segunda-feira, 24 de junho de 2024

Esquina da Misericórdia


 


Esta tristeza no olhar

Vazante de um rio correndo para o mar

Foi ali na esquina da Misericórdia 

Diante de tua covardia


Que ela o viu partir 

O cargueiro no horizonte a sumir

Então escondida

De ti tão sofrida 


Agarrada na pilastra 

Chorando a vida madrasta

De bucho cheio

E o pai no estrangeiro 


A noite no cais

Bebe, para esquecer os ais

A vida precisa ser feita

O 'mal' desfeito


Engole o tal amargo 

Revirando o âmago 

O sangue brota revindicando 

A vida a terra misturando


Lança um último olhar ao mar

As lágrimas a brotar

Foi melhor assim

Diz para si a infeliz


Arregaça a saia

Deixa que a coxa sobressaia

A esquina a espera

Engole o choro e com sangue a vida tempera!


Jussara Rocha Souza

Nenhum comentário:

Postar um comentário