A arte de viver a vida
Crônica
A vida por vezes dói demais, sai do seu eixo, um dia somos jovens, cheios de esperança, agarramos o mundo com as mãos.
Em outras circunstâncias somos velhos e queremos agarrar o mundo com as mãos e não há forças. E então vejo que ficou tanto a fazer, tanto caminho a percorrer, a tão famosa terceira idade está aí para ser vívida, com sua maturidade, conhecimentos e sabedoria, mas muitos já sem forças, com saúde frágil e sem poesia. E não me diga que não se cuidou, que não fez merecer, o tempo e as intempéries sobrevém a todos de uma maneira ou de outra.
Quando jovens achamos que tem tempo para tudo, quando mais velhos percebemos que já não há tempo, seguramos ele com unhas e dentes na esperança de poder ficar mais um pouquinho.
Mas aí eu lembro que não sou eterna, apesar de que gostaria de ser, que o mundo está com excesso de população e que precisamos dar lugar aos que estão por vir.
Não vou dizer que deveria ou não ter feito, sei que fiz o que pude, dei o que de melhor sabia, fui e sou autêntica, e ainda estou aqui, apesar dos pesares.
Já morei numa barraca de lona preta, hoje tenho palácio, já tive fome, hoje tenho banquete, então fui abençoada e saiba que vou continuar querendo agarrar o mundo com as mãos e que esta fome de vida me trouxe até aqui e assim seguirei até partir.
O que te parece o fim é apenas o caminho de volta para o começo!
Viver é uma arte e eu escolhi ser artista.
Jussara Rocha Souza