domingo, 30 de junho de 2019

Um colóquio entre eu e o tempo

Puxei a cadeira do tempo, e tivemos um colóquio daqueles que não pode haver mentiras.
Falei da velhice que já se achegava, lembrei dos que partiram, coloquei em dia memórias e histórias que nem lembrava que ainda sabia.
Abri o álbum do coração e nele estavam meus pais, primos e irmãos, amigos que por aqui já passaram, que aqui ficaram e outros que o tempo levou e o coração guardou.
Realmente conversar com o senhor tempo trás muitas lembranças, sorrisos, lágrimas e aquele amor de infância, quem não teve seu primeiro amor?
Cheguei bem ao pé do ouvido e murmurei aquele segredo que foi por ele mantido, o tempo companheiro, curador de tantas dores, o tempo implacável, memorável, justificável, será?
Mas voltamos ao colóquio,  pedi ao tempo que maneirasse no frio, pois meus ossos se fazem arredio e assim como meus cabelos os campos branquearam de neve e minhas mãos já não mais escrevem.
Meu pedido feito, o tempo me olha meio contra feito, mas promete ir devagar, para que dele eu possa muita conversa ainda escutar.
Jussara Rocha Souza.

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