domingo, 17 de novembro de 2024

Onde você mora





Já morei em tantas casas

Em tantos lugares

Hoje resido em uma rua chamada Saudades

Em uma casa repleta de recordações 

Mas, opa! Não se assuste, aqui mora a felicidade

Ainda ouço a balbúrdia dos meninos a correr pelos cômodos 

As brigas de travesseiro 

Os ciúmes de minha atenção 

As peladas de pés no chão 

Sim, aqui mora a felicidade 

E ficou tatuada na rua Saudade

Aqui nasceram sonhos

Gente pequena querendo ser gente grande 

Para depois voltar correndo para o colo de mãe querendo ser pequeno de novo

Aqui sempre há um prato a mais na mesa

Um colchão guardado 

E a certeza de um amor bem cuidado

Construí esta casa anos a fio

Houve chuvas, temporais e nela até passou um rio

Foram anos difíceis, desafios

Mas foi tão bem alicerçada 

Que continuou em pé 

Alicerçada na fé 

Moro na rua Saudade

Casa da felicidade

Venha me visitar

Aqui transborda gentileza

E um coração aberto a alegria e tristeza

Porque a vida não é só beleza

Entre, faça morada, fique o quanto for preciso 

Depois siga sua caminhada 

Minha casa é casa de passagem 

Onde o amor é sua anfitriã 

Aqui ninguém é louco ou sã

Apenas gente

Venha, entre!


Jussara Rocha Souza

Rocha

 



Sou minha própria paz

Calmaria em meio a temporais

A água bate no rochedo 

A pedra a beija

E a devolve ao mar

Sem medo!


Jussara Rocha Souza

Pintando o céu da alma

 Vamos menina

Pinte de azul este céu 

Tire este negro véu 

A vida, ah! A vida é ampulheta

Escorre por entre os dedos

Não tenha medo

Lembra você?

Corajosa 

Audaciosa

Sorriso no rosto 

Vida vivida com gosto

Com gozo

Com sabor de quero mais

Vamos, dance comigo 

Cante, se anime

As lágrimas virão de qualquer maneira

Mas você esqueceu?

Você é carvalho

Forte madeira

E mesmo quando orvalhado

Lambe suas gotas de água 

Vire o rosto para a luz

E brilhe

Como um girassol 

Frágil, flor, mas iluminado

Mesmo em noites sem lua

No amanhecer busca o sol!


Jussara Rocha Souza


Onde estás?




Estarei sempre

Na tua memória 

Naquela história 

Em tuas vivências 

Na sua essência 

Estou contigo

Quando sentes falta de um amigo

Em noites de frio

Sou teu abrigo

No teu cansaço

Sou o abraço 

O aconchego 

Quando te faz falta o chamego

Estou em tuas lembranças 

Nos olhos repletos de esperança 

Sou chuva fina de saudade

Na vidraça da felicidade 

Somos pedaços de nós 

E por isso nunca parti

Viverei para sempre dentro de ti!


Jussara Rocha Souza

Insano




Tenho medo de minha insanidade

Esta que me liberta

Me corta arreios

E livra dos freios

É a mesma que me destrói 

Quando sou oposto

Que a sociedade constrói 

Tenho medo de não saber quem eu sou

De dançar nua na chuva

Porque um dia a vida me sufocou

Com dogmas, preconceitos

Falta de direitos

Fui tudo que me permitiram

Tudo que me proibiram 

A cabeça lutou, lutou

Enfim cansou

Hoje usa a insanidade

Para a própria liberdade

Mas ainda existe a sociedade

A falta de sensibilidade 

O deixar de produzir

De construir 

Pobre mente

Continua prisioneira 

Ontem da sociedade

Hoje da insanidade


Jussara Rocha Souza 


Eis-me aqui

Linda, louca

Tresloucada 

Pés no chão 

Corpo nu

Na loucura não preciso de vestes

Modos

Etiquetas

A música é composta por mim

Batom carmim

Danças esvoaçantes 

Não há lucidez

Mas há doçura no olhar

De alguém que se perdeu

Tentando se encontrar

A velhice me jogou

Do esquecimento 

A tortura de não saber mais quem sou

O que fui não importa mais pra ninguém 

Sou estorvo

Atrapalho

Eis-me aqui

Linda, louca

Tresloucada 

Esquecida

Em um canto qualquer 

Até chegar ao jazigo!


Jussara Rocha Souza 


( Um dia todos ficaremos velhos, que você tenha a sorte de ter mente e corpo sãos ou contar com pessoas que te amam, pois caso contrário será esquecido em um canto qualquer.)