segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

O silêncio dos inocentes

 


 


Estou perdendo a voz, não porque emudeci ou esteja com problemas nas cordas vocais.

Não tenho mais vontade de falar, cansei de bater todos dias na mesma tecla. Vivo em um mundo só meu, vivo de pensamentos, vivo o silêncio dos inocentes. 

Você não consegue mudar o que não pode ou não quer ser mudado, muitos me dizem é da natureza humana ser assim, mas eu não aceito.

Meu silêncio toca aquele que não pode falar, que foi calado a ferro, aquele que é ferido por ter menos, por não poder se manifestar por falta de tudo neste mundo desumano de dedos apontados, cruéis e falsos.

Sufoco este grito no peito, porque fui sujeitada a ele, não porque concordei ou desisti. Você talvez diga que covardia calar, covarde é aquele que nunca lutou, aquele que deu seus pensamentos em troca de favores.

Depois de muito lutar, de gritar tanto a ponto de morrer descobri que meu poder do silêncio não me deixaria abandonar a luta.

Sim, o silêncio que me acolhe, me acalma e me faz refletir. O silêncio que fiz por protesto tornou- se meu companheiro e conselheiro, estou perdendo a voz, porque quis calar, porque palavras doem e não podem ser voltada atrás. 

Muitas vezes as palavras maldosas mataram corações cheios de sonhos, hoje calo, porque ainda me restam esperanças. 

Hoje calo e falo com o olhar de quem tudo viu, sofreu e foi coagida a calar, meus olhos são minhas armas, meu sorriso o agradecimento de conseguir um auto conhecimento, minhas lágrimas de dor por um mundo muito cruel onde tudo é material. Não há covardia no meu calar, há cantos entoados carregados de sentimentos. 

Sei dar voz a mim e nela estão minhas letras, rosas, fragrância e atitudes que mesmo  caladas podem mudar o mundo.

Não se deixe contaminar, aja, o silêncio pode ser a resposta do seu coração dizendo ao mal NÃO. 

Senhora Smith

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