domingo, 27 de setembro de 2020

Um olhar no horizonte




Colocou o chapéu no criado mudo,

Sentou na cama...

E com a cabeça entre as mãos,

Chorou...

Tanto que adormeceu,

No outro dia não mais acordou...

Passa os dias sentado a beira da janela,

Olhos fixos no horizonte...

Não fala, 

Não demonstra nenhuma reação...

Ninguém sabe o que aconteceu naquele dia,

Tinha saído para ir a padaria...


Jussara Rocha Souza

sábado, 26 de setembro de 2020

A viagem




Era muita angústia, ansiedade...

Arrumei todos sentimentos dentro das malas e resolvi mudar de cidade,

Arrumando as malas já me vi melhor...

Imaginei o novo lugar,

Pensei: Lá com certeza há de melhorar...

Os primeiros dias foram de sol,

Sentimentos continuavam fechados...

Mas sei lá o porquê,

Ou como...

Arrombaram a fechadura,

Tentei fechar a mala e não conseguia...

Viagem interrompida,

Não é cidade, país ou estado...

Que faz felicidade,

Desfiz minha bagagem...

Vou realizar a viagem,

Desta vez...

Dentro de mim.


Jussara Rocha Souza 


Nota do autor: Muitos escritores escrevem na primeira pessoa( Clarisse Lispector) e isto não quer dizer que escreva sobre si.

Eu escrevo na primeira pessoa pois quando escrevo me visto de poesia e consigo sentir o que relato.

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

O grito


 O grito


Calei tanto que emudeci, parecia normal não ter voz.

Era amada por todos...

Mas dentro de mim haviam dores, muitas delas inenarráveis, cruéis. 

Meus olhos então sangraram e a voz presa se fez ouvida...

Eu gritei tanto, mais tanto que pensaram que tinha enlouquecido. Era um grito de décadas de subserviência, de anulação. 

Hoje muitos dizem que não sou mais a mesma, não compreendem como posso ter mudado tanto.

Eu era "amada" porque era conveniente para eles e para estes não me interessa mais o que sentem e pensam de mim.

Afinal se Deus me deu a voz é para falar e que sirva para falar de Liberdade!

Jussara Rocha Souza 

terça-feira, 22 de setembro de 2020

Exageros da alma

 Exageros da alma


As paixões são um exagero da alma,

 Poderia ter ficado tranquilo...

Conservado minha calma,

Mas quem resiste a um coração acelerado...

Contra ela, não há argumentos 

Há pernas bambas,

Sentimentos descontrolados...

Sim, as paixões são os exageros da alma,

Do beijo sugado, molhado...

De corpos suados,

Quem nunca desejou estes exageros...

De paladares e cheiros,

De lençóis amassados...

De desejos incontroláveis,

O tempo passando...

 Você acha que nem mais sente,

Que se permitiu viver a calma...

Mas um olhar te pega desprevenido,

E lá estão eles...

Os exageros da alma!


Jussara Rocha Souza


sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Borboletas na janela

 Borboletas na janela 


Minha alma cristalina,

Ao ver tantas dores desanima...

É a crueldade humana em atividade,

Desafiando a bondade...

Mas todos dias,

Renovo minhas esperanças...

Naquele que jamais nos abandona,

Vejo borboletas na janela...


Jussara Rocha Souza


quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Minhas letras, minhas armas

 Lute, não se cale, faça sua parte, dar exemplo, conscientizar já é o princípio do caminho.


Minhas letras minhas armas.


Se você visse sua casa em chamas e no seu interior estivesse seus filhos. Pensa no seu desespero...

Sua casa(o mundo) está em chamas, nossos animais morrendo, casas queimando, pessoas em perigo.

Você não se sente aflito? E se fosse teu lar? E se fosse aquele teu animalzinho de estimação que tanto você ama?

Meu post não é político, é meu grito de dor e desespero de ver meu lar ardendo em chamas.


Minhas letras, minhas armas.

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Semeador de amor

 O vento que sopra, 

A ti sufoca...

 Para ele é o ar que faltava,


Seja semeador de amor

Você consegue?

Eu não, não porque não quero, "apenas" não consigo.

Todos somos capazes, mas a dor atinge cada um de uma forma diferente, se você conseguiu vencer seus desafios, seja solidário com quem não consegue.

Os juízes da vida estão se multiplicando todos dias, apontam dedo, condenam e até matam.

A vergonha de não conseguir superar a dor está condenando pessoas a solidão e ao suicídio. 

A fé é um ajudador nas horas de angústia, mas o doente nestes momentos não consegue ou não  tem forças para executar esta fé, tentar empurrar guela abaixo suas crenças não irá ajudar, mesmo que tenha boas intenções. 

Por trás de toda angústia, ansiedade ou depressão tem uma história, uma dor, um problema não resolvido. 

A amargura é o veneno da alma, como um metal ao relento vai enferrujando e corroendo o coração. 

Depois de adoecer o íntimo como um câncer adoece a mente e o corpo.

Procurar ajuda profissional é o primeiro passo, e não cabe a cada um de nós julgar, um abraço vale mais que mil palavras. 

Seja semeador de amor!


Jussara Rocha Souza


terça-feira, 15 de setembro de 2020

Oi, vamos conversar ...

 Oi, vamos conversar...


Um dia a vida te exigiu ser forte, você chorou, esperneou e achou que não conseguiria.

Pensou,  porque comigo?

Mas depois lembrou  que precisa chover para a planta florescer, as borboletas vem de uma metamoforse lenta e dolorida.

Quando nascemos não sabemos falar, caminhar e a vida nos ensina, mesmo não tendo quem nos ensine ou dê a mão. Faz parte da natureza humana ser forte, uns mais outros menos mas todos com capacidade de lutar.

Hoje vi você frágil e fiquei preocupada, mas pensei na fragilidade das pétalas das rosas e no seu aroma que encanta todos, lembrei de um temporal em que a chuva bateu muito forte em meu jardim.

Levantei pela manhã triste só de pensar em minha roseira desfolhada e ela estava lá imponente, majestosa.

A ansiedade nos impõe medos inexistentes e cruéis, sofremos por antecipação. E como controlar um coração descontrolado, querendo pular fora do peito.

Como negar sentir o que se sente. Só quero te dizer que te compreendo e que estou aqui.

Senta aqui minha filha, nosso papo apenas começou e ainda teremos muitos caminhos de mãos dadas a trilhar.


domingo, 6 de setembro de 2020

Eternos

 O nevoeiro esconde o rosto atrás da vidraça,

Posso imaginar  sua cara de pirraça...

Sigo o caminho, sorriso bobo no rosto

Juntos temos 120 anos,

Ela tão menina...

Eu tão moço. 


Jussara Rocha Souza


sábado, 5 de setembro de 2020

Seja doce

 Você já tomou chá de losna?

Um chá muito amargo e difícil de tomar, quem sorve deste chá é por máxima necessidade. 

Com a amargura também é assim, se faça presente por amor e não por necessidade ou obrigação. 

Seja a erva doce, a camomila, cidreira ou hibisco do chá de alguém. 

Que eu possa ser a erva doce do teu chá, bom dia!


terça-feira, 1 de setembro de 2020

Porta retrato

 Há um porta retrato no criado mudo de minha memória. 

Fotos de um rosto repleto de sorrisos, que todos os dias me convida a recordar.

Jussara Rocha Souza


Saudades

 A chuva tem cheiro de saudade,   enquanto uma molha a terra, a outra molha a face. Até que o sol volte a brilhar e ao coração de novo aqueça. 


Jussara Rocha Souza