terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Meus versos íntimos

 Versos íntimos 


Vês! Ninguém assistiu ao formidável

Enterro de tua última quimera.

Somente a Ingratidão – esta pantera –

Foi tua companheira inseparável!


Acostuma-te à lama que te espera!

O Homem, que, nesta terra miserável,

Mora entre feras, sente inevitável

Necessidade de também ser fera.


Toma um fósforo. Acende teu cigarro!

O beijo, amigo, é a véspera do escarro,

A mão que afaga é a mesma que apedreja.


Se a alguém causa inda pena a tua chaga,

Apedreja essa mão vil que te afaga,

Escarra nessa boca que te beija!


Augusto dos Anjos


Meus versos íntimos 


É Augusto, teus versos íntimos 

Hoje também são meus

Carregam a dor triste do adeus

Quando lágrimas "sentidas"

A beira do túmulo são derramadas

Por cínicos de forma descarada

Quando em vida

Afundaram o dedo em tuas feridas

Hoje te beijam a testa

Em despedida

É  Agusto, nossos versos não são bonitos

É agonia, é  grito

Desvelam a alma recôndita 

Que a muitos ferem e escondem

Hoje teus versos íntimos 

São meus


Jussara Rocha Souza 


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