domingo, 13 de julho de 2025

Percepções


 


Não sou sozinha 

Sou namorada das estrelas

Flerto com a lua

E em noites de lua cheia

Deixo a alma sonhar

Se sou amada?

Claro que sou

Vivo grandes romances

Com todas suas nuances

Tenho muitos amantes

Ah! Esta vida de leitura

Me leva as alturas

Então danço ao som do meu coração 

Choro

Dou muitas risadas 

E tenha certeza

Sou muito amada

Por um Deus

Que me deu tantas percepções!


Jussara Rocha Souza

Pedaços


 


Sou feita de pedaços 

De estilhaços 

Foram muitos caquinhos 

Juntados pelos caminhos

Houve tanta dor

Houve muito amor

Dias de quase nada

Para alguém já tão minguada

Houve dias de lua cheia

Tudo aquilo que uma mulher anseia 

Houve dias de luta

De luto

De noites insones

E muitas dores

Eis-me aqui

Em retalhos

Me fiz colcha

Pedaços de flores

Estrelas, amores

E no fim

Eis-me aqui

Tão minha

Tão crua

Tão nua

Alma transparente 

Em um corpo repleto de pedaços!


Jussara Rocha Souza

Saudades




Sentei no banco frio do meu coração 

E falei com minha saudade

Ah! Como estava bonito

O rosto, o sorriso 

Tudo era lindo

Eu sentia sua presença 

Contei a ele sobre meus dias

Das tristezas e alegrias

Lembrei das nossas manhãs 

O café sorvido com gosto e risos

Nossos segredos 

Noites de amores

Estações 

A vida latente

Os corpos quentes 

Minha saudade

Me olhava profundo 

E ali vi que residia

Todo meu mundo

Sinto teu gosto na boca

Da ânsia louca

Que esta saudade

Virasse realidade!


Jussara Rocha Souza

segunda-feira, 9 de junho de 2025

Quarto interior




Sou menina travessa 

Presa naquela travessa(rua)

Onde residia a inocência 

Sem pressa

Com paciência 

Maliciosa

Naturalmente graciosa

Pequena grande mulher

Traquina

A guardo com cuidado

Em minha memória 

No quarto oculto

De meu coração 

E mesmo tão distante 

A conservo bonita

Livre

Por vezes ela brota

Para fora de mim

A vejo no meu olhar

Na vontade de amar

Volto naquela rua

Onde fui tão sua

E sinto teus beijos

A menina de saudades chora

Então a guardo de volta em minhas memórias 

No meu quarto interior!


Jussara Rocha Souza

Campos vermelhos

 Campos vermelhos 

Acrílico sobre madeira

Artista


Jussara Rocha Souza 


Há na arte uma poesia

Um cantar

Uma melodia

Seja ela de dor ou alegria

Noite ou dia

Há na arte um sentimento 

Como se captasse 

A vida 

De uma folha ao vento

Deus naquele momento 

Há no artista alma de poeta

E vice verso

Há todos em mim

Porque nasci assim

Alma e poesia

Artista e poeta!


Jussara Rocha Souza


Flores mortas




São gritos no deserto

Por ninguém ouvidos

Tempos escuros

Guerras, conflitos

Há sangue derramado

Choros desesperados

Flores mortas

Em vasos secos

São corpos

Entre escombros

Pequenas mãos 

Ao encontro de alguém 

Em oração 

E eu, ínfima 

Me pergunto?

Porque? Porque?


Jussara Rocha Souza 

Solitária ( verde, porque preciso ter esperança)

Acrílico sobre madeira 

Artista: Jussara Rocha Souza

terça-feira, 3 de junho de 2025

Coração nas mãos




Caminhava lento,

Carregava nas mãos 

O vento

Louco, diriam

Os que o viam

As mãos em conchas

Guardam sentimentos 

Ali vai seu coração 

Pode parecer absurdo

Invisível aos humanos

Aos cegos, mudos e surdos 

Cansado, desistiu de mostrar sonhos e ilusões 

Estão em sua alma

Louco? Não, opção 

Hoje caminha sozinho 

Passos devagar

E o coração?

Este carrega nas mãos!


Jussara Rocha Souza

Náufrago




Em um mar de tempestades

Náufrago, afoguei-me de saudades

Meu oceano interior

Banhava um coração sofredor

Delicado e frágil 

Sucumbiu a águas turbulentas

Hoje águas mansas o acalenta

Atracado, descansa

Em um cais

Chamado maturidade


Jussara Rocha Souza 


Náufrago 

Acrílico sobre madeira 

Artista: Jussara Rocha Souza

Entardecer

 



Quando a tarde vai embora

Ao longe um coração chora

É a saudade

De alguém que no peito mora

É a lágrima escondida 

Que escapa da alma

E no rosto rola!


Jussara Rocha Souza 


Entardecer

Acrílico sobre madeira 

Artista: Jussara Rocha Souza

Florista

 



Florista, não vendo flores

Vendo sonhos, amores

Cultivo em meu jardim 

Todas as espécies 

Da vida

Fantasia

Alegria

Em meu jardim

Não há dores

Há consolos

Colos

E muita poesia

Um banco enfeitado

De anis

Feliz

Nele sentam enamorados 

Futuro, passado

Há pássaros por toda parte

E repare

Não há só flores

Há sonhos e amores!


Jussara Rocha Souza 


Acrílico sobre madeira

Poeta e a lua

Artista: Jussara Rocha Souza

Dançando na chuva

 Acrílico sobre madeira 

Artista: Jussara Rocha Souza 


Rasgo na alma

 Há um rasgo no meu ser...

Dele não quero esquecer,

É a cicatriz mais bonita que tenho

Da mulher que me tornei sem você!


Jussara Rocha Souza


Fluído




Te guardo na alma

Tal qual chuva calma

Sentimento manso

Depois do tormento, descanso


És a noite estrelada

Em meu céu atrelada

É vida com cheiro de flor

Essência pura do amor


Íntimo, habitas meus cômodos 

Cálido, enraizado é meu olmo 

Sou parte da tua costela 

Sublime, etéreo 


Não sei se sonho ou realidade

Mentira ou verdade

Jardim em flor, alecrim, jasmim

Só sei que vives em mim!


Jussara Rocha Souza

Cores invernais

 Acrílico sobre madeira 

Artista: Jussara Rocha Souza 


Não!!!!!

 NÃO 


Não se é forte o tempo todo, e não tem problema dizer que hoje não posso, não consigo.

Porque a vida nos impõe ser fortes, precisamos trabalhar, educar filhos, ser exemplo, mas não deixar de ser nós mesmos é essencial para continuar a existência.

Eu não quero ser forte o tempo todo, também preciso de colo, também preciso chorar e dizer que eu hoje não posso, não consigo.

Eu cuidei a vida inteira de muitas pessoas e me perdi de mim, fiquei solitária em meio a muita gente, quando não havia mais ninguém para cuidar eu não sabia quem eu era, hoje preciso me encontrar, me descobrir.

Sei que sou capaz mas agora eu não posso, agora eu não quero e para mim dizer não é libertador.

Porque passei a vida toda dizendo sim mesmo quando a alma gritava que era NÃO!


Jussara Rocha Souza


Nasci mãe de mim mesma

 



Ainda busco entender o dia que ele partiu. Não, ele não havia morrido, mas matou muita gente com sua ausência.

Eu não entendia, mas via que minha mãe sofria, via a miséria do dia a dia, a dor e a loucura estampada nos olhos dela. E eu não compreendia como ela não conseguia, queria gritar: levanta, lava este rosto, vai a luta, olha nós estamos aqui, precisamos de você!

Desculpa mãe eu era criança e como tal não imaginava tamanho  sofrimento, mas eu também sofria, fui mãe de meus irmãos aos onze anos de idade, e mesmo inocente envelheci. Hoje já com idade avançada procuro por mim, nasci mãe e não criança, envelheci e ainda procuro por ti!


Jussara Rocha Souza

sábado, 19 de abril de 2025

Sábado de aleluia




Antigamente hoje não tão visto, sábado de aleluia era dia de matar o judas.

Judas seria um boneco com roupas e feições de algum vizinho fofoqueiro, implicante com as crianças da quadra, ou alguém a qual não simpatizava.

Nos dias atuais os judas estão sentados em tribunas, palanques, fazendo comércio nos templos, vendendo a vida humana em troca de dinheiro.

Sim, vendendo a vida humana por interesses próprio, enquanto o povo morre os grandões embolsam o dinheiro da saúde, médicos sem o mínimo de amor ao próximo( tem excessões) que visam só subir na vida, com falcatruas em operações, próteses, vacinas, e tantas coisas mais que ficaria dias escrevendo.

O Judas pode estar aí ao seu lado beijando seu rosto com olho nos seus filhos, nos maridos antes amorosos e que se revelam monstros, ontem foram seis casos de feminicidios no nosso estado.

Judas nunca está muito longe de nós, os encontramos nos lugares em que mais precisamos de apoio, lares, hospitais, igrejas, governantes... Geralmente prometem milagres a vidas desesperadas ou ignorantes roubando não só os bens materiais, mais a fé, sonhos e por fim vidas.

Passamos muitas vezes por Jesus e nem ligamos, e no entanto apertamos a mão do Judas achando que é Jesus.


Jussara Rocha Souza

Sobrevivente




Há dias em que a vida pesa, o passado bate à porta, revira gavetas e faz estragos, rasgos...

Quando criança não entendemos tantas coisas, e no entanto elas vem sendo esclarecidas na maturidade, certezas se desfazem e você se sente traída, envergonhada e magoada. E verás que a vida não se apaga como giz na lousa.

Mas você não tem culpa, sabe que não tem, mas a vida te impõe culpas, dores e tu te sente covarde.

Porque calamos?se o que queremos é gritar, largar tudo e falar o que realmente te faz mal, sim, sou covarde, porque fiquei velha e não há mais forças suficientes para lutar, me acovardei diante da fome, miséria e medos. Todos viram, mas não se importaram, sempre foi assim, hoje andando pelas ruas vejo gente perdida, sem ninguém para se importar também.

Resisto e insisto, mas a dor continua ali, latente, o dedo afundando a ferida e fazendo sangrar. Eu tenho um corpo de carne e osso, um coração ferido e dores a mim atribuídas e não escolhidas.

Então me encolho dentro de mim e deixo a menina interior chorar até cansar, levanto, visto a máscara da vida e sigo em frente.

Tranco a porta, fecho gavetas e brinco de ser feliz, serei atriz? Não, apenas sobrevivendo. 


Jussara Rocha Souza

Valsando ao sabor do vento

 



Nuvens rosáceas bailam pelos céus 

O vento embala as árvores feito carrossel 

Rodopia ao sabor do outono, folhas amarelas

Pintando a vida como aquarelas 

Lá ao longe canta o sabiá 

Canta canções de roda também o piá 

No avarandado a vida bebe nos cabelos grisalhos

O passado visto por olhos nublados

Uma menina dançando com o tempo

Valsando ao sabor do vento!


Jussara Rocha Souza

O amarelo em mim


Acrílico sobre tela



 

Flor noturna

 Acrílico sobre madeira 


O canto do rouxinol

 O canto do rouxinol 



Canta, meu rouxinol

Se és feliz ao cantar

No despedir do sol

Mágico 

Enfeite meu teto 

Por estrelas coberto

E do dia adormeço 

E acordo nos teu braços 

Prisioneira deste canto

Que seduz com maestria

Em noites de lua cheia

Teu canto mágico 

Me incendeia 

Deixe-me tomar

Por inteira

Canta, meu rouxinol

Antes que nasça o sol!


Jussara Rocha Souza

De encontro a teus versos

 De encontro a teus versos


Em meio a tantas vidas

Eu destas repartidas

Fui Machado, João Cabral

Morri de ansiedade em um grenal

E muitas, muitas vezes fui ao meu funeral

Briguei pelo meu latifúndio 

Tal qual Severina 

Mas não havia terra

Era inútil esta guerra

Com Machado fui a fundo

Queria expandir meu mundo

Mas foi Florbela

Que despertou meus versos

De vida e morte

Das paixões e reversos

Morri sim todos dias

De fome, dor e traições 

Não quero deixar de sonhar

Tomara alzheimer não me visitar 

Ainda vivo muitas vidas 

Entre outonos, invernos

Chegadas e partidas 

E amigo poeta

Ainda olho a chuva na janela

E planto girassóis 

A terra já não é tão fértil 

Mas os pensamentos voam

Como borboletas embevecidas 

Embriagadas em minha emoção 

De repente as lágrimas 

Queimam a face como açoite 

Onde estávamos naquela noite?


Jussara Rocha Souza

Sentada no fim do mundo

 Acrílico em tela 



A arte de viver a vida

 A arte de viver a vida


Crônica 


A vida por vezes dói demais, sai do seu eixo, um dia somos jovens, cheios de esperança, agarramos o mundo com as mãos.

Em outras circunstâncias somos velhos e queremos agarrar o mundo com as mãos e não há forças. E então vejo que ficou tanto a fazer, tanto caminho a percorrer, a tão famosa terceira idade está aí para ser vívida, com sua maturidade, conhecimentos e sabedoria, mas muitos já sem forças, com saúde frágil e sem poesia. E não me diga que não se cuidou, que não fez merecer, o tempo e as intempéries sobrevém a todos de uma maneira ou de outra.

Quando jovens achamos que tem tempo para tudo, quando mais velhos percebemos que já não há tempo, seguramos ele com unhas e dentes na esperança de poder ficar mais um pouquinho.

Mas aí eu lembro que não sou eterna, apesar de que gostaria de ser, que o mundo está com excesso de população e que precisamos dar lugar aos que estão por vir.

Não vou dizer que deveria ou não ter feito, sei que fiz o que pude, dei o que de melhor sabia, fui e sou autêntica, e ainda estou aqui, apesar dos pesares.

Já morei numa barraca de lona preta, hoje tenho palácio, já tive fome, hoje tenho banquete, então fui abençoada e saiba que vou continuar querendo agarrar o mundo com as mãos e que esta fome de vida me trouxe até aqui e assim seguirei até partir.


O que te parece o fim é apenas o caminho de volta para o começo!

Viver é uma arte e eu escolhi ser artista.


Jussara Rocha Souza

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Tempo




Dizem que o tempo é implacável 

Insensível 

Passa como o vento

Levando anos a contento

Mas o tempo também nos acaricia 

Curando feridas

Lambendo cicatrizes

Colorindo a dor com seus matizes 

Eu gosto do tempo 

De seus mistérios e sentimentos 

As vezes lento

As vezes vento

Atemporal como a vida

Esta tão sentida

Escorre pelos dedos

Poeira na última eira

Então te faço um pedido 

Seja agora vagaroso

De viver quero o gozo 

Meus cabelos nevados

Precisam de mais um bocado

Para junto contigo

Tempo amigo

Brincar de viver!


Jussara Rocha Souza

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Costurando a alma


Costurava a alma

Devagar, com calma

Pontos fortes 

Pois com sorte 

Não voltaria a rasgar

Mas como a alma ora rasgada

De retalhos desfraldada

Daria a ela a certeza

Nunca mais voltará a amar

Costura, costura...

Nestes pontos a cura

Como dizer não 

A este coração 

Como não querer ser amada

Se depois lhe fosse ceifada 

Costura, costura

Pontos fortes 

Não quero mais a morte

A morte dos sentimentos 

Dos tormentos

De te querer 

E não poder ter!


Jussara Rocha Souza

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Como descrever a dor




Como descrever a dor 

Não há descrição 

Substantivo abstrato

Que destrata o coração 

Que marca como ferro quente

Tatuando a alma

Da morte seu artefato 

Que no silêncio da noite

Julga e condena 

E como açoite 

Lágrimas quentes

Queimam a face

Deixando sulcos 

Profundos 

Como buracos no fundo mar

Fundos e mortais

Arrastando para não voltar mais!


Jussara Rocha Souza

Conspiração do coração




E se eu me apaixonar,

Promete me amar...

Dançar na chuva comigo

Ser meu amor e amigo


Não te prometo amor eterno 

Nem um Smoking ou terno

Prometo risos soltos 

Um amor muito louco


Rolar na grama

Ou na cama

Conversar até cansar

Depois te levo para dançar 


Na verdade nada prometo 

Não gosto de juramentos

Seremos livres um para o outro 

É agora o momento 


Não há passado ou futuro

Se preciso for pulamos o muro

Eu roubo pitangas

E tu me faz um colar de miçangas 


Então seremos nós 

Seremos sós 

Conspira-me o universo

Te amo em meus versos.


Jussara Rocha Souza

domingo, 19 de janeiro de 2025

Meu avô um ser encantado



Uma casinha ao pé da serra,  quando chove tem  cheiro de terra.

Um jardim bem florido, na soleira sentava o menino.

Quando ia na cidade, em tempos de festividade, via árvores coloridas, vitrines bonitas, Papai Noel, quem seria ele, que nunca o visitou, moraria no céu?

A mãe dizia que Papai Noel não sobe a serra, seu trenó encalha na terra, o menino fica triste, mas conformado não insiste.

A mãe para não deixar o filho magoado, explica que Papai Noel é um ser encantado, natal é só contado em contos de fadas e que nunca ninguém viu Papai Noel de verdade.

O avô então pesaroso, resolve fabricar um presente para o neto e na noite de natal, coloca o presente no beiral.

O menino acorda com o barulho, vê o presente, e de soslaio a figura do avô com sua barba e cabelos brancos a se esgueirar por entre o arraial, vovô, Papai Noel, que orgulho! E então feliz da vida, dorme o sono dos inocentes, Papai Noel é um ser encantado e ele é meu avô, eu sou neto de Papai Noel, sim, existe Natal na serra, e eu vivo em um conto de fadas, Deus muito obrigado, sou um menino privilegiado!


Jussara Rocha Souza

Juventude transviada

 



A barriga molhada

No tanque a roupa esfregada

Estava lá e "não" sabia

"Lava roupa todo dia, que agonia!"


Tocava no rádio Luiz Melodia 

Ela cantava, gemia e lavava

A criança agarrada a saia

No berço outro de fome desmaiava


Tresloucada, sorria

A fome, a miséria fazia moradia

Ela lavava, lavava roupas, a alma, as feridas 

Enganando a fome com água da bica 


" Uma mulher não pode vacilar"

Daqui a pouco vai chegar a madame

A moral e bons costumes

A mesma que salgou minha carne

Como charque no cortume 


Hoje a melodia

Despertou a memória 

Olhou suas mãos enrugadas

Lembrou do tanque


O sol nas costas ardia

As mãos sangravam

Uma mulher que ousou sonhar

Lavou no tanque o amar


Hoje sabe que esteve lá 

"Uma mulher não pode vacilar"

Mas pode ser abusada, violada, e calada

Em pesadelos a noite vê sua alma libertada!


Jussara Rocha Souza 


Jussara Rocha Souza

Convite



Te convido a visitar minha alma

Ela tem cheiro de jardins

Respira ar de jasmim

Chá de alecrim

E cidreira para a calma


Aqui tem cicatrizes

Curadas por sol edificante 

Transformei-as em luzes

Desfilam assim brilhantes

Por entre folhas gigantes


Fiz da alma jardim

Com pássaros cantantes

Que aos monstros exterminaram

Quando em trevas me assustavam

Suas melodias os afugentaram 


Sou pura alma

A vestimenta do corpo

Esta não me importa

Sou vestida de essências 

Que inibem as maledicências


Meus antídoto para a dor

Um coração repleto de amor

Um jardim de violetas

Vagalumes e suas luzes

Aqui tudo é tão bonito 


Venha, te convido

A conhecer minha alma

Mas venha sem vestes

Pois a mim ela nada me importa

Também quero conhecer tua alma

Do meu coração a vocês

Abro a porta!


Seja bem vindo

A meu jardim interior!


Jussara Rocha Souza

Pintura em acrílico sobre madeira

Floresceu minha alma!