A saudade passeava pela casa, com passos lentos absorvia todos velhos sentimentos.
Como pode estar tanto tempo longe dali, ainda traz impregnado na pele a marca, o cheiro do lugar... Como deixa a maresia na areia ao voltar para o mar.
Entrou em cada cômodo, revirou gavetas, olhou o espelho e suas muitas facetas, olhou a cama desfeita e sorriu, havia felicidade na saudade.
Saiu de mansinho como se não quisesse quebrar as lembranças, passeou pelo jardim e aspirou com tal intensidade o perfume do jasmim e foi levando consigo a fragrância exalando tênue como se fosse passos suaves da dança.
Então eu a vi, a saudade sentada com seu mais belo vestido no banco coberto de flores, hoje ela já não me traz dores. É amena, serena, com gosto de reencontro, como se eu deitasse a cabeça no ombro da saudade e brincasse de amores.
O frio do inverno e os dias cinzentos trazem a saudade a meus pensamentos, mas logo se dissipa como a geada que o sol lambe com seu raios e vai embora.
Levanto do banco e abro as janelas, deixo que a saudade se vá, sei que devo continuar até haver o reencontro.
Visto então meu melhor sorriso, olho para o pé de jasmim, há muito dele em mim...
Uma lágrima na face começa a brotar, e então penso que "pode voar alto um pássaro mesmo com uma asa quebrada".
Jussara Rocha Souza