quarta-feira, 29 de junho de 2022

Janelas da alma

 



Abri as janelas da alma

Coloquei violetas no parapeito 

Assim meio sem jeito

Entoei uma canção 

Ela falava de amores tardios

Quereres arredios

Do toque leve das mãos 

Mas era assim mesmo uma canção 

O sol estava lindo

E merecia deixar entrar a luz

Nunca mais escuridão 

Dizia o coração 

Continuei a cantarolar

E um pássaro parou a me fitar

Quando se abre a janela

Mesmo que seja uma fresta

A esperança vem nos visitar


Jussara Rocha Souza

quinta-feira, 2 de junho de 2022

Saudade é pássaro de asa quebrada

 



A saudade passeava pela casa, com passos lentos absorvia todos velhos sentimentos. 

Como pode estar tanto tempo longe dali, ainda traz impregnado na pele a marca, o cheiro do lugar... Como deixa a maresia na areia ao voltar para o mar.

Entrou em cada cômodo, revirou gavetas, olhou o espelho e suas muitas facetas, olhou a cama desfeita e sorriu, havia felicidade na saudade.

Saiu de mansinho como se não quisesse quebrar as lembranças, passeou pelo jardim e aspirou com tal intensidade o perfume do jasmim e foi levando consigo a fragrância exalando tênue como se fosse passos suaves da dança.

Então eu a vi, a saudade sentada com seu mais belo vestido no banco coberto de flores, hoje ela já não me traz dores. É amena, serena, com gosto de reencontro, como se eu deitasse a cabeça no ombro da saudade e brincasse de amores.

O frio do inverno e os dias cinzentos trazem a saudade a meus pensamentos, mas logo se dissipa como a geada que o sol lambe com seu raios e vai embora.

Levanto do banco e abro as janelas, deixo que a saudade se vá, sei que devo continuar até haver o reencontro.

Visto então meu melhor sorriso, olho para o pé de jasmim, há muito dele em mim...

Uma lágrima na face começa a brotar, e então penso que "pode voar alto um pássaro mesmo com uma asa quebrada".


Jussara Rocha Souza