sábado, 31 de agosto de 2024

Me recuso a matar o amor




Mataste o amor?

As ilusões e dores?

Pois saiba

Que eu me recuso a matar as ilusões, romances e almas gêmeas 

Pois há no amor um encantamento 

E mesmo quando dói é sentimento

Eu me recuso a deixar de sentir

Quero continuar a sonhar

Embevecida ver o nascer do sol

As flores no arrebol

E as estrelas no céu a brilhar

Quero amar 

E quem sabe neste sonhar

Não tenha uns olhos a me observar!


Jussara Rocha Souza

Olhos d'água

 



Ela tinha os olhos d'água 

Carregados de emoção 

Molhados de lutas

Agora tréguas 

Somente gratidão 

De tanta abundância 

Sofreram inundação!


Jussara Rocha Souza

segunda-feira, 19 de agosto de 2024

Tempestade na alma




São temporais

Estações do ano

São seus ais

Como trovões retumbando


É o cotidiano 

Pessoas correndo

Entra e sai ano

Até esquecem que são humanos 


Ela dizia que sentia

Ninguém a ouvia

Em silêncio gemia

Passava noite e dia


Cultivava flores

No coração dores

O jardim colorido

A alma sucumbindo 


Até que silenciou

No jardim tombou

Seu corpo como flor 

A terra tomou


 Sua alma finalmente se libertou!


Jussara Rocha Souza 


Nota do autor: Não deixe que o outro fique invisível, o amanhã pode não existir.

Preste atenção aos sinais, o mundo está doente e precisa de socorro.

Faça você a diferença, não podemos salvar o mundo, mas podemos salvar nosso próximo, porque um dia, você pode ser o próximo.

Saudades de uma velha menina




Quando o céu se fecha

E a tormenta brava

Ao longe arrebenta 

As lágrimas aos olhos se achega


São minhas memórias 


Lembranças das histórias 

Contadas ao pé da mesa

Sentada ouvia, encantada

Com a fala de meu velho pai


Nesta hora a chuva cai


Um homem de fibra

Enverga, machuca e cicatriza

Moldado sobre a brasa do ferro

No corpo as marcas da lida


Dói no coração desta menina


O trabalho e as necessidades 

Fez deste homem a hombridade 

Apesar da dureza nos traços expressos

Deus lhe deu coração de menino


Acalentando seu destino 


Da janela me aprochego

O vejo na vidraça embaçada 

Sorrindo a cantarolar

A música de minhas lembranças 


E então choro como criança!


Jussara Rocha Souza 


" Sertaneja se eu pudesse

Se papai do céu me desse

O espaço pra voar

Eu corria a natureza

Acabava com a tristeza

Só pra não te ver chorar"


Música que meu pai cantava para mim.

Vidraça da alma

 Havia dias em que  lágrimas embaçaram a vidraça da alma!

Mas vendo o sol lamber o orvalho das folhas me vesti de calor humano e deixei as vidraças a brilhar!


Jussara Rocha Souza


Encontro




E o tempo foi passando

As águas no rio rolando

O trem nos trilhos a passar

E eu aqui a te esperar 


Era tarde de verão 

Passou estação e estação 

Vi flores a desabrochar 

E do mesmo jeito murchar


Meus cabelos branquearam

Tal geada nevam

O rosto viçoso 

Hoje já sulcoso 


E o tempo então passou

O rio secou

Os trilhos desativados

Meus olhos orvalhados


Sentada na varanda 

O xale caído as ancas

Avisto a ponte

Alguém ao longe


Fechos olhos

A lágrima escorre

Finalmente

Te encontro!


Jussara Rocha Souza