domingo, 17 de outubro de 2021

Descanse velha menina




No catre simples, descansa o corpo da velha menina.

Os sonhos embalam a cantiga deixada no canto da memória, não consegue saber se verdadeiras ou apenas histórias. 

A voz quase inaudível, contém um que de melancolia de um coração outrora sensível. 

Os olhos sem vida, opacos pelo cansaço da retina, ficam perdidos no nada, mas ela vê com olhos da alma o que mais ninguém enxerga.

Os lábios abrem um tênue sorriso, esboça um pequeno gemido, mas não é de dor não e sim de descanso. Por um momento os olhos ganham vida, o que será que se passa no interior da velha menina. Ninguém sabe, talvez o passado de juventude e inquietudes veio lhe visitar, só sei que ela começou a entoar breve canção e com olhos de luar se pôs a sonhar. Desta vez para nunca mais acordar, descansa velha menina, seu príncipe está a lhe esperar.


Jussara Rocha Souza 


A todas "velhas meninas" vítimas do  Alzheimer

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