terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Quanto a ser rara

 



Um dia o amor passou por aqui, fez morada, deu risada, e depois partiu.

Chegou avassalador, roubou vidas, memórias, fez abalos e estragos inigualáveis, fez amor, era amor, era dor...

Doía na mesma proporção que dava alegria, era temporal e no mesmo instante calmaria, sol. Aquietava a alma, acelerava o coração e amava com tal sofreguidão que ao gozar era tanta felicidade que pedia perdão. Perdão por não conseguir conceber que outros seres não tinham conhecido um amor assim, se sentia única, envergonhava-se de sentir tesão, plena, absoluta.

Arrependida, nunca, deixou marcas, cicatrizes fundas, mas quem disse que gosto de coisas rasas.  

Cicatrizes não são somente de dores, são marcas de alguém que te marcou tanto que as tatuou para sempre na pele e na alma.

Hoje sou calmaria, com resquícios de ventania, saudades de felicidades, não consigo ser rasa, apenas gosto de ser rara!


Jussara Rocha Souza 


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