segunda-feira, 30 de março de 2020

Silêncio

São pequenas peculiaridades
Que hoje já sinto saudades
O barulho da máquina de costura
Que ouvia da minha cozinha
No andar de cima da vizinha

O alarido na porta da escola
Na calçada o estalar das solas
De repente tudo entristeceu
Haja visto que o homem nada aprendeu
Esmoreceu

Por detrás da vidraça
Vejo a vida que passa
Parece fazer pirraça
Junto ao tempo se espreguiça
 Desgraça

Fica apenas o silêncio da rua
Que se mostra nua e crua
Zumbis desfilam em busca de tudo
O medo ronda mesmo mudo
Absurdo

Tem algo pairando no ar
Como se a morte estivesse a espreitar
Fosse hoje o cordeiro de ontem imolado
O sangue no portal marcado
O isolado

Pobre ser humano
Megalômano
Trava luta com o medo
Que o mata mais rápido
Que o seu vil egoísmo

Nenhum comentário:

Postar um comentário