domingo, 26 de novembro de 2023

Meninas, as convido a pular a janela!




Eu ia postar uma poesia sobre  janelas, inspirada em um escrito de Mia Couto.

Mas durante a escrita me venho uma voz interna que dizia: Vamos, pule a janela!

Então resolvi mudar o texto, e falar desta vontade que muitos tem de pular a janela, vejo mulheres cansadas, maltratadas, sem condições de dar a volta por cima e assim terem que aceitar por medo, vergonha ou finanças uma vida sem sonhos, do dia a dia de trabalhos e humilhações.

Gosto de janelas, elas me inspiram, foi através da janela de meu cérebro que procurei uma nova vida, um novo mundo, não aceito ser Amélia nem na vida e nem na canção, falo não só por mim, falo por tantas escravizadas, abusadas, falo por meninas de meu passado ensinadas pra serem casadas, a servir o marido, sem gostos, desejos.

Falo pelas mulheres que são proibidas de estudar, dadas em matrimônio aos onze, dez anos de idade e mortas durante a noite de núpcias com suas entranhas dilaceradas.

Hoje pulo a janela e tenho voz através de minhas palavras, com direito a escolher quem quero amar, tenho vergonha de machos, machistas, disfarçado de autores em letras de musicas abusivas, religiosos, pedófilos, gente que denigrem a mulher e ferem seus direitos.

Se sou feminista? Empoderada? Não sei, sou mulher e como tal não posso mais abrir esta janela e apenas ficar olhando por ela, hoje convido a todas mulheres que junto comigo pulem a janela, destranquem seus medos, alforria seus desejos, ajude a libertar quem precisa, liberte-se.

Eu posso amar, ser casada, ser dona de casa, mãe, ou o que eu desejar ser, mas com respeito a minha pessoa e identidade.

Eu passei quinze anos por detrás de uma janela, trancada, apenas olhando pela vidraça, uma mulher acuada e com medo não consegue se libertar até que as correntes se quebrem e ela decida lutar.

Eu quebrei minhas correntes, me alforriei e até hoje luto pela minha libertação e de tantas outras, aprisionadas por uma sociedade machista, que acha que mulher nasceu para ser subserviente e para servir.

Meninas venham, pulemos a janela do preconceito, do machismo e de uma sociedade hipócrita e medieval, 

hoje eu escolho ser eu e ser feliz!


Jussara Rocha Souza

Nenhum comentário:

Postar um comentário