Sentou na cama e sentiu o ar gelado da manhã. Da janela vinha o canto dos pássaros e o aroma das flores do jardim.
A vida não tinha lhe dito palavras doces, mas não lhe tirou a sensibilidade de apreciar as coisas bonitas do mundo.
Arriscou uma canção, a voz já não tão forte denotava que a idade já lhe era avançada, serviu uma xícara de café e sorveu os goles tentando absorver o máximo do prazer da bebida.
Foi até a soleira da porta, esticou o corpo e deu o rosto já repleto de vincos para o sol beijar, ficou ali recebendo o carinho dos raios de sol, faz tanto tempo que não recebe um afago de alguém.
Fecha os olhos e lembra dos tempos de juventude, queria agarrar o mundo com as mãos, como saber o futuro, como parar os desejos, aventuras. Sorri, lembrando alguém mais especial, toca os vincos do rosto e uma lágrima lhe cai.
Volta até o quarto, coloca uma música na velha vitrola, convida seu amor para dançar e ao som de uma antiga canção romântica rodopia pelo quarto a bailar.
E então abraçado em seus próprios braços se põe a chorar.
Jussara Rocha Souza
Nenhum comentário:
Postar um comentário