O mundo visto e revisto através do leitor, criando sonhos e realidades. Venha participar deste mundo, lendo meus artigos. Seja bem vindo!
quinta-feira, 27 de junho de 2024
segunda-feira, 24 de junho de 2024
Esquina da Misericórdia
Esta tristeza no olhar
Vazante de um rio correndo para o mar
Foi ali na esquina da Misericórdia
Diante de tua covardia
Que ela o viu partir
O cargueiro no horizonte a sumir
Então escondida
De ti tão sofrida
Agarrada na pilastra
Chorando a vida madrasta
De bucho cheio
E o pai no estrangeiro
A noite no cais
Bebe, para esquecer os ais
A vida precisa ser feita
O 'mal' desfeito
Engole o tal amargo
Revirando o âmago
O sangue brota revindicando
A vida a terra misturando
Lança um último olhar ao mar
As lágrimas a brotar
Foi melhor assim
Diz para si a infeliz
Arregaça a saia
Deixa que a coxa sobressaia
A esquina a espera
Engole o choro e com sangue a vida tempera!
Jussara Rocha Souza
Ser de luz
Poema em homenagem a minha prima Tânia Rocha.
Olha o trem
Ele todos dias passa por aqui
Trás velhos e novos passageiros
São eles mensageiros
Vem trazer conhecimento
Descobrimento
Consolo aos oprimidos
Vida aos desiludidos
Talvez você não saiba
Mas fostes capacitada
Para estar no trem
E ser mensageira do bem
A bagagem por vezes pesa
Mas o coração suporta com leveza
Porque és ser de luz
E a tua mão é Deus quem conduz!
Com amor da prima irmã Jussara Rocha Souza
segunda-feira, 17 de junho de 2024
Viagem
Quando despertas
Em mim despertas vida
Esta por vezes alegre
Outras doridos
São fragmentos
Pedras de assento
Neste trem em movimento
Desde o nascimento
Mas tu a mim tocaste
Com notas suaves
Aquelas a quais cantasse
Canções inimagináveis
Frutos do espírito
Aqui vim fazer a viagem
Deixo para o infinito
Minha vaga passagem
Pra você meu querido amigo Paulo!
Jussara Rocha Souza
Almas desnudas
A noite escura me entristece
Saio a sua procura
Te encontro em meus devaneios
Nos beijos que não dei
Em desejos que não saciei
Olho ao longe
Onde será que se esconde
Embora saiba a resposta
No outro lado da cidade
É lá que mora minha insanidade
Lá o amor tem gosto de felicidade
Gosto de fruta madura
De algodão doce
Hum!!! Que doçura
Do outro lado da cidade
Reside meus pensamentos
Também mora lá meus sentimentos
Em um jardim de flores miúdas
Paixões graúdas
E almas desnudas!
Jussara Rocha Souza
Bilhete
Comprei um Martini, separei duas taças, estou esperando você.
Arrumei um vaso bem bonito de flores, todas muito coloridas e lindas.
Quando chegares escolhes a música, hoje quero dançar contigo.
Vou esperar tua resposta, você vem?
BEIJOS AMOR 'MEU"
Jussara Rocha Souza
sexta-feira, 14 de junho de 2024
Enchente
Ser poeta, não precisa ter rosto ou corpo...
Ser poeta é ter alma, essência!
O mar e os seus segredos, mistérios
Carrega dores, amores, histórias a contar
Respeite o mar, ele tudo pode
Nós somos apenas náufragos a vagar
Nestes dias de enchentes no nosso Estado, o mar não cantava canções de ninar, ou embalava casais de namorados.
Ele vinha destruidor, trazia dor e luto!
Eu amo o mar e as suas belezas, mas tenho temor também!
Pensem bem antes de agredirem a natureza, ela tem sentimentos e já deu prova disto!
Estrangeiro
Notícias nos jornais
Páginas diarias
Um café quente
E você na mente
Corro até o ponto de ônibus
Talvez em um cruzamento (Ipiranga com São João)
Por um momento
Eu esbarre em você
Fingindo que nem te vejo
Por dentro sorrio
Como sorri o rio
Fugindo mansamente
Em direção ao poente
Devaneios de um estrangeiro
Perdido nesta cidade
Sem rosto ou identidade
Um dia eu vou voltar
E no meu Guaíba vou navegar
E no meu vôo cantar
Uma canção do Humberto
Me lambuzar de saudade
Desta minha mocidade!
Jussara Rocha Souza
Nas bandas de lá
Eu gosto de flores
Cores e amores
Gosto de olhos nos olhos
Mas diante de ti me recolho
É que és meu segredo
O príncipe do meu enredo
O amante mais sedutor
De meus delírios de amor
Vives preso em minha memória
Parte de minha estória
Contada ao pé do ouvido
Por um anjo atrevido
Meu amor mora nas bandas de lá
Do outro lado do mar
Me canta poesias
Me encanta com melodias
Vive em minha solidão
Dentro de um álbum de recordação
Com fotos amareladas
E declarações apaixonadas!
Meu amor mora na eternidade
E eu sou namorada da saudade
Jussara Rocha Souza
Crônica do entardecer
A idade e o direito de ser quem você quiser ser(crônica)
Estou envelhecendo, e daí? Nem todos envelhecem, não diga também que envelhecer é maravilhoso, pelo lado de estar viva, sim, mas há condições muito triste na velhice.
Escolher viver bem quando se fica idoso nem sempre é possível, seja por problemas de saúde, financeiros ou mentais. Mas enquanto eles não chegam o melhor é prevenir, buscar viver da melhor maneira possível a idade.
A velhice é assunto complicado, controverso e tem muito de ilusões, pode-se ser feliz na velhice? Sim e deve, mas falar é fácil e cada um sabe onde o calo aperta. A idade e seus desafios e a vida por um fio, uns encaram como calma para outros é trauma!
Uns falam: _ Está colhendo os frutos da juventude, ou então, não se cuidou, foi ruim, não foi bom filho ou bons pais e por aí vai...
Cada um com suas estórias, suas dores e viveres, eu por aqui continuo colhendo, plantando e tentando arrumar um jeito de viver " a melhor idade" da melhor forma possível.
Tenha fé, mantenha-se ativo nos afazeres e na mente, sonhe, dance, não tenha medo da morte ela sobrevém a todos, não seja velho resmungão ou maçante, ninguém tem culpa da tua idade, ele também terá um dia e tomara lembrar você como um idoso jovem muito 'louco!'
O corpo envelhece a alma não, estes dias vi Flávia Alessandra falando sobre a idade e faço uso das palavras dela.
" Faço como Dorian Gray em seu livro O retrato de Dorian Gray, deixo meu rosto envelhecer no espelho do porão"
Eu por aqui, deixo a alma transparecer e continuo bela e feliz!
Jussara Rocha Souza
Seres encantados
Dizem que poetas não morrem eles se tornam seres encantados
Quando eu morrer, e espero que demore, quero sim ser um ser encantado.
Quero carregar lampiões pelas noites escuras, iluminar aqueles que vivem na escuridão.
E como um ser encantado poder encantar a vida daqueles que sofrem, por abusos, fome, miséria de amor e de recursos. Levar paz onde existe guerra, flores no deserto e renascer aos que morreram mesmo estando vivos. Utopia, sim, mas é o que desejo.
Quero fazer tantas coisas, puder executar minha poesia em atos, iluminar o mundo, ditar aos amantes palavras de amor ao seu ouvido, quero levar o amor, ilusões, paixões e muita fé.
Humanizar os homens, mostrar que há esperança, tento fazê-lo diariamente em minhas escritas, mas não sou ouvida.
Quando eu morrer e virar um ser encantado quero encantar o mundo, será que seres encantados plantam flores? Se plantarem, vou colorir ruas, cidades com muitas flores, irei rabiscar muros com frases de amor e pinturas alegres. O vento cantará canções em forma de poesia, o orvalho será lágrimas de um poeta solitário e a chuva irá brotar minhas sementes trazendo cor ao cinza deste mundo!
E quanto a você ao abrir sua casa e tiver desabrochando uma nova flor ou ver uma frase escrita em seu banco de jardim, então saberás: aqui passou um poeta encantado!
Jussara Rocha Souza
terça-feira, 4 de junho de 2024
Solilóquio
Penso em
mim
penso em Virginia
Desde a madrugada
até o dia
dizem que somos loucas
mas como nós são poucas
temos ânsia deste viver
tanto como morrer
meus pensamentos
estes mais íntimo
guardados, ressentidos
exponho nas linhas escritas(em pilhas de papéis rasgados)
tenho acordado a madrugada
de nada tenho me alimentado(alimento-me de angústias)
vejo no dia que amanhece
a noite que me persegue (fantasmas, vozes falam comigo)
sou tão fraca
todos pensam que sou forte
não vejo um norte
tenho medo da noite(do escuro, das sombras)
Estas me amedrontam
tenho medo de mim
de meus sentimentos
de meus pensamentos
tenho medo do que sou(aliás sempre tive)
Quem é verdadeiramente sincero
polido, com esmero(mentirosos)
guardam crueldades(dentro de si)
donos da vida e morte( julgadores)
Virginia me intriga
instiga
rouba minha loucura
não sei se depois dela
terei cura!
Jussara Rocha Souza
domingo, 2 de junho de 2024
Rua da Praia
Quando desço a ladeira
Lembro do pé de videira
Das uvas roubadas
Das calças desbotadas
O perfume do manacá
A blusa desabotoada
O brinco na gola enroscada
O desejo e a emboscada
Bebo o amargo gosto
Do gosto daquele dia
A fina meia
Que rápida descia
Não sabia da cilada
Que tua boca oferecia
Do vivo batom carmim
Do sangue que ora escorre em mim
São fatos
Em pasta esquecida
Fotografia amarelada
Nas folhas do Pasquim
Ladeira esquina da Praia
Teu sangue manchou minha saia!
Jussara Rocha Souza
sábado, 1 de junho de 2024
Aquilo que guardo em mim
Um dia talvez eu volte
conto só com a sorte
ao longe a plantação de trigo
aqui o som dos trilhos
não prometi voltar
pois não a quero a esperar
talvez volte um corpo
talvez nem corpo tenha o morto
levo a imagem dela
cabelos revoltos na janela
a mala não foi feita
bagagem só da alma desfeita
na memória a canção (alucinação)
amor feito com necessidade e loucura
com gosto de despedida
sem rosto, promessa ou vida
coloco o disco na vitrola(que canta minha revolta)
o fumo, os dedos enrola
na fumaça vejo teu rosto
que sorvo com rosto
ainda te espero
ainda te quero
na rua da Consolação
ficou perdido meu coração
Preparo um gim
E bebo tudo aquilo que guardo em mim!
Jussara Rocha Souza