segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Que tal deixar a essência perfumar a existência

  



Existia paz, e por N razões o homem inventou a guerra.

Hoje países vivem em constante desordem familiar, financeira e social em uma rotina de lutas e dores fabricado pelos senhores da terra.

Mas no mundo inteiro o ser humano tem enfrentado batalhas gigantescas criadas por ele próprio ou indiretamente a si por outro ser  de sua espécie. É corrupção, pandemia, crimes brutais, chefes de poder que não sabem conduzir sua nação levando a destruição. 

É falta de tudo, de educação, de solidariedade, empatia, de respeito.

A miséria assola o mundo, muito se aprendeu, mas também muito se perdeu. O homem caminha a passos largos ao retrocesso, enquanto  as maravilhas da internet ganham o mundo, os horrores criados por mentes diabólicas avançam sem medida por ela. Pedófilos, terroristas, golpistas, tarados, criminosos de todas espécies  habitam nas redes sociais escondidos atrás de falsos perfis  roubando, extorquindo e tirando a vida material e psiquicamente de milhares de pessoas.

Isto é apenas uma pequena porcentagem do que está se passando no mundo, as pessoas adoeceram e junto adoecem o mundo, não sabem sorrir, não sabem amar. 

Olhe as ruas, é usuários de drogas por todos lados, imagens degradantes de pessoas comendo restos de comidas em lixeiras, e isto visto de um lugar melhor e você já esteve lá onde a miséria, a droga e os abusos de toda espécie vivem diariamente com as famílias?

Sei que não há só dor, mas em minha humilde sabedoria do que nada sei posso afirmar que o mundo ruge e grita em desespero.

E não há nada que possa vir a muda-las senão a mudança dentro de cada um de nós, nascemos vazios e o que aprendemos desde a infância é que vai nos preenchendo, ensine coisas boas, dedique-se a seu filho, de mais educação e amor do que bens materias.

A vida é uma roleta russa hoje você mata, amanhã você morre.

Plante boas coisas, espelhe perfumes, encha o ar de bons aromas, seja você a essência mais pura do mundo e sua fragrância com certeza habitará em outros lugares ajudando a perfumar este mundo com amor.

Me resta ainda esta essência no fundo da alma, sei que também conservas a tua que tal espalharmos pelo ar para que se multiplique em ações de paz, amor, liberdade e igualdade.


Jussara Rocha Souza

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Putrefação




Teu sorriso nos lábios 

Esconde as noites insones

Quando tua consciência 

Denúncia tua essência 

Não há castigo maior

Que a doença da alma

Daquele que finge calma

Quando no submundo do cérebro 

Guarda crimes ocultos 

Então vê vultos

Diz ser perseguido

Mas o que realmente te persegue

É tua consciência pesada

Quando finges o que não és 

Para poderes ser amada

Teu corpo bonito

Esconde o quanto podre está por dentro

Os vermes da solidão 

Denúncia a putrefação de teu coração 

Pena que não percebas

Que as glórias por ti vividas

São frutos de tua consciência corroída 


Jussara Rocha Souza

domingo, 22 de novembro de 2020

O poeta em sua solidão




Poetas são solitários,

Guardam emoções em "armários "

Se deleitam nas páginas escritas,

Emoções por ele nunca vividas...

Não entendo essa ansiedade...

Será coisas da idade?

Um turbilhão de emoções...

Aflora minhas sensações,

Parece me esvair a vida...

Tenho a desejado sem medida,

Uma ânsia tresloucada...

De viver apaixonada,

Sentir o coração acelerar...

O frio na barriga,

As pernas bambear...

Cansei de amar pequeno,

Quero ficar sem ar...

Não porque o pulmão parou de funcionar,

Não quero morrer...

Sem conhecer o que é amar,

Embora o conheça nas letras...

Quando de minha alma te apossas ...

Serei sempre poeta e em minha solidão,

Vivo o amor de forma cruel,

Nas linhas de um papel.


Jussara Rocha Souza

terça-feira, 10 de novembro de 2020

Milagre da vida



Quando o dia amanhece...

Uma vida que nasce,

Outra que adormece ...

E o sentido da vida,

Você acha que conhece...

Mas quando a lágrima desce,

O coração de tudo esquece...

Só  quer uma nova chance,

Quer que tudo recomece...

Mas quando o corpo dorme,

Nada mais acontece...

E a saudade aperta o peito,

A falta dele no leito...

Então chora a criança,

Devolvendo a esperança...

É o menino que nasce,

E o milagre de novo acontece...


Jussara Rocha Souza

terça-feira, 3 de novembro de 2020

Editorial Sobre a morte de #Simone Souza




Muitas pessoas indagando o que ela estaria fazendo lá, se ela não teria marcado encontro com ele e um monte de perguntas sem necessidade ou cabimento.

Ela poderia ficar nua na frente de um homem, poderia esfregar seu órgão genital nele e assim mesmo ele não teria o direito de fazer o que fez.

Parem de achar motivo para estrupador, tarado,  hoje foi ela, amanhã poderá ser você. 

Existe um maníaco solto e pode vir fazer pior, não interessa onde e com quem estava, de que maneira ela se veste.

Só de pensar no sofrimento desta menina eu sofro, imagina ela, o medo, a dor, a impotência diante de um monstro.

Justiça, eu clamo por justiça, mundo podre onde políticos falam em segurança e deixam o povo a mercê destes seres desprezíveis, juízes  macomunados com advogados que soltam estes pulhas.

Estamos com medo de trabalhar, de sair, namorar, se divertir, medo por nossos filhas, netas, mãe, irmãs, ser mulher virou motivo de medo.

Não vou calar, até que este monstro seja preso, mães não passem a mão em filhos estrupadores, denunciem, gente assim estrupa irmã, filha sem dó ou piedade.


Mulheres do meu Rio Grande, grite por Simone, grite por nós, grite por você. Se tentarem lhe calar, escreva, bata o pé, faça sinais, mas não deixe que mais mulheres venham a morrer.


Quero justiça, por mim, minhas filhas, netas, irmãs, antepassadas, mulheres.


Jussara Rocha Souza

Não nos deixe morrer




Hoje nossa terra foi manchada de sangue,

Nossas filhas foram estrupadas...

Nossa carne foi arrancada a dentadas,

Hoje cada um  de nós perdeu uma filha, irmã, menina, mulher...

Estou revoltada,

Embrulhada...

Eu não sei quem era Simone,

Não a conhecia...

Mas a sua dor hoje é minha,

Meu âmago grita por justiça...

Não deixe que eu desista,

Não nos deixe morrer...


Jussara Rocha Souza 

domingo, 1 de novembro de 2020

E agora Maria?


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Maria cresceu ali, no Bairro da Lata, lugar onde tudo era precário, saúde, saneamento, água potável, sem falar no índice elevado de pobreza e desemprego.

A superlotação fazia com que as residências fossem inseguras, juntava-se a estes fatos o crime, tráfico de drogas e o alcoolismo entre tantas outras dificuldades.

Maria cumpriu o mesmo destino da mãe, com quinze anos já carrega um filho nos braços, largou os estudos e foi morar com Pedro, a mãe pouco se importou uma boca a menos a mesa.

A vida seguia seu curso, Maria trabalhava de empregada doméstica e Pedro em uma padaria à noite, neste tempo já eram três os meninos. As dificuldades não os assustava e sim ter de criarem os filhos em meio a tanta violência, isto os deixava apreensivos.

Pedro fazia todos os dias o caminho de casa às cinco horas da manhã, hora em que Maria já estava saindo para pegar sua primeira condução, chegando perto de casa Pedro é atingido mortalmente com uma bala perdida em confronto de policiais com o tráfico.

A vida já precária fica agora duplamente complicada, ter que trabalhar, conviver com a dor da perda e ter de deixar os filhos entregues a própria sorte enquanto trabalha, está lhe tirando as noites de sono.

Olha-se no espelho e não mais vê aquela menina de dez anos atrás, o peso da vida lhe dava o dobro de idade e, no entanto só tinha vinte e cinco anos.

Diz que o tempo tudo cura e Maria foi à luta, levanta-se quatro horas da manhã, prepara almoço, escreve as ordens do dia, beija um a um e sai para o trabalho.

Espanta a preocupação e a tristeza cantando, foi assim desde pequena, sua paixão era o forró e o som animado das músicas era sua alegria durante o árduo trabalho e as conduções sempre lotadas.

Passado o tempo com as crianças já maiores e a vida em sua rotina habitual, Maria começa devagarzinho a sair e o forró passa a ser sua única diversão. Todos os sábados ela dá janta aos meninos e os põem na cama e quando adormecem fecha a porta a chave e sai.

No começo ficava apreensiva com os meninos, mas como sempre dava tudo certo começou a descansar-se e a cada dia ficava até mais tarde no forró, afinal pensava:_ Também sou filha de Deus, nem só de trabalho vive o homem!

Dentro do forró Maria transforma-se, seu rosto remoçava e dançava a noite toda sem parar, o barulho ensurdecedor da música abafava qualquer som que viesse de fora.

O temporal desaba sem piedade, a chuva torrencial e o vento vêm derrubando tudo que encontra pela frente, as paredes do barraco balançam, as crianças gritam e choram em desespero.

Maria chega à favela com suas sandálias na mão e um sorriso no rosto, mas depara-se com policia, bombeiros e ambulâncias por todo o lado, corre em direção ao barraco e só vê terra.

Um grito lhe solta da garganta, coloca as mãos na cabeça e petrificada com a cena chora em total desvario. E agora Maria?

Vozes gritam em sua direção: -Mamãe, mamãe estamos aqui!

Maria deu graças a Deus e jurou que a partir daquele dia jamais iria deixar os filhos sozinhos novamente.

Nota do autor: Diariamente crianças morrem ou sofrem acidentes gravíssimos que os deixam marcas para toda a vida por estarem sozinhos em casa sem acompanhamento de adultos.