terça-feira, 21 de abril de 2020

Amarelo azul anil - Inspirado em Com Amor Van Gogh.


Grito
Vontade de gritar tantas verdades
Que talvez para você soe como barbaridades
Onde eu estava
Enquanto acontecia tantas atrocidades
Rodeada por falsas realidades
Escondida atrás da dita "sociedade"
Ah! Que vontade de proclamar a pleno pulmões
Que não quero, não aceito condições
Covardes, quanta covardia
Habitou e habita até nossos dias
Poder, palavra carregada de sangue e dor
Quanto mais escrevo poesia
Mais contrária sou a tirania
Preferia versejar versos de alegria
De esperanças mesmo que tardia
Mas percebo tempos sombrios

Toca Belchior aquela canção
Que fala ao meu coração

 "Mas não se preocupe, meu amigo
Com os horrores que eu lhe digo
Isto é somente uma canção
A vida realmente é diferente
Quer dizer, ao vivo é muito pior"

Jussara Rocha Souza

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Saudade
Esta noite vieste me visitar,
E eu pedi para Deus para não acordar...
Só para um pouco mais contigo ficar,
Então abri meus olhos bem devagar...
Com medo de tua imagem deixar escapar,
Fica mais um pouquinho...
Murmurei baixinho,
Os raios de sol começaram a iluminar o quarto...
Não, não pode amanhecer agora,
Não o deixe ir embora...
A luz foi aos poucos desvanecendo o sonho,
E as lágrimas molharam os versos que componho.

segunda-feira, 13 de abril de 2020

Me perdi em mim

Este caminho
Já não é meu
Sigo sozinho
Vivi o caminho de todos
Tolos
Perdi o meu rumo
Acertei arestas
Consertei frestas
Quis consertar o mundo
Ah! Pobre mortal
Que nem a ti conheces
Como queres consertar
A quem não quer conserto
Assim pensava
Só mais um aperto
Quem sabe emenda
Põe um remendo
De tanto remendar
Acabei sem pedaços
E por dias me falta até abraços
Acho que me perdi
E hoje não mais me reconheço
Meu coração não tem endereço
Tentando me encontrar
Me perdi de mim
E como dizia Milton
"Eu caçador de mim"

domingo, 12 de abril de 2020

Doa a quem doer, assim teve de ser

Enquanto o mundo não pensar como um coletivo no sentido de amor ao próximo, empatia e de querer realmente o bem da humanidade, tudo será mais difícil, a cura demorará muito mais.
O mundo estava necessitando de um caso assim para abrir os olhos para o que realmente importa.
Vive-se de materialismo, onde o supérfluo beira a necessidade para alguns. Crianças deixaram de ser crianças, viramos máquinas no cérebro e o pior de tudo no coração.
A crueldade chegou ao ápice, famílias não se respeitam e amam como tais, há muitos julgadores, poucos para ensinar, poucos a querer aprender e os que restam são maltratados.
Pessoas se odeiam por causa de política, médicos vendem almas por dinheiro, professores viraram alvo de vândalos, destroem a quem lhe quer construir. Pais estrupam filhos, estamos assistindo as maiores barbaridades e parece que nada mais nos abala. Mulheres são vítimas das maiores atrocidades, pessoas dividem espaço com ratos e baratas na sarjeta e você passa e repassa e trata o ser humano igual aos bichos que junto deles residem.
Colocam fogo nos mendigos, e nas igrejas e templos a Deus bendiz.
Você agora percebe preso dentro de sua casa, com bastante tempo para pensar que milhares de pessoas morrem todos dias vítimas do descaso da própria humanidade. E que uma pandemia social acontece a muito tempo, matando rios, matas, destruindo toda criação, seres humanos, o mundo.
E onde estávamos que não percebemos? triste, mas quando não é na nossa porta fechamos os olhos, faz que não existe.
Hipocrisia é o  nome do vírus do mundo.

sábado, 11 de abril de 2020



Janelas

Dizem ser os olhos janelas da alma,
Mas me pergunto o que seria de nós  pobres viventes sem as nossas janelas...
O que há neste mundo de obra mais bela
Bendito sejas tu que as inventastes,
Quando na noite escura abriste para namorar o luar...
Ou quando na solidão avistasse um pássaro atrás da vidraça a voar,
Abençoada janela...
Que me trouxe notícias de lá,
Por onde impedida de locomoção pudesse ver a flor desabrochar...
Janelas
Fonte inspiradora de tantos poetas...
Desafia dias escuros, 
Abre e fecha sem cansaço,
Talvez a única luz em meio a escuridão...
Acalenta a alma cansada como um lampião,
Foi diante dela que te vi pela primeira vez...
Belo, moço em sua altivez,
Janela como desejei te ver aberta...
Como odiei te ver fechada,
Hoje cultivo um jardim atrás dela...
E na falta de inspirações,
Me debruço sobre ela...
São tantas histórias, 
Das mais tristes às mais belas...
Contos, poesias, castelos, cinderelas e feras,
Me perco sonhando através de suas
vidraças...
Ah! Como amo minhas janelas.






domingo, 5 de abril de 2020

Em ti
Amanheci

É  no alvorecer
Que meu peito arde em saudade
Fica difícil obedecer
A razão que bloqueia a vontade

A vontade
De teus beijos apaixonados
Das juras
A mim devocionadas
Teus lábios em sussurros

Sussurros
Ditos entremeios
Risos e carinhos
Cometidos em anseios
De que nunca tivesses idos

Levanto-me meio embriagada
Pelos meus devaneios
Pego a caneta
E de versos em ti
Me embriago inteira

Jussara Rocha Souza