quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Tempos difíceis




Olho para o céu,

Olhos cobertos de um véu...

Onde estás Senhor,

Que não vês nossa dor...

O homem das lixeiras faz seu alimento,

Idosos choram em lamento...

A solidão dos esquecidos,

A ceia natalina dos mendigos...

Que triste nosso mundo,

Peru na mesa do abastado...

Prato vazio na mesa do desempregado,

Será que de tudo isto somos culpados...

Onde estavas quando o mundo por ti gritava,

Escondido atrás de teus preceitos mesquinhos...

Precisamos voltar a ser meninos,

Hoje os sinos batem...

Os cães latem,

E meu coração sangra...

Não há motivo para dança,

Nem de encher a pança...

O momento é de reflexão,

De oração...

Gratidão,

E de pedir perdão. 


Senhora Smith

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

O silêncio dos inocentes

 


 


Estou perdendo a voz, não porque emudeci ou esteja com problemas nas cordas vocais.

Não tenho mais vontade de falar, cansei de bater todos dias na mesma tecla. Vivo em um mundo só meu, vivo de pensamentos, vivo o silêncio dos inocentes. 

Você não consegue mudar o que não pode ou não quer ser mudado, muitos me dizem é da natureza humana ser assim, mas eu não aceito.

Meu silêncio toca aquele que não pode falar, que foi calado a ferro, aquele que é ferido por ter menos, por não poder se manifestar por falta de tudo neste mundo desumano de dedos apontados, cruéis e falsos.

Sufoco este grito no peito, porque fui sujeitada a ele, não porque concordei ou desisti. Você talvez diga que covardia calar, covarde é aquele que nunca lutou, aquele que deu seus pensamentos em troca de favores.

Depois de muito lutar, de gritar tanto a ponto de morrer descobri que meu poder do silêncio não me deixaria abandonar a luta.

Sim, o silêncio que me acolhe, me acalma e me faz refletir. O silêncio que fiz por protesto tornou- se meu companheiro e conselheiro, estou perdendo a voz, porque quis calar, porque palavras doem e não podem ser voltada atrás. 

Muitas vezes as palavras maldosas mataram corações cheios de sonhos, hoje calo, porque ainda me restam esperanças. 

Hoje calo e falo com o olhar de quem tudo viu, sofreu e foi coagida a calar, meus olhos são minhas armas, meu sorriso o agradecimento de conseguir um auto conhecimento, minhas lágrimas de dor por um mundo muito cruel onde tudo é material. Não há covardia no meu calar, há cantos entoados carregados de sentimentos. 

Sei dar voz a mim e nela estão minhas letras, rosas, fragrância e atitudes que mesmo  caladas podem mudar o mundo.

Não se deixe contaminar, aja, o silêncio pode ser a resposta do seu coração dizendo ao mal NÃO. 

Senhora Smith

sábado, 19 de dezembro de 2020

Potes de felicidade




 Guardava felicidade em potes...

Dizia nunca poder faltar,

Havia potes de todas as cores...

Potes grandes e pequenos,

Sem nomes ou idades...

Apenas potes,

Recheados de felicidades...

Um dia a maldade,

De inveja quebrou seus potes...

Misturando seus conteúdos,

Envenenou assim a alegria...

Fez descrente a fantasia,

Mas a menina que não era boba...

Tirou do fundo da alma,

Um pote bem escondido...

Carregadinho de bondade,

E o preencheu de felicidade...

Porque para quem tem fé,

Potes nunca irá  faltar. 


Jussara Rocha Souza

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Sem pretensão


 


Ela falava de ti em si,

Com tamanha frenesi...

Falava das dores do mundo,

Do submundo...

Trazia nas letras,

Não o escrito das cátedras...

Mas o linguajar popular,

De quem sente o sangue pulsar...

Das sensações,

Emoções...

Por vezes tão contidas,

Que nos afetam de forma desmedidas...

Outras tão exuberante,

Que brotam lágrimas escondidas...

Não há métricas,

Simétricas...

Há revoluções constantes,

Em letras abundantes...

Não quero agradar ninguém,

Atirar areia nos olhos de alguém...

Quero escrever,

Escrever...

Sem pretensão,

Mas com emoção...

A você Clarisse,

Porque não posso guardar palavras!


Jussara Rocha Souza

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Apenas me toque


 




Me toque

Na alma

Na calma

Me toque 

Por inteiro

Seja sincero 

Me toque 

Profundamente 

Intensamente 

Me toque

Com doçura 

Sem amargura

Me toque 

Tanto

Que não  exista "entanto"

Me toque 

Com a sutileza

De quem ama

Com o fogo da paixão  

Que inflama 

Mas me toque

Sem retoque

Sem maquiagem

Rosto lavado

Corpo nu

Despida de pudores

De dores 

Apenas me toque


Jussara Rocha Souza

domingo, 6 de dezembro de 2020

Abraços

 



Preciso de abraços 

Fortes ou fracos

Somente abraços 

Daqueles que falam sem palavras 

Dos quais ansiavas

Abraços fraternos

Ternos

Amorosos

Carinhosos 

Abraços gentis

Sutis

Abraços 

Sem medos

Ou disfarces

Abraços 

Singelos 

De amor

De dor

De consolo

Sem dolo

Abraços é 

Deitar a cabeça no peito

E de teus braços ficar sujeito

Nestes meus versos

Meio sem jeito

Em pensamentos 

Poder te abraçar 


Jussara Rocha Souza 


Preciso de abraços 

Fortes ou fracos

Somente abraços 

Daqueles que falam sem palavras 

Dos quais ansiavas

Abraços fraternos

Ternos

Amorosos

Carinhosos 

Abraços gentis

Sutis

Abraços 

Sem medos

Ou disfarces

Abraços 

Singelos 

De amor

De dor

De consolo

Sem dolo

Abraços é 

Deitar a cabeça no peito

E de teus braços ficar sujeito

Nestes meus versos

Meio sem jeito

Em pensamentos 

Poder te abraçar 


Jussara Rocha Souza

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Meus versos íntimos

 Versos íntimos 


Vês! Ninguém assistiu ao formidável

Enterro de tua última quimera.

Somente a Ingratidão – esta pantera –

Foi tua companheira inseparável!


Acostuma-te à lama que te espera!

O Homem, que, nesta terra miserável,

Mora entre feras, sente inevitável

Necessidade de também ser fera.


Toma um fósforo. Acende teu cigarro!

O beijo, amigo, é a véspera do escarro,

A mão que afaga é a mesma que apedreja.


Se a alguém causa inda pena a tua chaga,

Apedreja essa mão vil que te afaga,

Escarra nessa boca que te beija!


Augusto dos Anjos


Meus versos íntimos 


É Augusto, teus versos íntimos 

Hoje também são meus

Carregam a dor triste do adeus

Quando lágrimas "sentidas"

A beira do túmulo são derramadas

Por cínicos de forma descarada

Quando em vida

Afundaram o dedo em tuas feridas

Hoje te beijam a testa

Em despedida

É  Agusto, nossos versos não são bonitos

É agonia, é  grito

Desvelam a alma recôndita 

Que a muitos ferem e escondem

Hoje teus versos íntimos 

São meus


Jussara Rocha Souza 


segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Que tal deixar a essência perfumar a existência

  



Existia paz, e por N razões o homem inventou a guerra.

Hoje países vivem em constante desordem familiar, financeira e social em uma rotina de lutas e dores fabricado pelos senhores da terra.

Mas no mundo inteiro o ser humano tem enfrentado batalhas gigantescas criadas por ele próprio ou indiretamente a si por outro ser  de sua espécie. É corrupção, pandemia, crimes brutais, chefes de poder que não sabem conduzir sua nação levando a destruição. 

É falta de tudo, de educação, de solidariedade, empatia, de respeito.

A miséria assola o mundo, muito se aprendeu, mas também muito se perdeu. O homem caminha a passos largos ao retrocesso, enquanto  as maravilhas da internet ganham o mundo, os horrores criados por mentes diabólicas avançam sem medida por ela. Pedófilos, terroristas, golpistas, tarados, criminosos de todas espécies  habitam nas redes sociais escondidos atrás de falsos perfis  roubando, extorquindo e tirando a vida material e psiquicamente de milhares de pessoas.

Isto é apenas uma pequena porcentagem do que está se passando no mundo, as pessoas adoeceram e junto adoecem o mundo, não sabem sorrir, não sabem amar. 

Olhe as ruas, é usuários de drogas por todos lados, imagens degradantes de pessoas comendo restos de comidas em lixeiras, e isto visto de um lugar melhor e você já esteve lá onde a miséria, a droga e os abusos de toda espécie vivem diariamente com as famílias?

Sei que não há só dor, mas em minha humilde sabedoria do que nada sei posso afirmar que o mundo ruge e grita em desespero.

E não há nada que possa vir a muda-las senão a mudança dentro de cada um de nós, nascemos vazios e o que aprendemos desde a infância é que vai nos preenchendo, ensine coisas boas, dedique-se a seu filho, de mais educação e amor do que bens materias.

A vida é uma roleta russa hoje você mata, amanhã você morre.

Plante boas coisas, espelhe perfumes, encha o ar de bons aromas, seja você a essência mais pura do mundo e sua fragrância com certeza habitará em outros lugares ajudando a perfumar este mundo com amor.

Me resta ainda esta essência no fundo da alma, sei que também conservas a tua que tal espalharmos pelo ar para que se multiplique em ações de paz, amor, liberdade e igualdade.


Jussara Rocha Souza

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Putrefação




Teu sorriso nos lábios 

Esconde as noites insones

Quando tua consciência 

Denúncia tua essência 

Não há castigo maior

Que a doença da alma

Daquele que finge calma

Quando no submundo do cérebro 

Guarda crimes ocultos 

Então vê vultos

Diz ser perseguido

Mas o que realmente te persegue

É tua consciência pesada

Quando finges o que não és 

Para poderes ser amada

Teu corpo bonito

Esconde o quanto podre está por dentro

Os vermes da solidão 

Denúncia a putrefação de teu coração 

Pena que não percebas

Que as glórias por ti vividas

São frutos de tua consciência corroída 


Jussara Rocha Souza

domingo, 22 de novembro de 2020

O poeta em sua solidão




Poetas são solitários,

Guardam emoções em "armários "

Se deleitam nas páginas escritas,

Emoções por ele nunca vividas...

Não entendo essa ansiedade...

Será coisas da idade?

Um turbilhão de emoções...

Aflora minhas sensações,

Parece me esvair a vida...

Tenho a desejado sem medida,

Uma ânsia tresloucada...

De viver apaixonada,

Sentir o coração acelerar...

O frio na barriga,

As pernas bambear...

Cansei de amar pequeno,

Quero ficar sem ar...

Não porque o pulmão parou de funcionar,

Não quero morrer...

Sem conhecer o que é amar,

Embora o conheça nas letras...

Quando de minha alma te apossas ...

Serei sempre poeta e em minha solidão,

Vivo o amor de forma cruel,

Nas linhas de um papel.


Jussara Rocha Souza

terça-feira, 10 de novembro de 2020

Milagre da vida



Quando o dia amanhece...

Uma vida que nasce,

Outra que adormece ...

E o sentido da vida,

Você acha que conhece...

Mas quando a lágrima desce,

O coração de tudo esquece...

Só  quer uma nova chance,

Quer que tudo recomece...

Mas quando o corpo dorme,

Nada mais acontece...

E a saudade aperta o peito,

A falta dele no leito...

Então chora a criança,

Devolvendo a esperança...

É o menino que nasce,

E o milagre de novo acontece...


Jussara Rocha Souza

terça-feira, 3 de novembro de 2020

Editorial Sobre a morte de #Simone Souza




Muitas pessoas indagando o que ela estaria fazendo lá, se ela não teria marcado encontro com ele e um monte de perguntas sem necessidade ou cabimento.

Ela poderia ficar nua na frente de um homem, poderia esfregar seu órgão genital nele e assim mesmo ele não teria o direito de fazer o que fez.

Parem de achar motivo para estrupador, tarado,  hoje foi ela, amanhã poderá ser você. 

Existe um maníaco solto e pode vir fazer pior, não interessa onde e com quem estava, de que maneira ela se veste.

Só de pensar no sofrimento desta menina eu sofro, imagina ela, o medo, a dor, a impotência diante de um monstro.

Justiça, eu clamo por justiça, mundo podre onde políticos falam em segurança e deixam o povo a mercê destes seres desprezíveis, juízes  macomunados com advogados que soltam estes pulhas.

Estamos com medo de trabalhar, de sair, namorar, se divertir, medo por nossos filhas, netas, mãe, irmãs, ser mulher virou motivo de medo.

Não vou calar, até que este monstro seja preso, mães não passem a mão em filhos estrupadores, denunciem, gente assim estrupa irmã, filha sem dó ou piedade.


Mulheres do meu Rio Grande, grite por Simone, grite por nós, grite por você. Se tentarem lhe calar, escreva, bata o pé, faça sinais, mas não deixe que mais mulheres venham a morrer.


Quero justiça, por mim, minhas filhas, netas, irmãs, antepassadas, mulheres.


Jussara Rocha Souza

Não nos deixe morrer




Hoje nossa terra foi manchada de sangue,

Nossas filhas foram estrupadas...

Nossa carne foi arrancada a dentadas,

Hoje cada um  de nós perdeu uma filha, irmã, menina, mulher...

Estou revoltada,

Embrulhada...

Eu não sei quem era Simone,

Não a conhecia...

Mas a sua dor hoje é minha,

Meu âmago grita por justiça...

Não deixe que eu desista,

Não nos deixe morrer...


Jussara Rocha Souza 

domingo, 1 de novembro de 2020

E agora Maria?


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Maria cresceu ali, no Bairro da Lata, lugar onde tudo era precário, saúde, saneamento, água potável, sem falar no índice elevado de pobreza e desemprego.

A superlotação fazia com que as residências fossem inseguras, juntava-se a estes fatos o crime, tráfico de drogas e o alcoolismo entre tantas outras dificuldades.

Maria cumpriu o mesmo destino da mãe, com quinze anos já carrega um filho nos braços, largou os estudos e foi morar com Pedro, a mãe pouco se importou uma boca a menos a mesa.

A vida seguia seu curso, Maria trabalhava de empregada doméstica e Pedro em uma padaria à noite, neste tempo já eram três os meninos. As dificuldades não os assustava e sim ter de criarem os filhos em meio a tanta violência, isto os deixava apreensivos.

Pedro fazia todos os dias o caminho de casa às cinco horas da manhã, hora em que Maria já estava saindo para pegar sua primeira condução, chegando perto de casa Pedro é atingido mortalmente com uma bala perdida em confronto de policiais com o tráfico.

A vida já precária fica agora duplamente complicada, ter que trabalhar, conviver com a dor da perda e ter de deixar os filhos entregues a própria sorte enquanto trabalha, está lhe tirando as noites de sono.

Olha-se no espelho e não mais vê aquela menina de dez anos atrás, o peso da vida lhe dava o dobro de idade e, no entanto só tinha vinte e cinco anos.

Diz que o tempo tudo cura e Maria foi à luta, levanta-se quatro horas da manhã, prepara almoço, escreve as ordens do dia, beija um a um e sai para o trabalho.

Espanta a preocupação e a tristeza cantando, foi assim desde pequena, sua paixão era o forró e o som animado das músicas era sua alegria durante o árduo trabalho e as conduções sempre lotadas.

Passado o tempo com as crianças já maiores e a vida em sua rotina habitual, Maria começa devagarzinho a sair e o forró passa a ser sua única diversão. Todos os sábados ela dá janta aos meninos e os põem na cama e quando adormecem fecha a porta a chave e sai.

No começo ficava apreensiva com os meninos, mas como sempre dava tudo certo começou a descansar-se e a cada dia ficava até mais tarde no forró, afinal pensava:_ Também sou filha de Deus, nem só de trabalho vive o homem!

Dentro do forró Maria transforma-se, seu rosto remoçava e dançava a noite toda sem parar, o barulho ensurdecedor da música abafava qualquer som que viesse de fora.

O temporal desaba sem piedade, a chuva torrencial e o vento vêm derrubando tudo que encontra pela frente, as paredes do barraco balançam, as crianças gritam e choram em desespero.

Maria chega à favela com suas sandálias na mão e um sorriso no rosto, mas depara-se com policia, bombeiros e ambulâncias por todo o lado, corre em direção ao barraco e só vê terra.

Um grito lhe solta da garganta, coloca as mãos na cabeça e petrificada com a cena chora em total desvario. E agora Maria?

Vozes gritam em sua direção: -Mamãe, mamãe estamos aqui!

Maria deu graças a Deus e jurou que a partir daquele dia jamais iria deixar os filhos sozinhos novamente.

Nota do autor: Diariamente crianças morrem ou sofrem acidentes gravíssimos que os deixam marcas para toda a vida por estarem sozinhos em casa sem acompanhamento de adultos.


quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Lucioles( vagalumes)




A noite e seus medos,

E com eles seus exageros...

Sombras e monstros,

Ora se esvai, ora se mostram...

Em sua inocência,

Prende no vidro vagalumes...

Para que em sua escuridão,

Fossem seu lume...

Tamanha decepção,

O que aconteceu com seu lampião?

Cruel constatação...

Ninguém preso consegue iluminar,

Triste, dorme de tanto chorar...

Amanheceu,

E de novo veio a noite...

O medo seu açoite,

Olhos fechados...

Uma luz reflete seu retrato,

As pálpebras abrem devagar...

Na janela a brilhar,

Vagalumes passam a noite a vigiar...


Briller, briller les lucioles!


Só há luz, se houver liberdade...


Jussara Rocha Souza

terça-feira, 27 de outubro de 2020

Flerte




Flertei com as estrelas,

Da área do meu prédio...

Achei que estava doida,

Isto deve o ser tédio...

Mas eis que de repente,

Do outro lado da rua...

Alguém displicente,

Flertava com a lua...

Um olhar no meu olhar,

Lua e estrela no mesmo patamar...

Amanhã na área vou voltar,

Entro correndo...

Calendário consultar,

Amanhã a noite eclipse lunar...


Jussara Rocha Souza

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Recordações




A casinha das flores,

No canto da esquina...

Recordações de tantos amores,

Em suas paredes...

Guarda nomes e segredos,

Rabiscados com desejos...

Foi ali, furtivos,

Trocamos o primeiro beijo..

Apaixonado,

O tempo passou...

O vento nossas juras levou,

Sentada na varanda...

Cabelos branquinhos,

Fico olhando a esquina...

O teu e meu nome escrito lá,

Casinha das flores...

Vives na memória de tantos amores.


Jussara Rocha Souza

Um sublime canto




Sentada a beira do caminho,

Já não me sinto sozinho...

É um pássaro a cantar,

Um canto de arrepiar...

Um sublime canto

São as vozes da natureza,

Me convidando a contemplar...

Embriagada de tanta beleza,

Me ponho a chorar!

Sentada a beira do caminho,

Já não me sinto sozinho...

É um pássaro a cantar,

Um canto de arrepiar...

Um sublime canto

São as vozes da natureza,

Me convidando a contemplar...

Embriagada de tanta beleza,

Me ponho a chorar!

domingo, 18 de outubro de 2020

Será que é amor?




Se teus olhos refletem a tua imagem,

Creio que vejo miragem...

De tão bonito teu olhar,

Quando neles me vejo...

 Desperta o desejo,

Da vontade de te amar...

Mas se por engano,

Os vejo em outra direção...

Me acelera o coração,

E me vem o desencanto...

Mas é breve momento,

Você me olha a sorrir...

Vai embora o sofrimento,

Será amor o que sinto?

Isso não sei...

Mas embriaga mais que absinto!


Jussara Rocha Souza

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

O fio da navalha

 



O sangue escorria no chão e misturava-se ao encardido da tábua. 

Em um canto do aposento um ser quase de cera olhava para os pulsos cortados e sorria, um riso louco, desvairado quase cômico se não fosse trágico.

Dias antes tinha dado sinais de desequilíbrio, mas como já tinha tido crises anteriores a família imaginou que ia passar.

A mãe tentou conversar, saber o que estava acontecendo, já tinham passado dias sombrios  juntas, eram amigas e a mãe acreditava que ela lhe contava tudo. Foi oferecido psicólogo e até mesmo psiquiatra mas ela recusou, vinha melhorando e aqueles tempos difíceis ficaram lá atrás, como uma lembrança ruim do passado.

Com a pandemia e a suspensão das aulas, veio a monotonia da rotina de casa, o fim do namoro e a vida batendo de frente, esfregando no rosto as dificuldades da transição entre a adolescência e a fase adulta.

Parecia ser forte, e muitos achavam  ela superior, de uma inteligência exepcional e engajada nas lutas pelas classes mais desfavorecidas, ela sempre tinha a resposta certa e saía em defesa daqueles que ela acreditava não poder se defender.

Mas então a pandemia chegou e o que os dias corridos escondiam em seu coração aflorou, a depressão cresceu e corroeu o seu interior, entristeceu os olhos da moça e fez de seu sangue uma poça. 

Será que ninguém percebeu? Há quantos dias estava trancada em seu quarto? Ratos sugavam com avidez o sangue já coagulado.

Ninguém queria acreditar que a líder da turma, a defensora das causas feministas, a menina que iria mudar o mundo perdeu sua própria luta.

Morreu sorrindo desafiando a morte como desafiava a vida.

Pobre menina seus sonhos eram tão grandiosos e não aguentaram uma sociedade podre e injusta e tão pequena para ela.

Você achou horrível este relato? Mas ele acontece todos os dias com pessoas de todas as idades.


O vírus mata mas a angústia de não conseguir mudar o mundo transforma sonhos em dor e pode matar.

É o fio da navalha...


Jussara Rocha Souza

terça-feira, 13 de outubro de 2020

sábado, 10 de outubro de 2020


 Crônica 


Será que sempre voltamos ao início 


Não sei a razão, mas ficamos condicionados desde a maternidade a alguém. Primeiro a necessidade de alguém para alimentar, vestir ou cuidar por sermos incapazes, depois ao longo do crescimento continuamos condicionados a alguém e quando vimos estamos apaixonados e por mais individualistas que somos lá vem a paixão e sobrepõe a razão. 

Mas voltamos ao condicionamento e suas razões ou não razões, e se chega a adolescência revoltados, idealistas e nossos pais passam a ser tudo que impede nossa liberdade. Morar sozinho, viajar, escolher quem eu quiser para amar ou viver.

" Nunca irei me condicionar a alguém "

E cá estou casado com filhos e condicionado a uma vida que disse jamais querer para mim, e lá se foram vinte e poucos anos.

O que nos leva a outros caminhos, a vida ou nós mesmos. Hoje me pergunto cadê o idealista, o revoltado, que iria mudar o mundo.

Então se vão cinquenta e nove anos e onde você está? Me pergunto: o que me fez mudar? E como na maternidade continuo condicionado à alguém, será medo? 

E você?

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Me deixem em paz com meus cabelos brancos




Revoltada com uma sociedade machista e a falta de empatia de mulher para mulher.

Tenho cabelos brancos, porque decidi querer não mais pintar, me acho linda com meus prateados. Mas todos dias recebo comentários  de como: como envelhece cabelos brancos, vai pintar estes cabelos, queres que te compre uma tinta?

E o pior que a maioria dos comentários vem de mulheres.

Não gosto de maquiagem, raramente uso batom e lápis de olho, não decidi isto hoje, não uso desde jovem. Estes dias uma amiga disse para mim, tu nem parece mulher, não tem vaidade, não usa salto, não usa maquiagem e não pinta os cabelos. 

Gente sou muito mulher, não preciso de certas coisas para provar isto.

Tenho um corpo legal pra minha idade, sou cheirosa e sei ser muito sensual se quiser.

Não estou neste mundo para provar nada a ninguém, amo minhas rugas, sou jovem na mente, sempre procurando novos conhecimentos.  Tem aspectos sim que eu gostaria de melhorar e não seriam estéticos e sim necessários, mas me falta dinheiro. 

O que me revolta é tu ser dispensada de uma vaga de serviço por não se adequar aos padrões de beleza, tu ser apontada como velha por não querer tingir o cabelo, ou te acusar de não gostar de ser mulher por falta de um salto.


Para tua informação minha beleza está na alma e desta sim, não abro mão. 

Amo uma langerie bem sensual, um perfume bom(sem exagero), um óleo no corpo.

Mas nada me chama mais atenção de um olho no olho e uma conversa pra lá de interessante.

Mas isto só diz respeito à mim.

Portanto você, seja como queres e me deixe em paz com meus cabelos brancos. 


Jussara Rocha Souza

domingo, 27 de setembro de 2020

Um olhar no horizonte




Colocou o chapéu no criado mudo,

Sentou na cama...

E com a cabeça entre as mãos,

Chorou...

Tanto que adormeceu,

No outro dia não mais acordou...

Passa os dias sentado a beira da janela,

Olhos fixos no horizonte...

Não fala, 

Não demonstra nenhuma reação...

Ninguém sabe o que aconteceu naquele dia,

Tinha saído para ir a padaria...


Jussara Rocha Souza

sábado, 26 de setembro de 2020

A viagem




Era muita angústia, ansiedade...

Arrumei todos sentimentos dentro das malas e resolvi mudar de cidade,

Arrumando as malas já me vi melhor...

Imaginei o novo lugar,

Pensei: Lá com certeza há de melhorar...

Os primeiros dias foram de sol,

Sentimentos continuavam fechados...

Mas sei lá o porquê,

Ou como...

Arrombaram a fechadura,

Tentei fechar a mala e não conseguia...

Viagem interrompida,

Não é cidade, país ou estado...

Que faz felicidade,

Desfiz minha bagagem...

Vou realizar a viagem,

Desta vez...

Dentro de mim.


Jussara Rocha Souza 


Nota do autor: Muitos escritores escrevem na primeira pessoa( Clarisse Lispector) e isto não quer dizer que escreva sobre si.

Eu escrevo na primeira pessoa pois quando escrevo me visto de poesia e consigo sentir o que relato.

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

O grito


 O grito


Calei tanto que emudeci, parecia normal não ter voz.

Era amada por todos...

Mas dentro de mim haviam dores, muitas delas inenarráveis, cruéis. 

Meus olhos então sangraram e a voz presa se fez ouvida...

Eu gritei tanto, mais tanto que pensaram que tinha enlouquecido. Era um grito de décadas de subserviência, de anulação. 

Hoje muitos dizem que não sou mais a mesma, não compreendem como posso ter mudado tanto.

Eu era "amada" porque era conveniente para eles e para estes não me interessa mais o que sentem e pensam de mim.

Afinal se Deus me deu a voz é para falar e que sirva para falar de Liberdade!

Jussara Rocha Souza 

terça-feira, 22 de setembro de 2020

Exageros da alma

 Exageros da alma


As paixões são um exagero da alma,

 Poderia ter ficado tranquilo...

Conservado minha calma,

Mas quem resiste a um coração acelerado...

Contra ela, não há argumentos 

Há pernas bambas,

Sentimentos descontrolados...

Sim, as paixões são os exageros da alma,

Do beijo sugado, molhado...

De corpos suados,

Quem nunca desejou estes exageros...

De paladares e cheiros,

De lençóis amassados...

De desejos incontroláveis,

O tempo passando...

 Você acha que nem mais sente,

Que se permitiu viver a calma...

Mas um olhar te pega desprevenido,

E lá estão eles...

Os exageros da alma!


Jussara Rocha Souza


sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Borboletas na janela

 Borboletas na janela 


Minha alma cristalina,

Ao ver tantas dores desanima...

É a crueldade humana em atividade,

Desafiando a bondade...

Mas todos dias,

Renovo minhas esperanças...

Naquele que jamais nos abandona,

Vejo borboletas na janela...


Jussara Rocha Souza


quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Minhas letras, minhas armas

 Lute, não se cale, faça sua parte, dar exemplo, conscientizar já é o princípio do caminho.


Minhas letras minhas armas.


Se você visse sua casa em chamas e no seu interior estivesse seus filhos. Pensa no seu desespero...

Sua casa(o mundo) está em chamas, nossos animais morrendo, casas queimando, pessoas em perigo.

Você não se sente aflito? E se fosse teu lar? E se fosse aquele teu animalzinho de estimação que tanto você ama?

Meu post não é político, é meu grito de dor e desespero de ver meu lar ardendo em chamas.


Minhas letras, minhas armas.

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Semeador de amor

 O vento que sopra, 

A ti sufoca...

 Para ele é o ar que faltava,


Seja semeador de amor

Você consegue?

Eu não, não porque não quero, "apenas" não consigo.

Todos somos capazes, mas a dor atinge cada um de uma forma diferente, se você conseguiu vencer seus desafios, seja solidário com quem não consegue.

Os juízes da vida estão se multiplicando todos dias, apontam dedo, condenam e até matam.

A vergonha de não conseguir superar a dor está condenando pessoas a solidão e ao suicídio. 

A fé é um ajudador nas horas de angústia, mas o doente nestes momentos não consegue ou não  tem forças para executar esta fé, tentar empurrar guela abaixo suas crenças não irá ajudar, mesmo que tenha boas intenções. 

Por trás de toda angústia, ansiedade ou depressão tem uma história, uma dor, um problema não resolvido. 

A amargura é o veneno da alma, como um metal ao relento vai enferrujando e corroendo o coração. 

Depois de adoecer o íntimo como um câncer adoece a mente e o corpo.

Procurar ajuda profissional é o primeiro passo, e não cabe a cada um de nós julgar, um abraço vale mais que mil palavras. 

Seja semeador de amor!


Jussara Rocha Souza


terça-feira, 15 de setembro de 2020

Oi, vamos conversar ...

 Oi, vamos conversar...


Um dia a vida te exigiu ser forte, você chorou, esperneou e achou que não conseguiria.

Pensou,  porque comigo?

Mas depois lembrou  que precisa chover para a planta florescer, as borboletas vem de uma metamoforse lenta e dolorida.

Quando nascemos não sabemos falar, caminhar e a vida nos ensina, mesmo não tendo quem nos ensine ou dê a mão. Faz parte da natureza humana ser forte, uns mais outros menos mas todos com capacidade de lutar.

Hoje vi você frágil e fiquei preocupada, mas pensei na fragilidade das pétalas das rosas e no seu aroma que encanta todos, lembrei de um temporal em que a chuva bateu muito forte em meu jardim.

Levantei pela manhã triste só de pensar em minha roseira desfolhada e ela estava lá imponente, majestosa.

A ansiedade nos impõe medos inexistentes e cruéis, sofremos por antecipação. E como controlar um coração descontrolado, querendo pular fora do peito.

Como negar sentir o que se sente. Só quero te dizer que te compreendo e que estou aqui.

Senta aqui minha filha, nosso papo apenas começou e ainda teremos muitos caminhos de mãos dadas a trilhar.


domingo, 6 de setembro de 2020

Eternos

 O nevoeiro esconde o rosto atrás da vidraça,

Posso imaginar  sua cara de pirraça...

Sigo o caminho, sorriso bobo no rosto

Juntos temos 120 anos,

Ela tão menina...

Eu tão moço. 


Jussara Rocha Souza


sábado, 5 de setembro de 2020

Seja doce

 Você já tomou chá de losna?

Um chá muito amargo e difícil de tomar, quem sorve deste chá é por máxima necessidade. 

Com a amargura também é assim, se faça presente por amor e não por necessidade ou obrigação. 

Seja a erva doce, a camomila, cidreira ou hibisco do chá de alguém. 

Que eu possa ser a erva doce do teu chá, bom dia!


terça-feira, 1 de setembro de 2020

Porta retrato

 Há um porta retrato no criado mudo de minha memória. 

Fotos de um rosto repleto de sorrisos, que todos os dias me convida a recordar.

Jussara Rocha Souza


Saudades

 A chuva tem cheiro de saudade,   enquanto uma molha a terra, a outra molha a face. Até que o sol volte a brilhar e ao coração de novo aqueça. 


Jussara Rocha Souza


domingo, 30 de agosto de 2020

 Para você apenas uma casa, para mim um castelo encantado.

Onde os sonhos fazem morada.

Jussara Rocha Souza


sábado, 29 de agosto de 2020

" Basta ser sincero e desejar profundo"


Porque é tão mais "fácil" usar subterfúgios que falar a verdade.

A verdade por mais dolorida é sempre a melhor opção. 

Viver sendo o que não quer ser, pode trazer dores e amarguras. A vida nem sempre é como queremos, reclamar, sofrer antecipadamente só irá te fazer infeliz.

Tem pessoas que nascem e crescem sem maiores problemas, outras desde o nascimento tudo é muito sofrido. Contestar ou ficar revoltado por este motivo não irá te levar a nada.

O grande inimigo do ser humano é ele mesmo e seus sentimentos, se abrir, falar de suas imperfeições não irá te tornar menor ou mais frágil. Pelo contrário, se libertar te fará livre de disfarces e te dará forças para lutar contra o que te aflige.

Lute, quando ficar cansado, lute mais e quando achar que vai desistir, olhe para si mesma e lembre: você é uma guerreira e não é qualquer batalha que vai te desanimar.

Cada passo, uma história, cada história, uma memória.  

Você pode ser o que quiser ser, " basta ser sincero e desejar profundo"

terça-feira, 25 de agosto de 2020

Insones amores do passado



As ruas se calam...

A noite é o refúgio,

Quando em um balé apaixonado...

Corpos se fundem,

Embaixo de um céu estrelado...

A voz rouca entoa melodia,

Que o vento trás quando assobia...

Fala de um amor aprisionado,

Dentro de dois corações encarcerados...

Olhos banhados de estrelas vê a noite desmaiar,

E o sol vem lamber vosso cansaço...

Insones amores do passado,

Se desvanecem quando o dia amanhece.


Jussara Rocha Souza

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Eterno


Ah!, se tu estivesse aqui...
Esta lágrima não estaria na minha face,
E tão pouco precisaria usar este disfarce..
O dia nasceu com gosto de saudade,
Gosto de gente, de felicidade...
De tudo aquilo que é prazeroso,
Quando se ama com gozo...
Ah, se tu estivesse aqui,
Neste vinte de agosto
O café seria mais gostoso...
O despertar muito mais caloroso,
Teria cheiro de vida...
Do amar sem medida,
Ah, se tu estivesses aqui...
O beijo seria quente,
Gravado com risos na mente...
Daquele jeito abobalhado,
Que só os apaixonados sabem...
Há várias formas de amor,
Mas só o verdadeiro tem este sabor...
Sabor de eternidade, um coração apertado de saudade,
E quando te descrevo, nas letras que aqui escrevo...
Posso sentir tua presença,
Acarinhando minha cabeça...
Olho para o infinito,
E minha dor interna grita...
Abafada pela realidade que a vida me impõe,
Sou impotente diante da morte...
De certo aí tem um jardim bonito...
De onde ficas a me espiar,
Enviando raios de sol...
Para minhas lágrimas secar,
Afinal este amor que é tão meu...
Invisível aos olhos seus,
Indizível para descrever...
Eterno para meu ser.

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

terça-feira, 11 de agosto de 2020

O mundo chora

 Hoje não quero razão, não quero certezas, meu peito está repleto de dúvidas. 

Incertezas me rodeiam a mente, o que crer?

Onde eu estava que não te estendi a mão?

O que se passa no íntimo de quem tira a própria vida?

Até que ponto o ser humano é capaz de suportar a dor de uma perda?

O que a depressão, ansiedade ou medo pode fazer com a vida de uma pessoa?

Eu hoje perdi uma pessoa amiga por suicídio e fico me perguntando o que levou esta pessoa a tirar a sua própria vida.

Me sinto incapaz, me sinto culpada por não ter sabido que estava doente ou que precisava de ajuda. Queria poder voltar o tempo poder trazer de volta e quem sabe conseguir ajudar, escutar, saber o porquê. 

Hoje vejo que muitas pessoas bem sucedidas profissionalmente, com um padrão de vida bom e com muita vida pela frente cometem o suicídio e porque? O que lhes falta? Ou o que o dinheiro não comprou? Ou o que lhe sobrou?

A felicidade é efêmera e muitos não conseguem suportar isto, enquanto que a dor parece interminável. Hoje não consigo entender, talvez nunca vá entender certas coisas neste mundo.

Bombas atômicas, Auchivits, guerras químicas, terrorismo, doenças incuráveis, dores intermináveis, crianças sofrendo atrocidades que não consigo assimilar ou esquecer. 

Me sinto impotente, quantas vidas estão sendo perdidas neste momento, o mundo está doente.

O mundo pranteia a séculos e diante de tantas tecnologias e estudos o mundo continua a soluçar. 


O que mais está por vir?

Não é pessimismo não, é realismo.


Jussara Rocha Souza

sábado, 8 de agosto de 2020

A você minha doce e bela Carol


Minha doce e bela Carol,

Com cabelo em caracol...

Foi presente dado por Deus,

Para alegrar os dias meus...

Pequenina na estatura,

Grandiosa no coração...

Rosto de menina

 Tens  o mundo em tuas mãos...

Minha doce e bela Carol,

Olhos tristes...

Do amor nunca desistas,

Pois para ti está preparado...

Um futuro abençoado,

 Se tivesse que escolher ...

Seria sempre Carol,

Seria sempre você.

domingo, 2 de agosto de 2020

Nua
Sinto-me nua,
 Diante de ti...
Quando teus olhos,
Me despem a alma...
Abalando assim minha calma,

Sinto-me nua,
Em noites de lua cheia...
E tua boca,
Me toma por inteira...

Sinto-me nua,
Porque um dia...
Me fizeste tua,
Tomando para si todos meus segredos...
Me pondo em completo degredo,

Sinto-me nua,
Porque partiste muito cedo...
Levando contigo minhas vestes,
Deixando meu íntimo despido...
Vazio
De sentimentos.

Jussara Rocha Souza

sexta-feira, 31 de julho de 2020

Escrevo por mim
Para mim
Pois quando escrevo
Liberto demônios 
Expulso sentimentos 
A escrita é onde purgo meus pecados
Dou nome aos bois
Oculto por dialeto
Sou franco
Direto 
Aqui não me escondo
Me espinho
Sem medo
Sou eu
Escrevo para que eu possa
Ser o que sou

quinta-feira, 30 de julho de 2020

Consciência a campainha da alma

O vírus do covid, chegou e se instalou trazendo medo, angústia e solidão. Junto a falta de dinheiro, hospitais e empatia.
Políticos usando da doença para tirar partido para si, subfaturando em equipamentos médicos e por aí vai, pois em se tratar de roubo e politicagem ficaria escrevendo por dias.
Mas já que estamos em casa e o tempo parece não passar, aproveite para faxinar não só a casa mas sua mente, seu coração.
Você muitas vezes aponta o dedo a seu irmão e quantas vezes já fez até pior.
Condena tudo, vê o mal em tudo e no entanto o mal está dentro de você.
Procure fazer uma higiene mental, livre-se dos fantasmas do passado, leia, escute músicas alegres e se tiver que chorar para deixar sua mente liberta, chore, grite, mas liberte estas coisas que te corrói. Você sabia que muitas doenças do corpo são resultados de uma consciência pesada, de erros omitidos por nós escondidos no subconsciente? E que muitas doenças da alma vem de traumas, amarguras, raivas e sentimentos ruins que guardamos ocultos até de nós mesmos e que refletem em nosso espírito e organismo?
Ninguém é perfeito, somos passíveis de erros e acertos, mas esforçar-se para acertar é uma virtude é  o primeiro passo para não querer errar.
Não é vergonhoso pedir ajuda, seja ela espiritual, médica ou material,  todos temos nossas fraquezas, mas não tente conquistar com auto piedade, você tem qualidades suficientes para ser amado.
O estender da mão, significa tanto quanto uma oração. Pois uma oração em um coração vazio são palavras jogadas ao vento.
Seja piedoso, tenha empatia, seja corajoso, precisamos de pessoas corajosas em nossos dias.
Com coragem para dizer que ama, coragem para ser você mesmo.
Coragem para ser sincero, ter fé, abraçar.
Coragem para dizer não, coragem para lutar.
Coragem para descobrir seus erros, revelar eles a si mesma e querer mudar.
O veneno da alma está matando tanto quanto o vírus da covid, mas para ele existe remédio, é só você querer.
Escolha ser melhor, e tudo ao seu redor vai melhorar.
Dificuldades todos passamos, mas se sua consciência for tranquila, você terá coragem e forças para vencer.
Lute, mate um leão por dia, mas não mate sua consciência é ela a campainha que soa o alarme da alma.
Você é muito mais que isto, ser melhor implica em dores, mas o dormir tranquilo é muito gratificante.

segunda-feira, 27 de julho de 2020

Poetas que carregam dores
Tem a mágica das palavras
Transformam dores em sabores
Aromas e cores
Lágrimas caem sobre a mesa
E a minha tristeza
Compõe  um verso de amor
Escrito
Sentido
Milagrosamente belo
Milagres que ocorrem
Com os poetas das dores
Aqueles que transformam dores
Em sabores
Aromas e cores
Que encantam a vida alheia
Com suas belezas permeia
 Palavras que pintam
Quadros divinos
Poetas das dores
Procastinadores
Enganam a morte
Pintando poesias
Com cores, aromas e sabores.

Jussara Rocha Souza

Em memória a  meu amigo poeta Claudio Poeta.

domingo, 26 de julho de 2020

Editorial

Sobre o linchamento de um trabalhador e roubo de carga de um caminhão de gás no dia de hoje.

Me pergunte quem sou eu para que possa escrever um editorial.
Uma cidadã honesta, dona de suas faculdades mentais e que escreve em um blog e redes sociais sempre tentando levar realidade através da poesia, com mensagens de empatia, e amor ao próximo.
Mas hoje estou aqui estarrecida com a brutalidade do ser humano, voltamos então a lei de Talião? Somos o supremo tribunal? Deuses vestidos de homens?
Nada, mas nada me explicaria o incidente de hoje, quando um trabalhador foi linchado e morto pelos habitantes de um bairro de nossa cidade. Não podemos generalizar, existe pessoas de bem neste local, mas a imagem que ficará de hoje em diante é de um bairro violento e que faz suas próprias leis.
Estou revoltada, triste e sem esperança no ser humano.
A poesia hoje morre um pouco junto de um trabalhador ensanguentado em uma calçada,
A pureza dos sentimentos se esvai e fica um vazio enorme.

Jussara Rocha Souza

sábado, 25 de julho de 2020

Porque é domingo
Porque tem sol
Porque tem cheiro de vida no ar

São dias primaveris
Quase juvenis
Saio pelos caminhos
Jeans rasgadinho
Olhos brilhando
Ávidos de vida
Roubando
Furtivos olhares
As flores
Inspiram
Invadem o corpo
De instintos
São fragrâncias
Sinto cheiro de vida no ar

Jussara Rocha Souza


Amores tardios

O tempo passando
Então me pego pensando
Daqui mais uns anos
Não mais estarei aqui
Não verei mais o mar
O por do sol na Henrique Pancada
Os amores da mocidade
Serão só saudade
Os olhos fracos
As pernas cansadas
Os cabelos prateados
O tempo escorregando pelas mãos
Olho pra você com carinho
E vejo que não estou sozinha
Ainda há tempo
Você me olha meio sem jeito
Será?
Me sinto linda
Tão sua
Tão menina

Jussara Rocha Souza

quarta-feira, 15 de julho de 2020

Te guardei em minha caixinha de segredos
Dia após dia te esculpi em meus pensamentos
Quando chega a noite
Na escuridão do meu quarto
Te liberto
E então te amo
Com toda
Liberdade do meu coração
Uma mesa nua
Repousa uma xícara de café
Vazia
Mãos enrugadas e trêmulas
A seguram
Enquanto lágrimas caem silenciosamente
Dentro dela
Um barulho estrondoso
Cacos espalhados sobre a mesa

Morreu só
Em sua solidão
Abandono
Ou opção?

terça-feira, 14 de julho de 2020