quinta-feira, 2 de junho de 2022

Saudade é pássaro de asa quebrada

 



A saudade passeava pela casa, com passos lentos absorvia todos velhos sentimentos. 

Como pode estar tanto tempo longe dali, ainda traz impregnado na pele a marca, o cheiro do lugar... Como deixa a maresia na areia ao voltar para o mar.

Entrou em cada cômodo, revirou gavetas, olhou o espelho e suas muitas facetas, olhou a cama desfeita e sorriu, havia felicidade na saudade.

Saiu de mansinho como se não quisesse quebrar as lembranças, passeou pelo jardim e aspirou com tal intensidade o perfume do jasmim e foi levando consigo a fragrância exalando tênue como se fosse passos suaves da dança.

Então eu a vi, a saudade sentada com seu mais belo vestido no banco coberto de flores, hoje ela já não me traz dores. É amena, serena, com gosto de reencontro, como se eu deitasse a cabeça no ombro da saudade e brincasse de amores.

O frio do inverno e os dias cinzentos trazem a saudade a meus pensamentos, mas logo se dissipa como a geada que o sol lambe com seu raios e vai embora.

Levanto do banco e abro as janelas, deixo que a saudade se vá, sei que devo continuar até haver o reencontro.

Visto então meu melhor sorriso, olho para o pé de jasmim, há muito dele em mim...

Uma lágrima na face começa a brotar, e então penso que "pode voar alto um pássaro mesmo com uma asa quebrada".


Jussara Rocha Souza

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