quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Tempos difíceis




Olho para o céu,

Olhos cobertos de um véu...

Onde estás Senhor,

Que não vês nossa dor...

O homem das lixeiras faz seu alimento,

Idosos choram em lamento...

A solidão dos esquecidos,

A ceia natalina dos mendigos...

Que triste nosso mundo,

Peru na mesa do abastado...

Prato vazio na mesa do desempregado,

Será que de tudo isto somos culpados...

Onde estavas quando o mundo por ti gritava,

Escondido atrás de teus preceitos mesquinhos...

Precisamos voltar a ser meninos,

Hoje os sinos batem...

Os cães latem,

E meu coração sangra...

Não há motivo para dança,

Nem de encher a pança...

O momento é de reflexão,

De oração...

Gratidão,

E de pedir perdão. 


Senhora Smith

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

O silêncio dos inocentes

 


 


Estou perdendo a voz, não porque emudeci ou esteja com problemas nas cordas vocais.

Não tenho mais vontade de falar, cansei de bater todos dias na mesma tecla. Vivo em um mundo só meu, vivo de pensamentos, vivo o silêncio dos inocentes. 

Você não consegue mudar o que não pode ou não quer ser mudado, muitos me dizem é da natureza humana ser assim, mas eu não aceito.

Meu silêncio toca aquele que não pode falar, que foi calado a ferro, aquele que é ferido por ter menos, por não poder se manifestar por falta de tudo neste mundo desumano de dedos apontados, cruéis e falsos.

Sufoco este grito no peito, porque fui sujeitada a ele, não porque concordei ou desisti. Você talvez diga que covardia calar, covarde é aquele que nunca lutou, aquele que deu seus pensamentos em troca de favores.

Depois de muito lutar, de gritar tanto a ponto de morrer descobri que meu poder do silêncio não me deixaria abandonar a luta.

Sim, o silêncio que me acolhe, me acalma e me faz refletir. O silêncio que fiz por protesto tornou- se meu companheiro e conselheiro, estou perdendo a voz, porque quis calar, porque palavras doem e não podem ser voltada atrás. 

Muitas vezes as palavras maldosas mataram corações cheios de sonhos, hoje calo, porque ainda me restam esperanças. 

Hoje calo e falo com o olhar de quem tudo viu, sofreu e foi coagida a calar, meus olhos são minhas armas, meu sorriso o agradecimento de conseguir um auto conhecimento, minhas lágrimas de dor por um mundo muito cruel onde tudo é material. Não há covardia no meu calar, há cantos entoados carregados de sentimentos. 

Sei dar voz a mim e nela estão minhas letras, rosas, fragrância e atitudes que mesmo  caladas podem mudar o mundo.

Não se deixe contaminar, aja, o silêncio pode ser a resposta do seu coração dizendo ao mal NÃO. 

Senhora Smith

sábado, 19 de dezembro de 2020

Potes de felicidade




 Guardava felicidade em potes...

Dizia nunca poder faltar,

Havia potes de todas as cores...

Potes grandes e pequenos,

Sem nomes ou idades...

Apenas potes,

Recheados de felicidades...

Um dia a maldade,

De inveja quebrou seus potes...

Misturando seus conteúdos,

Envenenou assim a alegria...

Fez descrente a fantasia,

Mas a menina que não era boba...

Tirou do fundo da alma,

Um pote bem escondido...

Carregadinho de bondade,

E o preencheu de felicidade...

Porque para quem tem fé,

Potes nunca irá  faltar. 


Jussara Rocha Souza

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Sem pretensão


 


Ela falava de ti em si,

Com tamanha frenesi...

Falava das dores do mundo,

Do submundo...

Trazia nas letras,

Não o escrito das cátedras...

Mas o linguajar popular,

De quem sente o sangue pulsar...

Das sensações,

Emoções...

Por vezes tão contidas,

Que nos afetam de forma desmedidas...

Outras tão exuberante,

Que brotam lágrimas escondidas...

Não há métricas,

Simétricas...

Há revoluções constantes,

Em letras abundantes...

Não quero agradar ninguém,

Atirar areia nos olhos de alguém...

Quero escrever,

Escrever...

Sem pretensão,

Mas com emoção...

A você Clarisse,

Porque não posso guardar palavras!


Jussara Rocha Souza

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Apenas me toque


 




Me toque

Na alma

Na calma

Me toque 

Por inteiro

Seja sincero 

Me toque 

Profundamente 

Intensamente 

Me toque

Com doçura 

Sem amargura

Me toque 

Tanto

Que não  exista "entanto"

Me toque 

Com a sutileza

De quem ama

Com o fogo da paixão  

Que inflama 

Mas me toque

Sem retoque

Sem maquiagem

Rosto lavado

Corpo nu

Despida de pudores

De dores 

Apenas me toque


Jussara Rocha Souza

domingo, 6 de dezembro de 2020

Abraços

 



Preciso de abraços 

Fortes ou fracos

Somente abraços 

Daqueles que falam sem palavras 

Dos quais ansiavas

Abraços fraternos

Ternos

Amorosos

Carinhosos 

Abraços gentis

Sutis

Abraços 

Sem medos

Ou disfarces

Abraços 

Singelos 

De amor

De dor

De consolo

Sem dolo

Abraços é 

Deitar a cabeça no peito

E de teus braços ficar sujeito

Nestes meus versos

Meio sem jeito

Em pensamentos 

Poder te abraçar 


Jussara Rocha Souza 


Preciso de abraços 

Fortes ou fracos

Somente abraços 

Daqueles que falam sem palavras 

Dos quais ansiavas

Abraços fraternos

Ternos

Amorosos

Carinhosos 

Abraços gentis

Sutis

Abraços 

Sem medos

Ou disfarces

Abraços 

Singelos 

De amor

De dor

De consolo

Sem dolo

Abraços é 

Deitar a cabeça no peito

E de teus braços ficar sujeito

Nestes meus versos

Meio sem jeito

Em pensamentos 

Poder te abraçar 


Jussara Rocha Souza

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Meus versos íntimos

 Versos íntimos 


Vês! Ninguém assistiu ao formidável

Enterro de tua última quimera.

Somente a Ingratidão – esta pantera –

Foi tua companheira inseparável!


Acostuma-te à lama que te espera!

O Homem, que, nesta terra miserável,

Mora entre feras, sente inevitável

Necessidade de também ser fera.


Toma um fósforo. Acende teu cigarro!

O beijo, amigo, é a véspera do escarro,

A mão que afaga é a mesma que apedreja.


Se a alguém causa inda pena a tua chaga,

Apedreja essa mão vil que te afaga,

Escarra nessa boca que te beija!


Augusto dos Anjos


Meus versos íntimos 


É Augusto, teus versos íntimos 

Hoje também são meus

Carregam a dor triste do adeus

Quando lágrimas "sentidas"

A beira do túmulo são derramadas

Por cínicos de forma descarada

Quando em vida

Afundaram o dedo em tuas feridas

Hoje te beijam a testa

Em despedida

É  Agusto, nossos versos não são bonitos

É agonia, é  grito

Desvelam a alma recôndita 

Que a muitos ferem e escondem

Hoje teus versos íntimos 

São meus


Jussara Rocha Souza