Primeiro trabalho em azulejo
O mundo visto e revisto através do leitor, criando sonhos e realidades. Venha participar deste mundo, lendo meus artigos. Seja bem vindo!
domingo, 28 de agosto de 2022
Censurado
De um passado...
O rádio tocava Caetano
Finalmente estava de volta
Eram tempos novos
Falava-se em liberdade
O coração pulava de saudades
Enfim teu cheiro
Adeus estrangeiro
Colocou as malas no chão
Ainda havia sonhos
Levantou o bagageiro
Deixando fugir dele (realidades)
Abriu o portão
Um estampido
Um corpo caído
Sonhos e saudades
Misturados ao sangue
Espalhados no chão
Um olhar na multidão
Um grito mudo de dor
Liberdade de expressão
Calada
Com um tiro no coração
Jussara Rocha Souza
sexta-feira, 26 de agosto de 2022
Urgente, urgente
Urgente, urgente
Preciso de sonhos
Não aguento mais realidades
Frias, doentes
Preciso de risos largos
Contar histórias
Coisas estas que guardamos na memória
Quero ir para Paris
Seja de avião
Ou de Biz
Ou nas páginas deste livro gris
Preciso sonhar
Com guardas chuvas coloridos
Beijos na boca engolidos
O riso no rosto
De lembrar de ti com gosto
Embora seja agosto
Preciso urgentemente de sonhos
Para que eu não morra de tristeza
Sem antes provar destas belezas
Preciso urgentemente
De fazer artes
Aquelas iguais à criança
Que guardo nas lembranças
Inventar encantamentos
Neste mundo de desalentos
Jussara Rocha Souza
quinta-feira, 25 de agosto de 2022
Jardineiro
Eu sou um cuidador, sim, cuido de um canteiro. Nele há pássaros, borboletas e flores o ano inteiro.
Um dia, uma dor muito intensa me visitou, e um beija-flor vendo minha tristeza, me mostrou o encanto de uma flor.
No início era meio mecânico, molhar, adubar, e tal qual o beija-flor uma borboleta então me falou, quando pousou em um girassol e me ensinou a beleza dos raios de sol, então aqueceu meu coração e refiz a plantação.
Hoje converso todos os dias com elas, são avencas, azaleias, dona joaninha acho até que conhece, tão logo me vê começa a refastelar-se. Caia uma chuva muito forte e eu corri para proteger as pequenas mudas de amor-perfeito que há poucos dias havia plantado, fiquei toda molhada, após dois dias chuvosos, finalmente o sol.
A noite anterior tinha sido difícil e as lágrimas pareciam concorrer com a chuva que escorria na vidraça que agora o sol começava a lamber, levantei sem pressa ou vontade, retirei a lona de sobre as plantas e três vasos completamente repletos de flores me deram as Boas-vindas. Mais uma vez a natureza me presenteava com suas belezas, e me ensinava a ser paciente com as dores do mundo.
Hoje compreendo que como este jardim, a vida tem flores maravilhosas e coloridas, mas que também há ervas daninhas. Que flores morrem e outras renascem, no inverno as borboletas vão embora, mas que em setembro elas voltam e assim é a vida, também descobri que não sou uma cuidadora de jardins, este jardim é meu cuidador e me cuida com muito amor!
Jussara Rocha Souza
quinta-feira, 18 de agosto de 2022
Canção da dor
O que você entende de dor
Quando de ti foi levado seu amor
Que todos dias tem que viver
Enquanto quem mais amava teve que morrer
O que você entende de dor
Quando este nó na garganta não se desfaz
E mesmo chorando por dentro, você tenta, tenta e se refaz
O que você entende por dor
Quando toca a nossa canção preferida
E você então chora escondida
Promete pra si mesma que não vai sofrer
Mas lembra que ninguém retorna depois de morrer
Só quem perdeu seu amor
Pode entender esta dor
É a saudade que aperta
A lágrima que no rosto desperta
Jussara Rocha Souza
quarta-feira, 17 de agosto de 2022
Pelas ruas da Cidade Nova nas memórias da minha juventude
Como faz bem lembrar os tempos de mocidade. Nada tem a ver com idade, é sensibilidade, romantismo e frescor de viver. Hoje até os erros viraram saudade, namoros escondidos, o brilho do olhar, eu passeava pelas ruas da Cidade Nova levando alegria nos passos, sonhava em viajar pelo mundo, estudar e ser muito feliz. A vida não era fácil naqueles tempos, mas eu lutava por ela como uma leoa, eu queria ser feliz. Dona da palavra kkk brigava por meus ideais e pelo que acreditava ser o certo. Eu hoje mudei muito, às vezes as lições são fortes por demais e os "professores" muito cruéis, acabam por nos calar, mas tem sempre um papel e uma caneta para nos expressar. Mas voltamos aos tempos de juventude, tudo era motivo de rebeldia, e também de flertes e conversas animadas com a minha irmã e primas. Fui criada por pais rígidos e tudo me era proibido, então tudo era feito escondido, o meu pai era da direita e eu mesmo sem entender muito de política para lhe contrariar era da esquerda e daí peguei gosto pelos comissios nos palanques da cidade, um dia na mesa na hora do almoço falei em alto e bom som: — Ele vai voltar! Apanhei uma tapa no rosto de sangrar e fiquei sem almoço. Até hoje lembro da cara de fúria do meu pai e do meu avô que achava que mulher devia votar em quem o marido votasse. Enfim sem mais delongas eu era uma jovem rebelde, mas era muito feliz e dentro do meu pequeno limitado mundo existia um universo de pensamentos e esperanças. Nunca pude ir a uma festa ou baile, os meus pais não permitiam, mas dancei nos bailinhos à tarde nas escolas Presidente Vargas e Revocata de Melo de onde o meu pai me tirou várias vezes pelos cabelos, fiz muitos amigos que continuam até hoje na minha vida. Continuo morando na minha amada Cidade Nova, e daqui tenho muitas histórias a contar, desde a minha juventude entre Primeiro de Maio e nas ruas da DomPedro I e arredores, a missa aos domingos nos Salesianos para assistir ao cinema(hoje por ironia moro na frente dos Salesianos), encontrar o meu primeiro amor, que trabalhava no calçamento e que o meu pai proibiu o namoro, pois dizia que ele era Marcelino pão e vinho kkk Antônio, por onde será que andas. Esta é uma crônica da saudade, saudade de quem um dia fui, mas podes ter certeza esta moça continua viva aqui dentro de mim. Qualquer dia destes volto a contar das minhas andanças pelas ruas da minha Cidade Nova.
Jussara Rocha Souza
sábado, 13 de agosto de 2022
Cecília
A poesia é esta vela acesa
Que por vezes canta tristeza
Outras porém traz alegrias
Mas será sempre poesia
Poesia é escrever com o coração
O afago da solidão
É o amigo
Ao teu lado te ouvindo
Por isto sou poeta
Manter esta porta aberta
Falar de amores
Da vida seus rumores
Hoje o poeta se fez jardim
Plantou versos de jasmim
Carregou de sorrisos este dia
Para oferecer à você Cecília!
Minha homenagem a minha amiga de juventude Maria Cecília Cissa .
Esta vela acesa hoje é para ti minha amiga!
quarta-feira, 3 de agosto de 2022
Chuva
É a chuva que cai
Esperança que esvai Do tempo que já passou De um amor que a morte levou É a chuva com a sua melodia Molhando a poesia Lágrimas de solidão Abafadas no colchão A chuva deixa-me nostálgica Lembranças letárgicas Das quais não quero acordar Para sempre sonhar Eu amo-te tanto E, no entanto Nunca mais o terei Os teus lábios não mais sentirei Os pingos cantam-me uma canção Acalentam o meu coração Que de saudades adormece E então o milagre acontece Jussara Rocha Souza