segunda-feira, 1 de abril de 2024

Silêncio.




Silêncio, hoje enterro a pureza de uma criança, a ingenuidade de uma menina, os sonhos de um guri, silêncio, escuta meu choro, o choro de uma criança abusada por esta sociedade tão certinha e imaculada.

Hoje guardo minha voz, em luto ofereço meu silêncio.

Por todas as crianças, homens e mulheres, vítimas de uma sociedade preconceituosa, abusiva e cruel.

Onde o apontar de dedos é mais conveniente e confortável do que o amor ao próximo.

Estou em luto por tantas crianças abandonadas à própria sorte, não por pais irresponsáveis, mas sim pela falta de creches, por falta de apoio familiar, por falta de tanta coisa que aqui não consigo relatar.

Mães que fazem jornada de dupla e que não têm com quem deixar seus filhos, não há creche para todos, irmãos cuidam dos irmãos para que os pais trabalhem, mas se fazem arte ou bagunça, vizinhos denunciam e o conselho tutelar os leva embora.

É tudo muito difícil, são uma moeda e dois lados, a necessidade e o que é certo e errado.

Estou de luto por minhas crianças que muito cedo deixam de ser crianças, que vivem no limiar da infância e do mundo adulto, convivendo muitas vezes com abusos, álcool, drogas, achando que aquele mundo é o normal.

Crianças desrespeitadas por outras crianças, também desrespeitadas por adultos perversos, pedófilos, tarados que usam a necessidade da fome e miséria para fazer o abuso.

Estou em silêncio de dor porque não consigo mais viver vendo 'minhas' crianças sofrerem tanto, que adultos eles serão amanhã? Será que terão amanhã?

E você que cala, consente, você não vê, não sente?


Jussara Rocha Souza.

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