segunda-feira, 30 de maio de 2011

FANATISMO




Com minha alma em completa nudez,
Me escondo em meu exílio imaginário...
Fraco me entrego a languidez
Teu rosto meu triste cenário.

Aceitei ser seu segredo.....
Teu amor meu conformismo,
No meu teatro és o enredo
Não sei se vida ou abismo.

Te quero com sofreguidão...
Causa do meu mutismo,
minha companheira a solidão
Você meu fanatismo.

Em meu ser te hospedo...
Como um romance proibido,
Te desnudo entre vinhedos
Onde expresso meu libido.

Segredo, guardado com fidalguia...
Escrito em poemas e versos
Como o lobo e a águia
Solitários em nosso universo

quarta-feira, 18 de maio de 2011

ÁLIBI




Li tua "confissão" e diante dela te pergunto:

Por que me condenas?
Se me condenas por amar, por querer a quem não posso ter...

Hás de condenar o mundo, que grita e pranteia a falta do ser.

Então pode me matar, aceito calada a pena imposta... Nada mais me importa!

Já vivo a prisão da solidão, que o perpetuou no coração.

Atire a primeira pedra aquele que nunca amou, aquele que nunca desejou!

Se serei culpada não sei, amei com a fome do amor e da paixão, enlouqueci e de prazer o saciei!

Se me acusam, acusam também a ele. Que pediu, insistiu e eu me entreguei, sei também me quer, reconheço no meu seio de mulher.

Se algum crime cometi, não me arrependo, não quero perdão.

Meu álibi? Ele! Meu coração.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

O JARDIM DO INCONSCIENTE.




É primavera e os jardins estão cobertos de flores, as árvores frondosas convidam para sua sombra. Em meio a tão bela paisagem surge ao fundo o mar que com seus mistérios serena-se para ouvir o burburinhos das conversas. Aos poucos o jardim vai ficando tomado de pessoas, que se aglomeram em grupos, abraços, beijos, todos querem um lugar a sombra para sentar. São muitos! velhos, novos, alguns muito meninos, todos querem falar, se divertir, todos tem o que contar. Aceno para Vânia, uma moça loira, de olhos claros, beijo seu rosto e ela quase com sofreguidão agarra minhas mãos, me pergunta se trouxe noticias de Flávio, está com muita saudades, me conta sobre o dia em que ele saiu e não mais voltou, lágrimas turvam sua visão diante de meu silêncio, diz que me odeia e que sou culpada por ele não voltar. Saio atrás dela, quando de repente esbarro em Luiz, que me convida para sairmos dali, digo que não posso acompanha-lo mas que fico extremamente honrada em lhe acompanhar num lanche ali mesmo no jardim. Luiz é um cara legal, apesar do vicio da bebida, era um jogador famoso com a idade veio a decadência e o alcoolismo.
Vânia retorna trazendo junto de si Dona Norma, bonachona, assim como a figura de uma mãe, sorridente mostra a boca desdentada, faz tricô com ninguém, entrego a ela uma cesta cheia de lãs, ela sai sorrindo puxando o novelo pelo jardim.
Vânia e Luiz divertem-se correndo atrás dos fios de lã e o jardim vira uma algazarra, eu fico ali os observando, noto que em outro extremo do jardim, uma família estendeu uma toalha na grama e juntos fazem um piquenique, a atenção é toda para um menino, que os olha ferozmente, mostrando sua insatisfação em estar ali.
Uma gritaria me tira a atenção da cena do menino, alguém está batendo em alguém, não consigo visualizar direito, todos estão em volta do tumulto, meio que assustada resolvo me retirar do jardim, quando alguém pega minha mão.
Meu primeiro impulso é de fugir, mas quando olho seu rosto mudo de opinião, ele é um conde e assim como todos os condes é gentil, cavalheiro, me convida a sentar e me encanta com suas histórias de condessas, príncipes e princesas.
O sol começa a se por e os pássaros a recolherem-se em seus ninhos, e eu fico os olhando, Vânia, Luiz, Dona Norma, o menino, o conde, fulano, ciclano, opressores, oprimidos, viciados, gente perdida em um abismo de consciência, escritores, doutores, pedreiro, costureira, pessoas, seres humanos.
Me despeço do conde, que gentilmente beija minha mão, no portão um último aceno.
Prometo voltar quarta que vem, termina mais um dia de visita no hospital psiquiátrico. Lágrimas me descem a face.