancadas no baú do passado. Mas passeando em sua crônica me vi sentada na escola de datilografia do seu Flores em uma máquina de escrever Remington e no auge dos meus quinze anos sonhando em ser uma escritora escrevendo romances de amor intensos e com final feliz.

Os sonhos caro Geraldo, estes me são os mais caros, roubem- me tudo, menos os sonhos, sem eles estou morta, e continuo sonhando como você com a tal felicidade, quem sabe te visitar e bater um papo em um banco de praça se a morte não nos visitar antes. Pode até parecer mórbido, mas como dizia minha avó "para morrer basta estar vivo".

Mas falando em coisas boas, hoje está sol, os pássaros estão a cantar e eu acordei mais um dia e isto é dádiva, sem contar a crônica deste meu amigo que me fez voltar a querer escrever.


Jussara Rocha Souza


À você Geraldo  meu cronista e amigo, hoje sentei a seu lado para escrever.

sábado, 20 de novembro de 2021

O dia que conheci o preconceito racial




Eu não sabia o que era preconceito racial até ter quinze anos, sempre vi e vejo até hoje todos seres humanos iguais e a cor nunca me chamou a atenção como diferença. 

Chamou a atenção sim, quando me apaixonei com 15 anos por um rapaz negro, lindo, maravilhoso!

Logo ficamos encantados um pelo outro, eu queria que o mundo conhecesse meu amor, então resolvi apresentar Miguel a meus pais(este era o nome de meu amor) e para minha triste e desesperadora surpresa minha mãe fez um escândalo. O namoro foi proibido terminantemente e eu fiquei de castigo, meus pais cuidavam a entrada e saída da escola, eu queria saber o que meu namorado tinha de errado, sapatiei, chorei, espraguejei e escutei minha mãe aos berros dizer: -Ele é um negro, prefiro te ver morta dentro de um caixão do que namorando um negro.

Neste dia mesmo sem entender o porquê vi que as pessoas faziam diferença de cor entre os seres humanos, nossa história não teve um final feliz.

Meus pais me mandaram para outra cidade para esquecer Miguel, na véspera da partida me encontrei com ele e disse que teríamos que dar um tempo, mas que eu o amava muito, choramos muito abraçados e nos despedimos com um longo e apaixonado beijo.

Eram duas horas da madrugada quando bateram palmas no portão, meu pai atendeu e uma senhora com muita raiva esbravejava contra meu pai, sabia que era com Miguel, meu coração me dizia que era.

Meu amor tentou o suicídio, graças a Deus não morreu mas nunca mais foi o mesmo, os remédios que tomou afetaram seu cérebro e ele ficou doente mental. Ainda tentamos ficar juntos quando ele voltou da clínica, mas ele não era mais o mesmo e meus pais se mudaram de residência. Eu também nunca mais fui a mesma, naquela época era menina e a opressão e repressão eram intensa, vivíamos uma ditadura fora e dentro de casa, mas fiquei adulta e me prometi lutar sempre contra toda forma de preconceito. 

Hoje 45 anos depois o encontro pelas ruas da cidade, meu coração dispara e eu baixo os olhos de vergonha diante do que fizeram com ele, um amor inocente, uma vida perdida e qual foi nosso crime, termos cores diferentes.

Estes dias passei a seu lado e mesmo sabendo que ele vive em um mundo alheio ao meu por causa da sua doença senti que me reconheceu, a ignorância nos separou com seu nojento preconceito mas nunca matou o amor que carrego no peito.


Jussara Rocha Souza 


Mini conto baseado em fatos reais.


No dia da consciência negra dedico meu mini conto ao Miguel  onde estiver.

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Dançando com a solidão




Sentou na cama e sentiu o ar gelado da manhã. Da janela vinha o canto dos pássaros e o aroma das flores do jardim.

A vida não tinha lhe dito palavras doces, mas não lhe tirou a sensibilidade de apreciar as coisas bonitas do mundo.

Arriscou uma canção, a voz já não tão forte denotava que a idade já lhe era avançada, serviu uma xícara de café e sorveu os goles tentando absorver o máximo do prazer da bebida.

Foi até a soleira da porta, esticou o corpo e deu o rosto já repleto de vincos para o sol beijar, ficou ali recebendo o carinho dos raios de sol, faz tanto tempo que não recebe um afago de alguém. 

Fecha os olhos e lembra dos tempos de juventude, queria agarrar o mundo com as mãos, como saber o futuro, como parar os desejos, aventuras. Sorri, lembrando alguém mais especial, toca os vincos do rosto e uma lágrima lhe cai. 

Volta até o quarto, coloca uma música na velha vitrola, convida seu amor para dançar e ao som de uma antiga canção romântica rodopia pelo quarto a bailar.

E então abraçado em seus próprios braços se põe a chorar.


Jussara Rocha Souza

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Sobre o dia dos mortos

 Não quero ser uma foto em um porta retrato, esquecida e empoeirada sobre um móvel qualquer.  Quero continuar viva dentro de seus corações com a melhor fotografia que tivemos juntos a do nosso amor eterno.

Não quero choros, flores e nem velas em cima de uma sepultura por ser uma data que diz que você deve ir lá, neste lugar não existe nada de mim, apenas matéria que revestiu-me por quanto tempo estive aqui. Regue meu jardim mantenha minhas flores vivas, seja o mais feliz que puder e quando sentir saudades minhas, chore, lágrimas saudosas de quem amou e foi amado sem datas obrigatórias para isto.

Jussara Rocha Souza


Serei eu uma bruxa?


 Crônica 

Serei eu uma bruxa?

Meu avô materno era um mestre na arte de curar, tinha conhecimento de ervas, chás, unguentos. Este conhecimento veio do povo cigano do qual era descendente. 

Lembrando do meu avô, me veio a mente as aulas de história e o Tribunal do "santo" ofício também conhecido como Inquisição, onde pessoas foram mortas(sendo a maioria mulher) por discordar ou ter pensamentos diferentes da igreja católica. 

E foi a partir deste momento que as bruxas foram criadas como seres malévolos, com verrugas na ponta do nariz capazes de matar com seus feitiços diabólicos, colocaram terror no povo a fim de instigar uma matança em massa.

Mulheres foram queimadas vivas, vítimas das maiores atrocidades, e quem eram estas mulheres? Geralmente mulheres do povo, de condição humilde, parteiras e com auto conhecimento em ervas, pomadas, médicas formadas em medicina popular ou tão somente por ter nascido bela e resistir a nobres e padres poderosos da época. 

Foram perseguidas e caladas, tirando dos mais necessitados a chance de ter um médico, foram mortas para não passarem seus conhecimentos ao próximo.  

Agora te pergunto serei eu uma bruxa? Porque tenho um canteiro de ervas e uso como chás, porque faço pastas e unguentos?

Será que o médico da unidade de saúde que me receitou vapor de tanchagem para sinusite tem parte com demônios e deve ser queimado vivo?

Será que a bela mulher que denunciou o político abusador deve ser morta a pedradas por ser uma bruxa malévola?

É, as bruxas andam soltas, cada dia mais interessantes, inteligentes e sem medo de denunciar.

Sem medo de usar seus poderes não só nos chás e unguentos, na infinidade de profissões que se propõe a fazer.

Hoje ainda existe muito inquisidores que matam, queimam e fazem as maiores atrocidades com nós mulheres, usando as mais baixas desculpas, se é que existe alguma para continuar nos matando.

Sou descendente de um "bruxo" se assim quiserem denominar a medicina popular e como ele acredito no poder das ervas, porque se Deus as criou era para fazer o melhor uso das mesmas.

Sou cristã e isto não me impede de usa-las, se ser mulher e não aceitar uma sociedade com pensamentos medievais e intolerante então sou Bruxa com muito orgulho.


Jussara Rocha Souza

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Os sonhos jamais envelhecem




Tenho o mundo em mim,

Levo sonhos com aroma de jasmim...

A matéria  envelhecida,

A alma agradecida...


O espelho reflete o tempo,

Nunca o que vai por dentro...

Uma névoa embaça o olhar,

E uma lágrima vem a face molhar...


Lágrimas de felicidade,

Por alcançar esta idade...

Enquanto muitos,

Não tiveram a oportunidade...


O coração bate forte,

Viva de toda sorte...

Por hora até esmorrecem,

Mas creia...

Os sonhos jamais envelhecem. 


Jussara Rocha Souza

Editorial



Mulher vítima de estupro em via pública em Rio Grande, o estuprador foi preso e pasmem: vasta ficha criminal onde está incluído o crime de estupro e em prisão domiciliar. 

Onde está a lei? Como um estuprador está solto?

Quem foi o advogado que advogou a favor deste criminoso e quem foi o juiz responsável pelo alvará de soltura?

Não entendo de leis, sou leiga neste assunto, mas tenho caráter e sou mulher, mãe de 4 filhas mulheres, 5 netas e duas bisnetas e hoje me vi nesta mulher violentada em seus direitos de ir e vir, violentada em seu corpo e mente com marcas irreversíveis. 

E você seu juiz sentado em sua cadeira com seu pleno direito de prender ou soltar alguém optou por soltar as ruas este marginal, não lhe dói a consciência? Você é cúmplice e tão bandido quanto ele, que sabendo do perigo o deixou solto para fazer mais vítimas. 

Sou contra pena de morte por termos uma justiça falha e corrupta, mas sou a favor a prisão perpétua com trabalhos forçados para crimes hediondos.

Precisa urgentemente ser revisto o código penal brasileiro, precisamos banir leis ultrapassadas e magistrados corruptos.

Estou revoltada, como podemos sair para trabalhar, estudar ou ir até mesmo ao mercado em segurança, estamos com medo, somos mortas, violentadas todos os dias em palavras, gestos e em nosso corpo. 

É abuso no trem, no ônibus, é meninas sendo aliciadas por pedófilos, estupro, tenho medo de mandar minha filha a escola, a Universidade, não sei quem é o meu inimigo, ele pode estar entre nós vivendo socialmente e ser um estuprador como este em prisão domiciliar e circulando pelas ruas, paradas de ônibus, escolas.

Quanto tempo ficará preso? Nada fará reverter o que esta senhora passou, mas devia processar o estado e pedir uma reparação por terem largado nas ruas um estuprador.

Que esta senhora se recupere, tenha o carinho e amparo de sua família e da lei, com acompanhamento psicológico e médico.


Um estupro além de vitimar o corpo, faz danos a mente, ao coração.  Sem contar no risco de uma gravidez, HIV, sífilis, hepatite entre outras doenças sexualmente transmissíveis. 


Jussara Rocha Souza

domingo, 17 de outubro de 2021

Descanse velha menina




No catre simples, descansa o corpo da velha menina.

Os sonhos embalam a cantiga deixada no canto da memória, não consegue saber se verdadeiras ou apenas histórias. 

A voz quase inaudível, contém um que de melancolia de um coração outrora sensível. 

Os olhos sem vida, opacos pelo cansaço da retina, ficam perdidos no nada, mas ela vê com olhos da alma o que mais ninguém enxerga.

Os lábios abrem um tênue sorriso, esboça um pequeno gemido, mas não é de dor não e sim de descanso. Por um momento os olhos ganham vida, o que será que se passa no interior da velha menina. Ninguém sabe, talvez o passado de juventude e inquietudes veio lhe visitar, só sei que ela começou a entoar breve canção e com olhos de luar se pôs a sonhar. Desta vez para nunca mais acordar, descansa velha menina, seu príncipe está a lhe esperar.


Jussara Rocha Souza 


A todas "velhas meninas" vítimas do  Alzheimer

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Eis-me aqui Geribanda




Ouço o soluço nos taquarais

Quando o vento passa trazendo seus ais

São os gemidos

De um povo sofrido


A canção entoada

Em meio a roupa ensaboada

Nos lagos da Geribanda

O coração do negro sangra


Hoje o passeio nos taquarais

Me leva a amores atemporais

O corpo arrepia

O cheiro de amor ardia


Ouço o soluçar do taquaral

O canto de um temporal

A história de bravos guerreiros 

Então  mensageiros


A Geribanda ganha vida

Forte e destemida

Suporta as intempéries 

Carregada por fortes braços 


Que em meio ao taquaral

Deposita seus cansaços 


Jussara Rocha Souza

Projeto Geribanda


Ouço o soluço nos taquarais

Quando o vento passa trazendo seus ais

São os gemidos

De um povo sofrido


A canção entoada

Em meio a roupa ensaboada

Nos lagos da Geribanda

O coração do negro sangra


Hoje o passeio nos taquarais

Me leva a amores atemporais

O corpo arrepia

O cheiro de amor ardia


Ouço o soluçar do taquaral

O canto de um temporal

A história de bravos guerreiros 

Então  mensageiros


A Geribanda ganha vida

Forte e destemida

Suporta as intempéries 

Carregada por fortes braços 


Que em meio ao taquaral

Deposita seus cansaços 


Jussara Rocha Souza

Projeto Geribanda

domingo, 10 de outubro de 2021

Atrás da porta

 Crônica 




Fiquei atrás da porta, aliás a anos ficava sempre atrás da porta. Tinha medo de sair de lá, era inconsciente, mas eu não sabia.

E a vida ia passando, eu a enxergava pela metade, via o sol brilhar por entre sombras, sorrir por entre lágrimas e eu não via nada de errado neste viver.

Talvez tivesse sido criada atrás da porta e isto se fez "natural" no meu caminho, eu nunca conseguia ser eu por inteira, tinha muitos medos e receios.

Até o dia que algo muito forte me despertou lá fora e eu resolvi caminhar um passo além da porta, e então comecei a desabrochar.

A porta está aí e você será responsável por abrir, se você foi condicionada a ela por algum motivo comece aos poucos, peça ajuda mas saia de trás. Talvez seus pais tinham medo que você se machucasse e quisessem lhe proteger, mas as dores fazem parte do crescimento e se fazem necessárias.  

Não deixe que seja tarde demais, decida você quando e como deve ficar ou ir, mas não se esconda de você mesma.

Todos somos seres maravilhosos com dons incríveis e muita coisa para dividir com o outro, não deixe que esta pessoa incrível fique escondida atrás da porta.

Tenho certeza que hoje você que está aí triste, não achando solução para seus problemas com muita vontade de fechar esta porta e se trancar de vez, vai dar uma espiadinha lá no fundo de seu ser e vai lembrar daquele dia maravilhoso que viveu, daquele sorriso gostoso e verá que o sol está a entrar pela frestinha desta porta. Levante, abra a porta, deixe ele entrar de vez, você é muito linda para estar atrás da porta. Vá! Desabroche, é primavera e você merece.


Jussara Rocha Souza

domingo, 26 de setembro de 2021

Floresça

 



Minha alma de vidro branco...

Simples tal qual a flor do campo,

Carrega dores...

E encanto,


Minha alma de vidro branco...

Já fez morada há muito neste banco,

Aqui fez e refez trajetória...

Nele escreveu história,


Minha alma de vidro branco...

Já foi tamanco,

Duro como tronco...

Com a dor aprendeu o tranco,


Minha alma de vidro branco...

Aprendendo segue buscando,

Diáfano...

Deixando passar a luz,


Não serei então alma de vidro branco...

Transparente,

Translúcido....

Serei pétalas,


Jussara Rocha Souza 


Minha alma de vidro branco...

Simples tal qual a flor do campo,

Carrega dores...

E encanto,


Minha alma de vidro branco...

Já fez morada há muito neste banco,

Aqui fez e refez trajetória...

Nele escreveu história,


Minha alma de vidro branco...

Já foi tamanco,

Duro como tronco...

Com a dor aprendeu o tranco,


Minha alma de vidro branco...

Aprendendo segue buscando,

Diáfano...

Deixando passar a luz,


Não serei então alma de vidro branco...

Transparente,

Translúcido....

Serei pétalas,


Jussara Rocha Souza

sábado, 18 de setembro de 2021

Poesia da alma

 Que minha alma se vista de poesia todos os dias!

Jussara Rocha Souza 

Telas em acrílico pintadas por mim



Quem me dera sermos todos loucos

 Quem me dera sermos todos loucos...

Sem medida,

Sem nada pouco...

Sem roupas no corpo,

Sem medos...

Apenas loucos,

Choro sem repreensão...

Sorriso sem pretensão,

Nu na intenção...

Quem me dera sermos todos loucos,

Dançar na chuva....

Andar descalço,

Usar meu salto sem sapatos...

E que minha maquiagem,

Seja minha cara lavada...

Sem medo de ser reprimida,

Quem me dera sermos todos loucos...

Cabelos soltos ao vento,

Rodopiando feito catavento...

Apenas bailando,

Sem estereótipos...

Sem precisar fazer tipo,

Mas quem me dirá o que é normal...

Neste mundo desigual,

Quem me dera sermos todos loucos...

E em minha loucura boa,

 Que a todos perdoa...

Embarcar contigo nesta canoa,

Talvez você não me entenda...

Mas ser louco,

É minha decisão mais sensata.


Jussara Rocha Souza


Dançando na chuva

 Visto esta luva...

Seguro no guarda chuva,

Dançando e rodopiando...

Por ela sigo bailando,

Os pés molhados...

E o rosto de saudades,

De lágrimas banhados.

Jussara Rocha Souza 


Tela em acrílico pintada por mim. 

Bosque encantado

 Neste bosque encantado...

De duendes e fadas,

Lá onde a estrada faz a curva...

Há uma menina adormecida,

De sonhos viveu...

E de acordar esmorreceu,

Hoje vive presa...

Em seus sonhos de princesa!

Jussara Rocha Souza 



Tela em acrílico pintada por mim.


Janelas

 Quando as palavras se calam minhas mãos falam por elas!



Gosto de janelas, a do meu quarto dá para um jardim.

Rego todos dias meu coração através dela.

Jussara Rocha Souza


Ilustração: tela de minha autoria, tinta acrílica. 


E ela já desponta

 



Creio que somos como estações...

Muitas vezes em tribulações,

Somos inverno em nossas emoções...

Dias nublados,

Tristes, acinzentados...

Mas a esperança sempre se renova,

Assim como a semente que brota...

A vida não espera,

Floresce...

Enfim é primavera,

E tudo é cor...

E tudo vira flor,

Ganha-se ânimo...

Sai o desânimo,

Luzes no arrebol...

Bendito sejas o sol,

Chegou o verão...

Amor no coração,

Nada é perfeito...

Assim como despeito,

Tudo precisa se refazer....

Para saudável renascer,

Melancólico...

Me deixo desfolhar,

Outonal....

Emocional,

Assim são as estações...

Assim somos nós,

E as emoções...

Antes podados,

Meio que acinzentados...

Está na hora de florir,

Que venham os amores...

As cores,

O sorrir...


Jussara Rocha Souza


A meu amigo Paulo Enke , texto inspirado em um post sobre primavera do amigo Paulo Enke.

Meu mundo um canteiro de girassóis

 



Ando por esta terra em busca de sonhos...

De olhares risonhos,

Que façam sonhar...


Será isto amar,

Ando por esta terra em busca de luz...

Não quero contraluz,


Quero borboletas no meu caminhar...

Vagalumes a noite para iluminar,

Colorir o caminho por onde passar...


Margaridas poder plantar,

De amarelo o chão pintar...

A ti parece ilusões que componho,


Por favor não sejas enfadonho... 

O mundo carece de sonhos,

De risos nos olhares...


Gentileza nos gostares,

Ando por esta terra a procura de gente...

Que goste de plantar sementes,


 Assim então transformar o mundo em um grande canteiro...

Com girassóis a iluminar o ano inteiro.


Jussara Rocha Souza

Folhas ao vento

 



Em que te transformasse ser humano...

Mandos e desmandos,

Seres desprezíveis matando, roubando...

Fanáticos se institulam Deus,

Todos dias conhecemos um pouco mais de monstros que se dizem gente....

Caminham entre nós com sorrisos nos dentes,

Estrupam e matam crianças inocentes...

Em quem confiar,

A quem amar...

O senhor tão "respeitado",

Éra o tal tarado...

Todos se acham certos,

Tornaram-se desertos...

Famílias, ainda existem?

Será que resistem?

É tanto desamor....

Até de pensar tenho temor,

Pai avilta a filha...

São ilhas,

Sós em seu egoísmo...

Mentes doentias,

Vivem em escuridão...

Vermes em sua podridão,

Seremos nós janelas...

Deixar entrar a luz,

Seremos dia...

Pequenas lanternas,

Folhas ao vento....

Levando bons pensamentos.


Jussara Rocha Souza

sábado, 21 de agosto de 2021

 O canto da matraca


Está escuro lá fora...

Ouço o afiador de facas,

Indo embora....

Sinto saudades do barulho da matraca,


Da luz do lampião...

Aquele primeiro amor no coração,

Lembro dos meus irmãos...

A risada debaixo do edredom,


A carteira de cigarro....

Escondida embaixo do colchão,

O bigode de meu pai,

O respeito no olhar....


A sisudez de minha mãe,

E a simplicidade no amar...

São recordações,

São lições...


Estão gravadas na memória,

Fazem parte de minha história...

O amor platônico pelo primo,

O anel de chiclete era o mimo...


O canto da matraca se perde,

Na noite escura...

Minha vista já turva,

Não enxerga mais a curva...


Saudades dos amigos,

Dos primos....

De coisas que não voltam mais,

Saudade de sorrir....


 O vento está  muito forte,

Canta me desejando sorte...

E eu sorrio entre lágrimas,

Ouço  o canto da matraca...


Lembranças, lembranças 


Jussara Rocha Souza


quinta-feira, 19 de agosto de 2021

 Primaveras


Talvez eu não veja a primavera,

Quem sabe a morte me visite antes que deveras

Tenho um débil coração 

E ele comanda a situação 

Porém já vi muitas estações 

E fui agraciado por paixões 

Vi o sol brilhar em sua luminosidade 

E a certeza que amei com a mesma intensidade 

Vi a lua despontar única 

Em meio a estrelas lúdicas 

Vi a semente cair na terra

E a flor surgir ganhando a guerra

Em meio a tanta beleza

Quem sou eu para reclamar

Quem sabe a morte eu possa enganar

E eu possa ver outras primaveras

E outras, outras...


Jussara Rocha Souza


sexta-feira, 30 de julho de 2021

 Navega meu barquinho, navega...



A vida é como um barco, ora águas calmas ora turbulentas.

Você é o condutor, você pode ultrapassar este mar bravio, precisa ter coragem e determinação. 

O barco sai da fábrica intacto e devido às intempéries vai danificando, coloca -se um remendo aqui outro acolá e o barco continua navegando.

O barco não navega só, precisa de um condutor, você é responsável por ele, assim como na vida você é responsável por suas ações e reações.  Hoje vivemos em um mundo turbulento, com ondas altas e de difícil navegação, mas você é forte e consegue, um dia de cada vez, sem ferir ninguém, com vontade e a tranquilidade que está no caminho certo.

Porém as vezes alheio a nossa vontade o barco fica a deriva, então vem alguém e segura o leme e o barco volta a navegar em segurança. 

Hoje devido a tantas doenças o barco navega solitariamente, mas não entristeço, já começo a vislumbrar um porto não muito longe.

Vamos cuidar de nossos barcos, para que consigamos seguir a viagem em segurança  e quando atracarmos no porto seja um reencontro repleto de abraços saudosos, beijos felizes e muito amor no coração. 


Navega meu barquinho, navega...


Jussara Rocha Souza

domingo, 11 de julho de 2021

 Prosa poética 


Sempre haverá um giz colorido para o quadro negro da sua história 


Fiz do escuro do meu cérebro, a fresta a procura de luz.

Quando depois de noites insones, risquei um sol de giz, era tênue, quase imperceptível mas era a companhia perfeita para minha alma sensível. 

Você é muito só quando as dores são tuas, você se vê nua, frágil, da vida não se vê hábil. 

As lágrimas doem, correm quente como sangue ferem a face, que delas se entristecem. 

Você grita e as palavras não saem, grita tanto e no entanto você emudece, ficou surda das euforias, e muda das alegrias.

Então resolvi redesenhar meu viver, comecei com este tênue sol de giz, te parece pouco, sei este pensar parece louco, mas ele se chama esperança no coração de alguém que já nem sabia pensar.

Hoje meu céu amanheceu com nuvens, mas não me deixei abater, peguei então meu giz e desenhei um belo girassol e deixei que ele fosse em busca da direção do sol.

Agora vou me guiar por ele e aquecer um pouquinho esta alma dorida com seus belos raios coloridos.

Amanhã, ah! Amanhã existirá outros desenhos,  outros gizes para escrever uma nova história. 


Jussara Rocha Souza


domingo, 4 de julho de 2021

Ê saudade




Quem me dera conhecer as razões...

Que entristecem os corações,

E assim delas me desviar...

É somente amar, amar,


Quem me dera não sentir saudade...

E fazer desta dor felicidade,

Não haveria mais pranto...

Somente um lindo canto,


Quem me dera poder te esquecer...

E de amor não querer morrer,

Seria então tudo paz...

E o coração de sorrir seria capaz,


Quem me dera senão tivesses partido...

O domingo seria tão mais colorido,

Seria então tudo felicidade...

Namoro, carinhos e cumplicidade,


Quem me dera ensinar a minha alma...

Que precisar de ti me acalma,

Que a saudade será infinita...

Que a melancolia por horas me grita,

Quando vens em meus sonhos...

E então me visitas!


Jussara Rocha Souza

domingo, 27 de junho de 2021

Mensageiros da esperança

Prosa poética 



Diante de tantas crueldades neste mundo, me pergunto: _ Ainda existe bondade?

Preciso ter certeza que em algum lugar alguém ainda se importa, que de verdade quer abrir aquela porta.

Que há uns raiozinhos de sol pela fresta entre aberta.

Preciso aquecer meu coração e acreditar que de viver existe uma razão, eu olho e vejo a vida em contra mão e quero acreditar que este carro desgovernado não irá destruir minha emoção. 

São tantas notícias ruins, doenças, guerras, ódios, a humanidade a caminho do fim e devo então  perder a esperança? Não devemos deixar nascer mais crianças? 

Assim esmoreço, e então em aflição adormeço, e meu subconsciente mesmo que inconsciente sonha com bondade, com fé e esta era realidade.

Acordo em sobressalto e então olho para o alto, há de haver esperança sim, em você e em mim, porque preciso dela para continuar e mesmo na contra mão seremos nós os desafiadores neste mundo cão. 

Vou até o jardim regar minhas flores, precisamos de cores e assim colorir nosso jardim interior e então espalhar amor.

Seja você um mensageiro da esperança, ainda há tempo!


Jussara Rocha Souza

Crônica da vida real



Ontem faleceu uma mulher pobre, sofrida e que trabalhava muito.

Ontem faleceu uma mãe que deixou de comer, vestir e se divertir para dar uma vida melhor a seus filhos e que muitas vezes foi xingada, achincalhada pelos mesmos.

Ontem faleceu uma mulher que teve mais coragem que você e que acabou um casamento de conveniência e foi viver o seu amor.

Ontem faleceu uma heroína da vida real, que trabalhava de sol a sol dentro de uma cozinha  com mãos queimadas e cortes como tantas outras heroínas em suas diversas profissões. 

Ontem faleceu uma mulher que não pode ficar em casa na pandemia, tinha que sustentar a família.

Ontem morreu aquela que você apontou o dedo, julgou, que é chamada de relaxada, por trabalhar doze horas em pé e muitas vezes não poder colocar casa, roupas em ordem.

Todos dias morrem Marias, Carolinas, mulheres como eu e você que não tiveram a mesma sorte de estudar e escolher o que querem viver.

Todos dias morrem mulheres em seus desejos, todos dias morrem mulheres corajosas que embora sofridas deram sua cara a tapa. 

Vista a roupa de sua irmã e não julgue, mulheres morrem todos dias pelos mais vils motivos.

Não seja você o assassino de alguém com sua mente podre, falida.

Ontem faleceu uma heroína dos contos reais e esta não irá  ter repercussão na televisão ou mídias sociais, será enterrada como 

 ninguém como sempre foi tratada.


Jussara Rocha Souza

sexta-feira, 4 de junho de 2021

Viva com se fosses um livro de amor




Perdida em mim,

Já não sei viver sem ser assim...

Diante de tantas decepções,

Vivo de minhas ilusões...

Dentro de livros diversos,

Me perco entre linhas e versos...

Lá todos finais são felizes,

Não importa as diretrizes...

Cansei de tanta realidade,

De dores e dificuldades...

Quero a ilusão dos amores eternos,

Do riso fácil e abraços ternos...

Onde o conteúdo é a essência,

E o corpo mera coincidência...

E mesmo depois de terminado,

De ver o livro fechado...

Tua fragrância continua aqui,

Segredado em folhas escritas em mim...

Serei então um conto de fadas,

Uma princesa pra sempre amada!


Jussara Rocha Souza

terça-feira, 1 de junho de 2021

Pensando sobre este nosso mundo



Lidar com a escuridão não faz parte do meu ser.

Escolhi ser luz, com defeitos e qualidades, imperfeita como todo ser humano, mas querendo aprender a ser melhor cada dia.


Prefiro as verdades cruéis do que as boas intenções cheias de falsidades.

Hoje já tenho auto domínio, uma coisa que levei uma vida toda para conseguir.

Aprendi que uma oração sincera pode acabar com qualquer argumento sem palavras.

Nem fada nem bruxa, gente de carne osso, aprendendo a viver em um mundo cada vez mais cheio de ódio e interesseiros. 


Jussara Rocha Souza

 Você olha e logo de cara solta o verbo: _ Mas porque não trabalha? Fez filho aguenta? Não mandei casar e por aí vai...

Mas você olhou lá atrás quando sua mãe, irmã ou aquela mulher casou? Os tempos eram outros, havia muito preconceito, submissão, será que casou por vontade própria? Será que não estava fugindo de uma situação pior?

Quem sabe ela trabalhava, tinha sua independência, mas ficou desempregada e precisou depender dele e teve a ingrata surpresa de ver que o marido não era aquele companheiro que pensava.

Você julga, julga e acha que com você nunca irá acontecer, você casa por amor, planeja tudo, sonha e tudo vira pesadelo.

Há mulheres casadas, "realizadas" e incrivelmente só, há quem busque a felicidade incessantemente e é  muito infeliz.

Tem mulheres que se submetem a amores traiçoeiros por amarem demais e não conseguir deixar esta pessoa. E você vai lá e diz eu nunca serei assim, será?

Você talvez criticou sua mãe e hoje faz as mesmas coisas.

Nós mulheres, somos as pessoas mais importante no mundo, trazemos seres a vida mas somos desvalorizadas mesmo tendo os melhores estudos e tendo independência financeira, hoje não são só as mulheres de classes mais baixas mortas por seus companheiros, são advogadas, médicas, políticas e outras tantas profissionais que foram brutalmente assassinadas.

Em um mundo de achismo, respeitar cada um com sua história já é meio caminho andado.

Eu contaria aqui, como contadora de histórias e poeta que sou, inúmeras histórias de mulheres que eu mesma conheço ou que li e até mesmo a que eu vivi, mas coloco minhas letras para me solidarizar com cada uma delas.

Não julgue, coloque-se no lugar, seja solidária. 


Quando vires uma mulher em situação difícil, ofereça uma palavra de carinho, um abraço, um batom, um corte de cabelo, fazer uma unha, dê o que você tiver de melhor, afinal você também é mulher e sabe bem do que você precisa e gostaria.


Jussara Rocha Souza

Prosa poética

 



Ando a procura das coisas simples porque o mundo está complicado demais. 

Quero palavras doces e sorrisos largos, brincadeiras infantis que me deixavam feliz.

Ando a procura das coisas simples, como apertar teu nariz, fazer cócegas até morrer de rir... Quem sabe rolar no chão e com um olhar aquecer teu coração, como faz bem à emoção!

Ando a procura das coisas simples, do bom dia na calçada, o por favor no supermercado, o obrigado ao menino, gentilezas tão simples e tão raras em nossas dias. 

Ando a procura das coisas simples, pois delas aqueço a alma, conservo minha calma. Rego meu jardim interior com tantas lições de simplicidade que compreendo a palavra humildade. 

Ando a procura das coisas simples pois tudo anda tão triste, pessoas com dedo em riste, nariz empinado, eu mando, eu sou, eu estou, e nada de espiritualidade. 

Ando a procura das coisas simples, pois no passado pensei que o material era o essencial, casa, veículos, ledo engano, trocaria tudo por um sorriso bobo de uma criança com seu boneco de pano.

Parece hipocrisia, mas nada paga o preço de tua alegria, ando a procura das coisas simples porque preciso delas para viver. 


Jussara Rocha Souza

terça-feira, 25 de maio de 2021

Para sempre tua

 



Minha alma ficou presa...

Lá onde a luz está acesa,

Em uma janela entreaberta...

A espera de outra alma liberta,


Todos dias ao regar o jardim,

Uma borboleta sobrevoa sobre mim...

Me trás notícias de lá,

De um amor que prometeu esperar...


A janela continuará entre aberta,

Enquanto o dia a desperta...

Haverá outros amores,

Sabores e dores...


Então passará dias, anos,

E serei considerado insano...

A espera de notícias,

Em meio ao jardim de melissas...


Hoje a janela se fechou,

Finalmente ele a encontrou...

Borboletas de todas as cores,

Celebram o encontro dos dois amores...


Jussara Rocha Souza

terça-feira, 18 de maio de 2021

Quero morrer em ti

 Quero morrer em ti


Porque não uso a razão,

Se sei ser esta solução...

Reconheço que este amor é perdição,

Porque falar o coração...


Sei que enlouqueci,

Quando de teus lábios absorvi...

A taça estava cheia,

E eu bebi o veneno nas veias...


Se sabia de todas as respostas,

Assumo as condições impostas...

Morro envenenado,

De ti apaixonado...


Pois em toda minha vida,

Desconheci tal bebida...

Inebriante, esfuziante,

Mesmo agonizante...


 Quero morrer em ti!


Jussara Rocha Souza


segunda-feira, 17 de maio de 2021

Seja luz

 Crônica 



A vida nunca foi e nunca será um conto de fadas. Somos seres humanos compostos de carne e osso, imperfeitos, passíveis de erros.

Mesmo em contos de fadas sempre há um vilão embora o final seja um "felizes para sempre".

A vida é feita de vilões e injustiças mas não seja você o vilão de sua própria história, a maior tristeza de um ser humano é ele matar a si mesmo e isto acontece e muitos agem assim sem ao menos se dar conta.

Pessoas se matam constantemente em um conflito interior maligno por causa de religião, família ou relacionamentos amorosos.

Não deixe ninguém matar suas ideias, seus desejos ou pensamentos, você é um ser individual, amar alguém exige por vezes concessões, mas nunca se anular ou deixar de ser você mesmo.

Quando você se anula, você morre, muitas vezes você se pega perguntando em que lugar ficou perdida tua alma? Pessoas assim, se tornam amargas, frias e desacreditam na felicidade.

Seja você, a vida pode não ser um conto de fadas, mas você pode ser o que quiser de seu conto, da melhor maneira possível, não seja o vilão de sua própria história. 

Quem ama não mata, não trai e nem ofusca o brilho do parceiro. Passíveis de erro sim, canalha não.

Se você tiver que ser escuridão para o outro ser luz de nada vale teu amor, lembre-se, o sol nasceu para todos e então vá e brilhe!


Jussara Rocha Souza

Teatro familiar cria marionetes

 



Dizem que depois da morte todos erros são apagados, creio na Justiça divina e que tudo que esconde aos olhos dos homens Deus vê. 

O que não concordo é a hipocrisia de endeusar pessoas ruins depois de mortos. Tenho visto pais abusadores que abusaram de seus filhos uma vida inteira e que tudo ficou "entre família" , da mesma forma que colocaram para baixo do tapete coisas de arrepiar até os mais inescrupulosos e que hoje os ditos cujos são considerados "santos" depois da morte.

Não pode manchar o nome da família, olha a honra, mas pode acabar com a vida de outra pessoa e esta morrer de depressão, se suicidar ou até mesmo  negar a si mesmo para salvar o nome.


Eu não guardo rancores mas não me peça para  idolatrar crápula, prefiro não ter família ou não carregar sobrenome do que mentir em nome de tradições. 


Jussara Rocha Souza

Serei eu livre?

 Crônica 





13 de maio dia da assinatura da lei Áurea, a tão sonhada liberdade, o fim da escravidão.  Mas a quebra das correntes pôs fim realmente a escravidão aos negros? Ou continuamos tão escravos como em 1988?

Embora hoje os negros não estejam presos a grilhões, estão sendo subjugados a racismo levando os mesmos muitas vezes até a morte.

O mundo é feito de diversidades, deveríamos viver todos em comunhão independente de raças, cor ou credo, mas o homem orgulhoso e presunçoso achou por "bem" acreditar que a sua raça seria melhor que a outra e assim escravizou seu irmão. 

O racismo através do preconceito racial tem feito vítimas todos dias, como diz o filósofo Silvio Almeida na obra ‘Racismo Estrutural’, o racismo estrutural justifica a escravidão naquela época, da mesma maneira que justifica a desigualdade social atualmente.

Serei livre? Quando? Quando pararem de me matar por minha cor da pele, quando tiver o mesmo lugar dos outros candidatos na faculdade e trabalho, quando eu parar de ser comparado ao bandido por ser negro entre tantos outros direitos que são de qualquer um menos dos negros.


A lei Áurea libertou da algemas mas não da opressão do racismo, exclusão e da luta pela igualdade.


Jussara Rocha Souza

Primeiro amor




Na dobrada da esquina,

Nasce ao longe uma linda colina...

Na estrada que leva a ela,

Mora uma linda donzela...

De olhos cor de terra,

Moça brejeira, faceira...

Anda com a cabeça na lua,

Alma nua...

Acha-se despercebida,

Mas todos já repararam...

Qua a menina,

Apaixonada está...

O cabelo de tranças,

Embala linda criança...

Sonhos de mulher,

Frescos como o amanhecer...


Na dobrada da esquina...

Nasce ao longe uma linda colina,

Lá mora um moço de olhar sereno...


Jussara Rocha Souza

terça-feira, 27 de abril de 2021

Girassóis na janela

 



Havia girassóis na janela,

Uma velha moça...

Por detrás dela,

Com saudade dos amores...

De sentir os sabores,

A vida é como as estações do ano...

Cada uma com seu tempo e identidade,

Precisa ser vivida...

Ou então a janela se fecha,

Os girassóis morrem...

E o coração adoece!


Jussara Rocha Souza

quinta-feira, 22 de abril de 2021

Seja livre como as borboletas




Quando os grilhões se fizeram presente...

Para sobreviver usei a mente,

Me tornei borboleta...

E no ar fiz piruetas,

Levei mensagens...

De saudades,

Na melancolia...

Suas cores minha alegria,

O corpo estava algemado...

Mas eu era livre,

Minha alma nunca será cativa...

Pois minha mente vive a sobrevoar jardins!


Jussara Rocha Souza 


( Esta borboleta pousou em minha mão na varanda de minha casa.)

domingo, 11 de abril de 2021

Suicídio da alma




Me suicidei

Quando sofri calada,

Fui marginalizada...

Por não a senhora "perfeita"

Me suicidei...

Quando me anulei,

Deixei de ser eu...

Quando pensava que era assim,

Porque sempre me disseram que tinha de ser deste jeito...

Me suicidei,

Quando aceitei a primeira ofensa...

O sexo forçado,

A idéia de que eu era inferior...

Me suicidei,

Quando sufoquei meus desejos...

Pois diziam ser pecaminoso,

Meus pais foram meus algozes...

Talvez sem saberem também eram suicidas,

De suas próprias vidas...

Me suicidei,

Quando deixei o amor...

Para servir um senhor,

Hoje os tempos são outros...

Mas não se engane menina,

Ainda vejo muitas suicidas...

Que estão mortas,

Em vida.


Jussara Rocha Souza


Me suicidei

Quando sofri calada,

Fui marginalizada...

Por não a senhora "perfeita"

Me suicidei...

Quando me anulei,

Deixei de ser eu...

Quando pensava que era assim,

Porque sempre me disseram que tinha de ser deste jeito...

Me suicidei,

Quando aceitei a primeira ofensa...

O sexo forçado,

A idéia de que eu era inferior...

Me suicidei,

Quando sufoquei meus desejos...

Pois diziam ser pecaminoso,

Meus pais foram meus algozes...

Talvez sem saberem também eram suicidas,

De suas próprias vidas...

Me suicidei,

Quando deixei o amor...

Para servir um senhor,

Hoje os tempos são outros...

Mas não se engane menina,

Ainda vejo muitas suicidas...

Que estão mortas,

Em vida.


Jussara Rocha Souza

sexta-feira, 9 de abril de 2021

Sensibilidade

 Deslize seus dedos sobre minha pele,

Mas faça com a delicadeza...

De quem toca o corpo de forma tão suave que acaba por tocar a alma.


Jussara Rocha Souza


 Um raio de sol...

Um olhar ao longe,

É lá  que a esperança se esconde...


Jussara Rocha Souza


Alma tagarela

 Minha alma tagarela...

Pede,

Vamos, abra janela...

Convide os pássaros,

Cante uma canção...

Não há nada mais lindo,

Que a pureza de um coração...

Você tem um jardim,

Precisa fazer florescer...

No meu tem flores de jasmim,

Borboletas de todas as cores...

Que perfumam e colorem a você...

E a mim!


Jussara Rocha Souza


domingo, 4 de abril de 2021

 Relatos de uma mãe 


Um dia me disseram seu filho não vai conseguir passar no exame de leitura, ele não fala direito, ele é surdo de um ouvido, tem limitações, blá, blá, blá...

Então ensinei meu filho a ler lábios, então a professora falou: -mas mãe e quando eu estiver de costas...

Quem sabe ele vai para a classe de surdos e mudos em outra escola? Eu recusei.

Meu filho não tinha um diagnóstico, naquela época pouco se falava em autismo e nem eu sabia o que era e nem tinha ouvido falar. Em minha simplicidade e ignorância resolvi que meu filho ia continuar estudando naquela escola e que iria aprender a ler. Sou mãe e mães nunca desistem.

Ele precisava de um fonoaudiólogo, na época o sus não disponibilizava e eu muito pobre não tinha condições para pagar.

Todos dias sentava meu filho em minha frente e ensinava a falar, foram dias difíceis, de dor e choro, e ele passou para segunda série com nota 100 no exame de leitura.

Este é um pequeno relato da mãe de um autista...


Você não me olha nos olhos,

Porque me olha com a alma...

Sou sua calma,

E você o azul da minha vida...

O quebra cabeça de uma jovem mãe,

Que só sabia o que era amar...

E que a diferença,

Só existe em quem se acha normal...

E o que é normal neste mundo de diferenças,

Você?

Eu?

Meu pequeno grande homem...

Quantas lutas vencemos juntos,

Hoje seu cabelo começa a grisalhar...

Você me desafiou e eu aceitei o desafio,

A minha mão ainda segura a tua...

E as tuas carregam meu coração. 


Jussara Rocha Souza


Dia Mundial de Conscientização do Autismo


terça-feira, 30 de março de 2021

Poema da desesperança






Eu tão cheia de vida,

Morri sem ter vivido...

Os problemas foram vindo e a vida passou despercebida,

O mundo me empurrando...

A ponta pés fui caminhando,

A vida pedia...

Doída,

Sofrida...

O trabalho,

A família...

 Assim fui vivendo,

Assim vive muitos...

Dormindo de cansaço,

Acordando por obrigação...

Parece um poema de desesperança,

Mas é a vida de muitos nesta nação...

Nasce chorando,

Com dó de vir a este mundo cão...

Mamando em seios murchos,

Contempla os olhos de uma mulher que já nem sabe que é .

 


Jussara Rocha Souza

sexta-feira, 26 de março de 2021

Ainda há tempo

 



Abro as janelas da alma

E exalo de meu jardim interior

O perfume de jasmim

E então deixo te sentir em mim

Ah! Estes frascos escondidos

Quantas fragrâncias perfumaram meus dias 

Quantas noites insones

De desejos arrebatados em lençóis 

De soslaio espio o jardim

São flores fora de estação 

Com fragrâncias de emoção 

Amarelas caem ao vento

Sorrio 

Ainda há tempo...


Jussara Rocha Souza

sexta-feira, 19 de março de 2021

Outono no coração

 



Novamente você chegou...

E as lembranças vem carregar o coração de saudade,

Todos outonos são assim...

Carregados de efemeridade,

Das mãos dadas na calçada...

O amor em noites estreladas,

A cumplicidade no olhar...

E o desejo louco de amar,

Você partiu em uma noite de inverno...

Deixando comigo o gosto amargo da despedida,

Ficou o porta retrato...

E uma lágrima caída,

Recordação de um dia de outono...

Quando jurei te amar por toda vida!


Jussara Rocha Souza

quinta-feira, 18 de março de 2021

Tudo de mim

 



Na cômoda da vida...

Guardei esperanças perdidas,

Havia gavetas de amores...

Com beijos de todos sabores,

Havia também gavetas de saudade...

Que guardavam felicidades,

Haviam tantas gavetas...

Mas todas com suas identidades,

Mas de uma não abro mão...

É a gaveta de meu coração,

Lá estão todos meus tesouros...

Família, amigos e vertedouros,

Não desaguam ouro...

Vertem sentimentos raros,

Hoje uma gaveta se abriu...

E dela você escapuliu,

Foi buscar liberdade...

Nos braços da felicidade.


Jussara Rocha Souza 


Nota: (Foto da cômoda de meu quarto com moldura vazia de pássaros e borboletas de dobradura feitos por mim.)

quarta-feira, 10 de março de 2021

Poesia sem cor

 



Senhor dai-me bons sentimentos,

Pois o coração está endurecido, feito cimento...

Como do mal te preservar,

Me mostra o que é amar...

Está tudo muito feio,

E pelo bem anseio...

Mas o mundo está cinza,

Ficou de tudo ranzinza...

A poesia,

Dantes falava de alegria...

Hoje só fala de tragédia,

Onde buscar  inspiração...

Com tanta dor no coração,

Por tanta falta de amor...

A poesia perdeu a cor.


Jussara Rocha Souza

Pandemia

 



A Deus peço firmeza..

Para lidar com tanta tristeza,

Meus amigos estão morrendo...

A vida se desfazendo,

Quanta impotência...

Manchada de sangue a inocência,

Crianças gemem em solidão...

Vendo seus pais em um caixão,

Estamos órfãos...

De pais,

Filhos...

Irmãos,

Morre todos dias a nossa nação. 

Jussara Rocha Souza 


A Deus peço firmeza..

Para lidar com tanta tristeza,

Meus amigos estão morrendo...

A vida se desfazendo,

Quanta impotência...

Manchada de sangue a inocência,

Crianças gemem em solidão...

Vendo seus pais em um caixão,

Estamos órfãos...

De pais,

Filhos...

Irmãos,

Morre todos dias a nossa nação. 

Jussara Rocha Souza

domingo, 7 de março de 2021

Todas mulheres que habitam em mim saúdam todas mulheres do mundo




Minha sina é ser Mulher, porque aqui ninguém mete a colher...

Já fui lavadeira, passadeira, faxineira e até parteira,

E tudo isto não me tirou a alegria de ser faceira...

Conheci a fundo a miséria, a dor da violência, 

Mas nunca perdi a essência...

Já fui pedreiro, marceneiro, eletricista,

Em tudo fui artista...

Se minha sina é ser Mulher,

Sou com muito gosto...

Me vejo em todas minhas companheiras,

Mulheres de todos sexos...

De todas bandeiras,

Mulheres de todas profissões...

Mulheres de todas missões,

Mulheres de saltos...

Mulheres de pés descalços,

Mulheres de todas as fé...

Mulheres mães,

Mulheres pais...

Mulheres de todas as sinas,

Que em mim habitam...

Musa de Djavan,

Princesa de muitos sonhos...

Dos versos que aqui componho,

Mulher, única, Mulheres...

Que me edificam,

E a mim ensinam...

Me identifico,

Se isto chamam de sina,

Eu chamo de vida...


Jussara Rocha Souza