sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Tempo




Dizem que o tempo é implacável 

Insensível 

Passa como o vento

Levando anos a contento

Mas o tempo também nos acaricia 

Curando feridas

Lambendo cicatrizes

Colorindo a dor com seus matizes 

Eu gosto do tempo 

De seus mistérios e sentimentos 

As vezes lento

As vezes vento

Atemporal como a vida

Esta tão sentida

Escorre pelos dedos

Poeira na última eira

Então te faço um pedido 

Seja agora vagaroso

De viver quero o gozo 

Meus cabelos nevados

Precisam de mais um bocado

Para junto contigo

Tempo amigo

Brincar de viver!


Jussara Rocha Souza

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Costurando a alma


Costurava a alma

Devagar, com calma

Pontos fortes 

Pois com sorte 

Não voltaria a rasgar

Mas como a alma ora rasgada

De retalhos desfraldada

Daria a ela a certeza

Nunca mais voltará a amar

Costura, costura...

Nestes pontos a cura

Como dizer não 

A este coração 

Como não querer ser amada

Se depois lhe fosse ceifada 

Costura, costura

Pontos fortes 

Não quero mais a morte

A morte dos sentimentos 

Dos tormentos

De te querer 

E não poder ter!


Jussara Rocha Souza

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Como descrever a dor




Como descrever a dor 

Não há descrição 

Substantivo abstrato

Que destrata o coração 

Que marca como ferro quente

Tatuando a alma

Da morte seu artefato 

Que no silêncio da noite

Julga e condena 

E como açoite 

Lágrimas quentes

Queimam a face

Deixando sulcos 

Profundos 

Como buracos no fundo mar

Fundos e mortais

Arrastando para não voltar mais!


Jussara Rocha Souza

Conspiração do coração




E se eu me apaixonar,

Promete me amar...

Dançar na chuva comigo

Ser meu amor e amigo


Não te prometo amor eterno 

Nem um Smoking ou terno

Prometo risos soltos 

Um amor muito louco


Rolar na grama

Ou na cama

Conversar até cansar

Depois te levo para dançar 


Na verdade nada prometo 

Não gosto de juramentos

Seremos livres um para o outro 

É agora o momento 


Não há passado ou futuro

Se preciso for pulamos o muro

Eu roubo pitangas

E tu me faz um colar de miçangas 


Então seremos nós 

Seremos sós 

Conspira-me o universo

Te amo em meus versos.


Jussara Rocha Souza