sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Cidade fantasma



Zumbis andam de um lado para o outro, ávidos, reviram lixeiras, esmolam em sinaleiras, cada um a sua maneira.
Há muito a cidade perdeu o colorido, o alarido das compras natalinas, virou pedido de socorro de um povo acuado sem ter a quem recorrer.
 Virou cidade fantasma habitada por seres sem vidas que populão nossas ruas buscando suprir o vício das drogas,  chefes de família sem família, desempregados, desabrigados, sem teto, sem chão.
As luzes de Natal iluminam as praças a noite, com seus assaltos, pobreza, prostituição,  descaso com a população.
Em nossa cidade fantasma, somos todos invisíveis,  não há salários,  não há segurança,  hospitais fantasmas exibem mortos à sua porta, morreram esperando atendimento,  _É só mais um momento,  não há médico,  busque o posto de seu bairro, sinto muito senhora, não deu tempo.
O medo impera, quem é o estranho na esquina, só tem nove anos a menina, mas cuidado, ela pode ser armadilha. Não há amigos verdadeiros em meio a tanto desespero.
Abutres sentados em cadeiras de edis roubam até nossa última cicatriz.
Na cidade fantasma, a escola ficou vazia, os mestres sucumbiram à depressão, omissão, agressão,  falta de salários,  falta de consideração. Um lugar onde não existe professores não existe educação,  a humanidade caminha para a destruição.
Gritos, corre, corre, sangue na calçada,  burburinhos,  tinha ficha criminal? Pegou celular? Filma, filma.
A mãe chora agarrada ao corpo, uns dizem bem feito, menos um, começa uma nova discussão.  Chega a polícia,  será policial de verdade? A delegacia foi assaltada, polícia ou ladrão,  cada um com sua versão.
E eu fico a me questionar, serei eu omisso? Falhei como cidadão em meu compromisso? Qual será a solução? Política tenho aversão, decepção, corrupção,  são tantos ãos que só geram algemas em nossas mãos.
Mas preciso reavivar minha cidade fantasma, tirar do marasmo que se condicionou, não quero morrer sem opção,  precisamos acender as luzes da sabedoria e voltar a ter alegria.

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