domingo, 27 de março de 2022

Partidas e Partilhas

 Eu nunca esquecerei, partidas e partilhas, leiam se faz necessário. 


Desde que começou a pandemia que os dias tem sido difíceis, vimos muita gente partir, o desemprego chegar.

As cenas pelo mundo inteiro eram como da segunda guerra, corpos empilhados, valas e mais valas sendo abertas com corpos jogados dentro sem despedida, sem ao menos um olhar ou aperto de mão. 

Foram os mortos da solidão, famílias ficaram devastadas, crianças órfãs, realmente uma tragédia sem precedentes no mundo inteiro. 

E como não poderia faltar, houve muita solidariedade, gente disposta a tudo para salvar o outro, ajuda em mantimentos, palavras  de apoio, trabalhadores da saúde que não dormiam, que abandonaram suas famílias para salvar a família do outro.

Houve também oportunista, superfaturamento de oxigênio, medicamentos, falsos médicos, aumento absurdo nas funerárias e cemitérios. 

Médicos atestando covid para ganharem mais dinheiro, uma máfia na saúde ganhando com a morte enquanto outros lutavam para salvar vidas.

E assim fomos vendo a vida ser modificada, sorrisos através de olhares, o medo estampado nele também, pessoas recolhidas em suas casas e muitas desavenças familiares. Muitos encontros também, a nescessidade do outro, filhos ganharam pais, perderam amigos, viram a escola parar, muitos pais sem trabalhar, miséria, fome, violência doméstica, mais roubos, mais drogas, mais amor, solidariedade, um olhar piedoso no irmão. 

Uma pandemia sempre trará devastação, dor e sofrimento, governos despreparados e sem responsabilidade também colaboram para um caos maior, quem não passou por uma uti, foi entubado não poderá avaliar a dor de quem foi, a alegria de quem voltou e a desesperadora luta para respirar e a morte a lhe espreitar de quem lá ficou.

Nunca contabilizaremos o número exato de doentes e mortos, de gente que morreu por negligência, mortes serão sempre mortes e nunca serão esquecidas.

Tivemos também aqueles que negaram a doença e comprometeram muita gente, levam na consciência o peso das mortes de familiares e amigos, teve os que negaram a vacina e pagaram com a própria vida.

Muitos eram ateus e conheceram Deus, outros eram religiosos e viraram ateus, a morte transforma pessoas, tanto para o bem como para o mal.

Hoje comemoramos uma melhora mundial da doença, as mortes diminuíram com a vinda da vacina, mas ela ainda não acabou, a doença anda em nosso meio através de suas variantes.

Não sabemos realmente quem ela é, não podemos descuidar, todos precisamos trabalhar, estudar e seguir a vida, mas para isto precisamos seguir nos cuidando, não é paranoia, é medo de ver tudo voltar a acontecer.

Nestes anos de pandemia vimos a morte comandar o mundo, será preciso um telão em cada praça das cidades do mundo inteiro a passar cenas da pandemia para que você não esqueça os horrores dela e tenha empatia por seu próximo?

Não esqueçamos nunca, diante de todo orgulho, força e condições financeiras na hora da doença somos nada, bem e mal juntos, pobres e ricos de mãos dadas, professores e analfabetos abraçados, todos iguais, você já de um bom dia hoje?


Jussara Rocha Souza


Nenhum comentário:

Postar um comentário