sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Os sapatos dos outros

Veste teus sapatos,
Deixa de querer arrumar os fatos...
Tem casos que se tornaram casos consumados,
Você se envolver..
Seria até pecado,
Conseguiste adormecer o monstro que em ti habita...
Ser honesto consigo mesmo neste mundo a outros avilta,
Durante anos te preocupasse com opinião alheia...
Te tornando  triste e feia,
O mundo vive de aparências...
De sorrisos bonitos e corações repletos de maledicências,
Veste teus sapatos moça...
Não deixe teu monstro acordar,
Pois este que te abraça...É o mesmo que nas costas quer te atacar,
 Não te esforça para que reconheçam teu esforço...
Não vale a pena com pessoas que só vivem de aparências,
Veste teu sapato...
E desfila com o que tens de maior valor,
Tua consciência.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Sepulcro caiado

Prefiro a solidão das orações,
Quando em colóquio com o Criador...
Me derramo em lágrimas de dor,
Porque todo meu amor...
Te doei em vida,
Com minhas mãos sequei tuas lágrimas...
Enquanto de dores sofridas,
Me desprendi de desejos materiais...
Me preocupo com aqueles espirituais,
Guardei em odres meus ressentimentos...
Para que deles não me fizessem tormentos,
Hoje com o passar da idade...
Prefiro a consciência tranquila,
O caminhar sereno...
"Porque ninguém põe remendo novo em panos velhos"
As minhas costas já estão bastante encurvadas...
De cada peso por ela carregada,
Sepulcros caiados...
Tua hipocrisia será perdoada.
Jussara Rocha Souza

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Mini conto

Quando o câncer já nasceu na alma

Estava morrendo, sabia disso. Embora o corpo desse mostras que era o fim, o cérebro não queria aceitar, se recusava a morrer.
A morfina já começava a dar mostras de seu poder, bendita morfina, pelo menos conseguia dormir sem sentir dor. Eu ficava banhado de suor e confuso, me perdi dos dias e um medo absurdo começou a habitar meus pensamentos. Vejo pessoas em minhas alucinações, pessoas que choram, riem, pedem explicações, fecho os olhos forte, elas têm que sumir daqui.
Queria que tudo acabasse rápido, pedi a Deus ou quem sabe lá que me levasse de uma vez, mas quando sentia ela se aproximar desistia imediatamente de meu pedido e pedia para viver.
Ouço vozes na sala ao lado, risos, barulhos de pratos, há muito perdi o paladar. Meu neto entra correndo no quarto na sua inocência nem imagina meu estado e eu, onde estava eu?
Que em minha arrogância não aproveitei minha família, hoje choro por saber que não verei mais meu neto correr cheio de alegria por este quarto vazio.
Minha boca está seca, as moscas rondam meu corpo em busca do fim, não tenho forças nem para abana-las de mim, minhas mãos sempre tão ágeis hoje mal conseguem acenar, socorro, socorro, me tirem daqui.
Não mais me reconheço, não sou mais dono de mim, alguém me vira de lado, trocam fraldas, aplicam injeções, eu odeio injeções. Eu odeio vocês, eu odeio esta condição , queria pedir perdão, mas se eu ficasse bom se pudesse voltar ao tempo, será que eu mudaria minha posição?
Não consigo ter bondade em meu olhar, estão rindo de mim, eu tenho medo, está escuro, é  o fim.
Um riso brota no canto da boca, sarcástico, vocês não irão me ver morrer, não irei dar este gosto a vocês.
O câncer é apenas a doença que corroeu este meu já espírito canceroso e nada pode ou vai modificar isto.

Jussara Rocha Souza

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Inocentes




Eu vou em busca da sorte,
Deus me livre encontrar a morte...
Sei que ela me ronda,
Pelos caminhos me sonda...
Mas dela não tenho medo não,
O que me desespera é  ver tanta miséria...
Da falta de pão,
De afeto...
De educação,
Do menino de pés no chão...
A barriga de vermes,
A fome como maior vilão...
Talvez cresça se tiver sorte...
Se uma bala perdida,
Sem que de sangue sua pele fique tingida...
Ele como eu também não teme a morte,
Até deseja que venha logo...
No casebre de frestas abertas,
Fita o vazio,
A sociedade, a omissão, governo, fome...
Quem de ti foi o assassino?
Dorme, dorme menino.

Você sabe quem é?

Começo a desconfiar...
Que tudo esteve sempre aqui
Revolta, medo, o que te define,
Mundo imundo...
Sujo, desumano,
Ser humano, que de humano nada tem...
Sou o que me convém,
E o que lhe convém?
Estrupar, matar...
Não há respeito,
Cadê meus direitos...
E no nome dos tais direitos,
Acham que tudo pode fazer e nada será feito...
Ligo a televisão,
Irmão assassinou irmão...
Pai estrupa a filha,
Mata, corrompe, destrói, humilha
A justiça é cega, não,  está  cega,
Fechou os olhos e vendeu-se a corrupção
Criança sofre estupro coletivo...
E há quem procure motivos,
Para explicar tal imundície...
Será às modernidades?
Será a internet?
Satanás?
Não se iluda,
O homem é bicho desde a criação...
Só estava escondido em nome da moralidade,
Hoje tudo se revelou...
E  a hipocrisia escondida,
Foi escancarada...
Tudo isto há muito acontecia,
Guardado a sete chaves...
Como segredo de família,
Pânico,  doenças mentais, depressão...
Quantas dores, quanta solidão,
Oprimidos, opressão...
Bichos escondidos enjaulados dentro de  corpos humanos,
Habitam nossa população.
Crer

Da janela,
Espio teu olhar a me fitar...
Imagino tua expressão,
Dispara o coração...
Será que só eu te vejo assim,
Tão próximo de mim...
Posso sentir tua respiração,
Ver tua preocupação...
E sinto  tomares minhas mãos,
Em nossas sessões de análise...
Quando escutas minha alma e dela tens piedade
Sabedoria infinita...
É dada por amor,
Gratuita...
Quando lágrimas descem a face,
O sol vem e as lambe docemente...
E mesmo quando tudo parece frio,
E o cinza me torna feio e triste...
Pintas meu dia com um belíssimo arco íris,
Este privilégio não é só meu...
É de todos que acreditam em Deus.

Jussara Rocha Souza

Obs: A fé move montanhas, Deus não tem religião,  é amor para aqueles que realmente creem.
Eu creio na força de algo superior,  no brilho do sol, das estrelas e de toda natureza, no dom das palavras.

Créditos da foto: Pedro Souza

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

O lago

O lago,
Onde pisei meus passos...
Quis e dei abraços,
Brinquei de pega pega...
Dei caldinhos,
Chorei baixinho...
O lago,
Que atravessei...
Com sorriso no rosto, no teu corpo me aventurei,
Me disvirginei...
Cantinas de amor entoei,
O lago,
Que me acolheu,
Do meu sangue lavou...
Em suas águas minhas lágrimas misturou,
O lago,
Que recebeu vida nova...
Apreensiva,
Desconhecida...
O lago,
Que hoje envelhecida...
A pele ressequida,
Retornei...
Meu amigo como eu também secou,
Ele por falta de chuva...
E eu por falta de amor.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Ode ao poeta

Como falar de amor,
Se dele nada sinto...
Se dele nada sei,
Como falar de paixão...
Se nada vivi,
Se tudo não passou de ilusão...
Como falar de música,
Se as únicas  notas ouvidas...
Foram as batidas do meu coração,
Como falar de poesia...
Se o poeta morreu,
Por falta de sentimentos...
Nunca mais escreveu,
Hoje a lua da janela se retirou...
Diante de tanta dor, chorou,
No jardim a rosa não desabrochou...
A noite escureceu,
E como protesto pela dor ...
As estrelas perderam a luminosidade,
A chuva torrencial caiu forte sobre a cidade...
Misturando-se as lágrimas do poeta,
As batidas do sino da catedral...
Compõe esta poesia astral.

domingo, 5 de janeiro de 2020

A tela da minha vida

Ah, poeta! Se conseguisse pintar na tela da vida todos meus sentimentos,
Com certeza pintaria um misto de cores vibrantes e acinzentado ...
Um céu estrelado com nuvens para dias nublados,
Todos foram de mais rica beleza e lição com certeza, nunca de fraqueza...
Mesmo aqueles em foi derramada lágrimas de tristeza enfeitavam minha tela de pureza,
Ah, caro poeta! Minha tela sempre foi repleta de emoções...
Nela pintei com sangue as dores de meu coração e colori de vários tons as mais lindas canções,
Ah, poeta me derramo diante deste mundo, dele nada compreendo, diante de tantas crueldades, não  há cores para tanta obscuridade...
Mas há abelhas no jardim, perfume de jasmim,
Posso voltar a minha tela, colorir meu peito de alegria e pintar meu caminho das mais belas poesias.
Obrigado poeta por alegrar meu coração e me permitir tão bela inspiração!

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Você é quem diz ser?

Liberdade, palavra que contém força, carrega coragem, denota lutas.
Tem sido usada com muita frequência nos nossos dias para expressar gênero, expressão, direito de ir e vir, pensamentos. Mas diante de tanta liberdade, deveria haver também mais sinceridade, como um espelho a mostrar que todas ideias pregadas ao mundo não são da boca para fora.
Me refiro a hipocrisia, nunca vi o mundo tão hipócrita como o de hoje, onde a professora grita por liberdade de gênero na escola e espanca a filha dentro de casa por ser lésbica.
Onde o vizinho conversa com o outro a sós e o desconhece na presença de outros de maior poder aquisitivo.
Onde o dinheiro da tapinhas nas costas, aperta mãos sujas de sangue de gente que vai as ruas protestar contra corrupção.
Deus virou mercadoria nas religiões, vende-se tudo em nome de Deus, hipócrita, julga, condena e se acha superior por se dizer de Deus, e vende seu nome como no mercado público para seu próprio proveito.
Quanta contradição! A tal liberdade, virou barganha, eu quero, desde que não me afete em nada, não roube minha paz, não me comprometa.
Hipócrita quer liberação do aborto, da maconha, mas na reunião de família abomina o maconheiro e fala mal da filha da fulana que fez um aborto.
É o mundo das aparências, pedófilos, tarados vestidos de religiosos pregando a decência, enquanto que mulheres gritam por direitos lambem botas sujas de estrume de seus companheiros.
A hipocrisia se instalou no mundo inteiro, não sei se por medo, pressão social, lugar ao sol ou qual for a palavra certa para tanta coisa errada.
Ser ou ter baseado em mentiras, só denota falta de caráter, amarguras, figura dantesca que atraí para si um inferno íntimo de contradições.
 Hipócritas, suas máscaras um dia cairão e seu semblante será tão monstruoso como é sua condição, preso por dentro a convenção.
Então será aberto este armário fechado dentro do seu coração.

Sou foda!

Quanto mais a vida me bate, mais dou a cara a tapa.
Não me subestime,  posso ser, ver e ir muito além do que você supõe.
O meu interior tem uma força sobrenatural que mesmo com o corpo frágil é capaz de carregar o mundo nas costas.
As enfermidades do corpo se curam com medicamentos, as incuráveis pedimos consolo e forças para suportar, mas as da alma são cânceres malignos para quem não tem dignidade.
O céu é o limite para quem sonha, cada lágrima sentida de dor se transforma em sorriso de amor para quem tem fé.
Meu espelho, a vida, marcas inevitáveis, e sair disto tudo com a alma repleta de música e poesia é maravilhoso.
Realmente sou Foda.