Há dias em que a vida pesa, o passado bate à porta, revira gavetas e faz estragos, rasgos...
Quando criança não entendemos tantas coisas, e no entanto elas vem sendo esclarecidas na maturidade, certezas se desfazem e você se sente traída, envergonhada e magoada. E verás que a vida não se apaga como giz na lousa.
Mas você não tem culpa, sabe que não tem, mas a vida te impõe culpas, dores e tu te sente covarde.
Porque calamos?se o que queremos é gritar, largar tudo e falar o que realmente te faz mal, sim, sou covarde, porque fiquei velha e não há mais forças suficientes para lutar, me acovardei diante da fome, miséria e medos. Todos viram, mas não se importaram, sempre foi assim, hoje andando pelas ruas vejo gente perdida, sem ninguém para se importar também.
Resisto e insisto, mas a dor continua ali, latente, o dedo afundando a ferida e fazendo sangrar. Eu tenho um corpo de carne e osso, um coração ferido e dores a mim atribuídas e não escolhidas.
Então me encolho dentro de mim e deixo a menina interior chorar até cansar, levanto, visto a máscara da vida e sigo em frente.
Tranco a porta, fecho gavetas e brinco de ser feliz, serei atriz? Não, apenas sobrevivendo.
Jussara Rocha Souza
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