quarta-feira, 22 de maio de 2019

Queria poder te ter comigo


Eis que caminho pelas ruas, o vento cortante faz com que me sinta nu.
Vejo prédios abandonados, vejo pessoas abandonadas, animais abandonados,
É tanto abandono, na calçada gelada entre um trago e outro da marvada, homem e cão dividem o mesmo chão de papelão.
Histórias contadas em meio a emoção, penso se real ou ficção, cada um com sua dor, sua decepção.
E eu com meu coração apertado me sinto culpado por ter um teto, por ter reclamado, por ter sido ingrato.
Vidas que se perderam em uma esquina qualquer deste mundo, gente que quer encontrar gente, gente que quer se esconder eternamente, gente que nem sabe que é gente, gente do submundo, imundo, cruel, desumano.
Queria poder te ter comigo, ser teu abrigo, mas tenho medo, somos mesquinhos.
Envergonhado volto para casa me sentindo infeliz, incapaz, impotente, me vejo em meio a uma sociedade doente, de afeto, compaixão.
Todos deveriam ter um teto para lhes abrigar, dobro meus joelhos e a Ele peço
perdão.

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