domingo, 21 de junho de 2020

O banco
Estava muito triste e saí sem rumo, depois de muito andar, cansada, sentei em um banco de praça.
E foi como se ali estivesses a me escutar, derramei meu pranto, esbravejei, era tanta dor que não me importava com quem por ali passava.
Me perguntava o porque de tantas dores no mundo, da crueldade do ser humano, do egoísmo.
Me perguntava porque não era feliz se estava viva, seria eu ingrata, porque as pessoas estão em depressão, porque de tanta ansiedade.
Seria o vazio da alma, dos sentimentos, será que sou a única a não aceitar os acontecimentos.
Porque, porque, porque?
O medo assombra a humanidade, medo de tocar, medo de amar, medo ser o que você é, medo do teu irmão, medo de estender a mão.  Olhos desconfiados se espreitam e perdem o encanto do momento, corações magoados aguam o que deveria ser alegria.
Meus olhos já não abriam de tanto chorar, não consigo entender o sentido da vida, preciso parar de querer mudar o mundo, preciso mudar a mim mesma, mas me recuso.
Não sei viver pra mim, eu não aprendi a viver pra mim.
Já sem forças pra levantar, abri os olhos devagar para tentar voltar a caminhar.
Olhei em minha volta e sentado ao meu lado do banco um senhor me olhava meio embasbacado, deu um sorriso desdentado e nos seus olhos vi um amor que há muito deixei para trás.
Olhei para o céu e esbocei um sorriso, então voltei pra casa.

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