domingo, 17 de novembro de 2024

Insano




Tenho medo de minha insanidade

Esta que me liberta

Me corta arreios

E livra dos freios

É a mesma que me destrói 

Quando sou oposto

Que a sociedade constrói 

Tenho medo de não saber quem eu sou

De dançar nua na chuva

Porque um dia a vida me sufocou

Com dogmas, preconceitos

Falta de direitos

Fui tudo que me permitiram

Tudo que me proibiram 

A cabeça lutou, lutou

Enfim cansou

Hoje usa a insanidade

Para a própria liberdade

Mas ainda existe a sociedade

A falta de sensibilidade 

O deixar de produzir

De construir 

Pobre mente

Continua prisioneira 

Ontem da sociedade

Hoje da insanidade


Jussara Rocha Souza 


Eis-me aqui

Linda, louca

Tresloucada 

Pés no chão 

Corpo nu

Na loucura não preciso de vestes

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A música é composta por mim

Batom carmim

Danças esvoaçantes 

Não há lucidez

Mas há doçura no olhar

De alguém que se perdeu

Tentando se encontrar

A velhice me jogou

Do esquecimento 

A tortura de não saber mais quem sou

O que fui não importa mais pra ninguém 

Sou estorvo

Atrapalho

Eis-me aqui

Linda, louca

Tresloucada 

Esquecida

Em um canto qualquer 

Até chegar ao jazigo!


Jussara Rocha Souza 


( Um dia todos ficaremos velhos, que você tenha a sorte de ter mente e corpo sãos ou contar com pessoas que te amam, pois caso contrário será esquecido em um canto qualquer.)

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