domingo, 26 de novembro de 2023

A viagem




Apressa-te, a vida passa muito rápida, e o trem não demora a passar.

Há muita coisa para ser vivida, você já parou para ver o mar, com sua cor e barcos a navegar, ondas e peixes nele a morar. O mar com seus monstros marinhos, piratas e navios fantasmas, história de amor e sereias.

Olha quanta vida vivesse observando o mar, tem areia, sol, e tantas belezas nele que já me encanta.

Mas seguimos nosso caminhar, olha, estás a ver aquele jardim, quantas flores, diversas cores, vários aromas, hum, quanta beleza neste olhar e apressa-te um pássaro azul pousou logo ali, que lindo e como canta, tantas dádivas apenas neste caminhar.

O mundo está corrido, trabalho, estudo, família, dificuldades, saúde, são tantos problemas, tantos afazeres que mal dá de observar as maravilhas gratuitas que se tem ao redor.

Aff!!! Estou tão cansada, já vem a noite como ver o mar, jardim, flores, olhe para cima, talvez as estrelas e a lua te recompensem e te façam sorrir, mas se por acaso o cansaço te vencer, vou pedir para Deus colocar sonhos lindos no teu adormecer.

Dorme menina, o trem não demora passar, e há tanto para viver, não a deixe escapar, para que não tenhas motivos para chorar quando a viagem terminar!


Jussara Rocha Souza

Permita-se viver quantas vidas quiser




Há quantas vidas em você? Eu digo que no ponto de vista médico, uma só, no meu ponto de vista, muitas, quantas eu quiser.

Sim, pois eu já morri muitas vezes e destas mortes renasci, e quando renascemos a vida vem mais forte, plena com a certeza de querer ser vivida.

Você lembra daquela decepção amorosa que você achou que ia morrer, que nada tinha mais graça ou cor? Pra você era o fim, nunca mais amar, nunca mais querer ninguém e hoje você até sorri ao lembrar daquele tempo. E então você encontra outro motivo bem mais forte para viver, uma mulher linda na frente do espelho lhe diz, vá garota, tu és muito mais do que isto e então acontece, você volta a renascer.

Tal qual a árvore "morta" no jardim, um dia você abre a janela e meio cabisbaixo olha a árvore e então percebe um broto naquela que todos julgavam morta, é a vida lhe mostrando como se brotar de novo.

A vida tem muitas vidas, mortes e renascimentos, tudo que precisamos é lutar, porque viver não é fácil, é uma eterna luta cotidiana, e quando nos vimos abaladas por mortes de entes queridos, amigos, nos parece no momento não conseguir suportar.

Então a sua outra vida entra em ação e te faz nascer de novo, talvez não como eras antes, mas viva, se reconstruindo, se reformulando, se dando direito de viver de novo.

Sabe aquele amor do passado, que você pensou nunca mais encontrar? Ele está a procura de você e querendo viver uma nova vida com você, você não acredita, então sonhe, sonhos viram realidades e pensamentos felizes nos trazem alegrias.

Apaixone-se, seja você mesmo, cante mil vezes a mesma canção se te dá alegria, e viva quantas vidas quiser.

Portanto meus amigos (a) permita-se nascer de novo, existem sim muitas vidas e você encontrará aquela que irá te fazer feliz!


Jussara Rocha Souza

Meninas, as convido a pular a janela!




Eu ia postar uma poesia sobre  janelas, inspirada em um escrito de Mia Couto.

Mas durante a escrita me venho uma voz interna que dizia: Vamos, pule a janela!

Então resolvi mudar o texto, e falar desta vontade que muitos tem de pular a janela, vejo mulheres cansadas, maltratadas, sem condições de dar a volta por cima e assim terem que aceitar por medo, vergonha ou finanças uma vida sem sonhos, do dia a dia de trabalhos e humilhações.

Gosto de janelas, elas me inspiram, foi através da janela de meu cérebro que procurei uma nova vida, um novo mundo, não aceito ser Amélia nem na vida e nem na canção, falo não só por mim, falo por tantas escravizadas, abusadas, falo por meninas de meu passado ensinadas pra serem casadas, a servir o marido, sem gostos, desejos.

Falo pelas mulheres que são proibidas de estudar, dadas em matrimônio aos onze, dez anos de idade e mortas durante a noite de núpcias com suas entranhas dilaceradas.

Hoje pulo a janela e tenho voz através de minhas palavras, com direito a escolher quem quero amar, tenho vergonha de machos, machistas, disfarçado de autores em letras de musicas abusivas, religiosos, pedófilos, gente que denigrem a mulher e ferem seus direitos.

Se sou feminista? Empoderada? Não sei, sou mulher e como tal não posso mais abrir esta janela e apenas ficar olhando por ela, hoje convido a todas mulheres que junto comigo pulem a janela, destranquem seus medos, alforria seus desejos, ajude a libertar quem precisa, liberte-se.

Eu posso amar, ser casada, ser dona de casa, mãe, ou o que eu desejar ser, mas com respeito a minha pessoa e identidade.

Eu passei quinze anos por detrás de uma janela, trancada, apenas olhando pela vidraça, uma mulher acuada e com medo não consegue se libertar até que as correntes se quebrem e ela decida lutar.

Eu quebrei minhas correntes, me alforriei e até hoje luto pela minha libertação e de tantas outras, aprisionadas por uma sociedade machista, que acha que mulher nasceu para ser subserviente e para servir.

Meninas venham, pulemos a janela do preconceito, do machismo e de uma sociedade hipócrita e medieval, 

hoje eu escolho ser eu e ser feliz!


Jussara Rocha Souza

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Entardecer na orla

 Orla da Henrique Pancada

Acrílico sobre madeira



Jardim

 Meus olhos buscaram no interior de minha alma a beleza de um espírito calmo!


Garrafa decorada( garrafa de suco)

Jardim


Jussara Rocha Souza



Casa na Neve

 Acrílico sobre garrafa( garrafa de suco de uva)



Serei sempre eu mesma

 Um dia você percebe que aos poucos estão te calando, você não tem mais voz ativa dentro de sua casa.

Não é mais importante para os outros como achava que seria.

Que quando o doente é você os outros não estão nem aí, e que ninguém deixa de fazer nada por sua causa.

Mas quero deixar claro que pouco me importo com sua opinião, que uma casa não me é importante, importa para mim o que fui para mim mesma, fazendo bem sem ver a quem, amando sem medida, sendo sempre receptiva mesmo com quem não é comigo.

E que amor, carinho, consideração não se pede, quem tem por ti te dá gratuitamente sem necessidade de pedidos.

Pois como dizia Frida Kallo: _' Se tiver que pedir não é amor!'

Quero mesmo que se foda, as convenções, os falsos moralistas, estar doente não significa não viver, pois a falta de vida te faz mais doente, te mata todos os dias aos poucos.

O que tinha que ensinar para meus filhos, os fiz através de exemplos, amor, muitos abraços, histórias e dignidade.

Hoje tenho grandes histórias a contar, reais, doídas e doidas, talvez não tenha feito tudo que quis nesta vida, mas fui feliz, amei muito, vivi e vivo sonhos, realidades e fantasia, passei muito trabalho, sem ou por escolhas.

Me superei, estudando, pintando e escrevendo, sou muito eu, fui a ovelha negra da família e talvez continue sendo, porque não vivo de convenções ou formalidades.

Ninguém me sustenta e nos piores momentos poucos me concederam um prato de comida, hoje não me falta o alimento e dele alimento outros, sou o que sou, goste quem gostar.

Sabe porque escrevi isto? Porque quero te dizer, que ninguém pode te calar, te fazer viver o que não quer, você é dona de você e tenha sempre o direito de decidir sobre tua vida.

Se tiver que morrer tenham certeza que engasgada não vai ser, quando emudecer, escrevo e se não poder escrever farei gestos, mas não me calarei.


Jussara Rocha Souza

Esvair da vida

 Vejo a vida se esvaindo

Tal pó fugindo por entre os dedos

Me pergunto se terei medo

Não sei, mas sinto que estou partindo

Ninguém quer morrer

Luto para não esmorecer

Há coisas que não nos pertencem

Vivemos sem merecer

Olho na vidraça

As flores

O jardim

Não quero os deixar

As lágrimas começam a molhar

Esqueci que não posso chorar

Volto a sorrir

Aínda estou aqui

E por enquanto

Me basta!


Jussara Rocha Souza


segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Ninho vazio




Um dia todos irão embora

A casa fica vazia

Não há brinquedos espalhados

Balbúrdia 

Tento não ficar triste

Pois os ensinei a voar

Serem livres

E ter um porto seguro

Se quiserem voltar

O silêncio me assusta

Pois vivi sempre com vozes

Chegou a hora

E me pergunto e agora?

Fiz tantos planos para este momento

Mas não sei caminhar sozinha

Agora é recomeçar

Reaprender a andar

E viver alegremente

O tempo que me restar!


Jussara Rocha Souza

sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Milagre


 A fumaça da chaminé espalhava-se pelo lugar

Deixando uma áurea de mistério na paisagem

Enquanto isto, compõe o cenário, 

A chuva molhando as folhagens...

Lá dentro o calor dos corpos aquecia a vida

Que morna e suave desfrutava deste milagre!


Jussara Rocha Souza

Luar


 Acrílico sobre madeira


Jussara Rocha Souza 

Ocaso

 Acrílico sobre madeira



Te quero



Estou cansada de invernos tristes e cinzas, quero primaveras coloridas, risonhas com gosto de sonhos, não quero ser enfadonha, mas não há mais lugar no meu coração para solidão.

Quero o calor dos abraços, o beijo e os cansaços depois de um amor, quero ser o que quiser ser, e nesta aventura tão minha, ser o meu próprio prazer. Não quero frases feitas, quero cama desfeita, olhos nos olhos e uma cumplicidade sem igual, pois se te parece banal, para mim não há valor igual, hoje quero ser clichê mesmo, sair deste marasmo, dançar contigo um bolero e sem vergonhas, dizer: te quero!


Jussara Rocha Souza