Versos íntimos
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Augusto dos Anjos
Meus versos íntimos
É Augusto, teus versos íntimos
Hoje também são meus
Carregam a dor triste do adeus
Quando lágrimas "sentidas"
A beira do túmulo são derramadas
Por cínicos de forma descarada
Quando em vida
Afundaram o dedo em tuas feridas
Hoje te beijam a testa
Em despedida
É Agusto, nossos versos não são bonitos
É agonia, é grito
Desvelam a alma recôndita
Que a muitos ferem e escondem
Hoje teus versos íntimos
São meus
Jussara Rocha Souza
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